• Carregando...
Tomate, o grande vilão: legume sensível ao frio e à seca subiu 26,4% em agosto | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Tomate, o grande vilão: legume sensível ao frio e à seca subiu 26,4% em agosto| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Comida

Alimentação fora de casa sobe 1,69%

Outro item que vem pressionando a inflação de Curitiba há vários meses é a alimentação fora de casa. Enquanto a média nacional ficou em 0,85% em agosto, Curitiba registrou aumento de 1,69%, o maior entre as 11 capitais analisadas. A variação já chega a 6,04% no ano e a 10,83% em doze meses. Sandro Silva, do dieese, atribuiu os reajustes ao bom momento do setor de serviços na região de Curitiba, reflexo também da baixa taxa de desemprego. "Mesmo com a retração do preço dos alimentos, dificilmente restaurantes e lanchonetes promovem reduções de preço".

Pressionado pelo reajuste dos alimentos e dos remédios, o Índice de Preços ao Con­­sumidor Amplo (IPCA) de Curitiba e região metropolitana acelerou 0,58% em agosto, registrando a terceira maior alta entre as 11 capitais pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atrás de Belém (0,72%) e Fortaleza (0,66%) apenas. A capital acumula variação 3,02% no ano e de 5,22% em doze meses. Na comparação com o restante do país, mais uma vez Curitiba superou o índice médio nacional, que fechou o mês em 0,41%.

Em Curitiba, o maior impacto nos preços em relação a julho (0,36%) veio dos itens que compõem os grupos de Alimentação (1,30%) e Saúde e Cuidados Pessoais (1,02%). Em 12 meses a variação desses dois grupos foi de 9,81% e 6,05% respectivamente. No grupo da saúde, a alta de preços foi impulsionada pelo reajuste dos remédios, que subiram 2,06% em agosto, ficando bem acima da média nacional (0,48%) e das demais capitais.

Embora tenha crescido menos que nos meses anteriores, o grupo das Despesas Pessoais subiu 0,71% em Curitiba e região e ficou acima da inflação nacional (0,42%), impulsionado pelos reajustes em serviços como manicure, empregada doméstica, costureira e cabeleireiro. No ano, a variação chega a 7,45%.

No grupo Alimentação, Curitiba foi a capital que apresentou o maior reajuste no preço dos alimentos (1,30%), depois de Fortaleza (1,36%). Ambas as capitais superaram o índice nacional (0,88%). Na lista de itens que ficaram mais caros estão o tomate (26,4%), feijão preto (3,62%), farinha de trigo (3,81%) e o grupo das carnes (1,04%), com destaque para o contrafilé (6,11%) e para o frango em pedaços (6,84%).

Para o economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e estudos Sócio-econômicos (Dieese), a explicação para o aumento do preço dos alimentos vem das condições climáticas adversas que impactaram importantes regiões produtivas do país e reduziram substancialmente a oferta de alguns produtos. "De forma geral, o custo da alimentação subiu no país inteiro, mas Curitiba é bastante suscetível ao clima". Além disso, ele destaca a grande demanda do mercado internacional pelos produtos brasileiros, apesar da produção agrícola menor neste ano.

Na análise do economista-chefe da Concórdia Corretora, Flávio Combat, o choque de oferta internacional teve início em junho, quando começaram a aparecer os primeiros sinais da quebra de safra, principalmente de grãos, em países que são grandes fornecedores para o mercado mundial, como Estados Unidos e Rússia. "Com a expectativa de uma colheita doméstica melhor no segundo semestre deste ano, os preços das commodities agrícolas tendem a permanecer elevados no mercado internacional, pressionando ainda mais a inflação", destaca a análise. Para setembro, a projeção da Concórdia é de nova pressão dos alimentos sobre a inflação, mesmo com uma possível desaceleração dos preços. O impacto do aumento do preço dos grãos deverá ser maior na cadeia produtiva de carnes.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]