Depois de engordar nos últimos anos, com a ascensão social das camadas mais pobres da população, a classe C parou de crescer em 2008, segundo estudo da Cetelem, financeira do grupo francês BNP Paribas, em conjunto com o Instituto Ipsos. "Trata-se da consolidação da classe C como principal faixa da população brasileira. É um processo natural. Após o crescimento forte há um período de estabilidade", diz Marcos Etchegoyen, vice-presidente do Cetelem, que não atribui diretamente esse resultado à crise econômica iniciada em setembro do ano passado. "Em algum momento a classe C iria parar de crescer", diz.
Segundo a pesquisa, a classe C fechou 2008 com 45% da população brasileira, ou cerca de 84,6 milhões de pessoas. O número é próximo ao registrado em 2007, quando esse grupo tinha 46% da população (86,2 milhões de pessoas).
No ano passado, porém, houve uma migração de 1,6 milhão de pessoas para as faixas D e E. Em 2008, essas duas classes somavam 40% da população, ou cerca de 75,8 milhões de pessoas. Em 2007, o grupo representava 3 milhões de pessoas a menos.
Critério diferente
A Cetelem usa critérios diferentes dos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para definir as escalas sociais. Os conceitos de classe social empregados na pesquisa são os definidos pelo Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB), que estima o poder de compra dos indivíduos e famílias urbanas e é fornecido pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep). Segundo esse metodologia, a classes são divididas por renda familiar com ganho médio mensal de R$ 2.586 (classes A e B), R$ 1.201 (classe C) e R$ 650 (classes D e E).
Mudança no consumo
Na média, a renda familiar no Brasil alcançou R$ 1.162 em 2008, contra R$ 1.047 em 2007. Apesar dos ganhos, no entanto, houve mudanças no comportamento do consumidor. A pesquisa, que foi realizada em dezembro do ano passado, mostra que a intenção de compra de celular entre as famílias foi reduzida de 24% para 21%, e de computador de 20% para 17% entre 2007 e 2008. "Em um momento de crise, o consumidor tende a postergar a compra, com receio de perder o emprego ou a renda", afirma Etchegoyen. Para o professor de pós-graduação em planejamento estratégico do FAE Centro Universitário, José Eduardo Nasser, no entanto, o ânimo do consumidor tem sido favorecido pela retomada do crédito e as desonerações concedidas pelo governo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, eletrodomésticos de linha branca e material de construção. (CR)
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