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No momento por que o Brasil passa, não há como separar a economia da política. E a política se conecta à Operação Lava Jato e outros casos que estão nas mãos da Justiça. Das ações da Petrobras às taxas de juros, do risco Brasil às alíquotas de impostos que incidem sobre as aplicações, tudo o que se refere ao seu dinheiro depende, em maior ou menor grau, do sucesso das investigações. Porque ninguém, eleitor ou investidor, quer a manutenção da bandalheira.

Nesse contexto, é interessante perceber que as investigações têm sido vítimas de uma questão semântica, que se cristalizou na reação da presidente Dilma ao ver seu governo citado nos depoimentos de pessoas que concordaram em colaborar com a Justiça: “Não confio em delatores”.

Na Itália, instrumento semelhante foi usado contra terroristas, mafiosos e corruptos. Lá, os membros de organizações criminosas que aceitavam cooperar com as autoridades eram chamados de pentiti – ou seja, “arrependidos”. Aqui, mecanismo equivalente foi apelidado de “delação premiada”. Aqueles que a ele aderem são, portanto, delatores.

Lidamos aqui com imagens que estão no nosso imaginário. Arquétipos, diriam os pedantes. Um delator age na surdina, muitas vezes é um traidor. A presidente não gosta de traidores, e isso faz sentido. Uma pessoa arrependida, em tese, percebeu seus erros (ou foi flagrada neles) e decidiu mudar sua trajetória. Talvez porque tenha tido uma epifania, um encontro sobrenatural decisivo em sua trajetória. Talvez porque não veja outra saída para salvar sua pele. Em qualquer caso, o arrependido vem a público confessar e reparar suas falhas.

Quais são os seus?

Não é preciso ser mafioso para ter arrependimentos. Todos temos os nossos e eles com frequência afloram nesta época, quando trazemos à memória os bons e os maus dias do ano que está prestes a se encerrar. Quem está endividado arrepende-se – imagino – de algumas das contas que fez. Outras pessoas devem estar arrependidas de coisas que disseram ou da forma como agiram em alguma situação. Olhando para trás, pode até parecer grave demais. Imperdoável. Impossível de corrigir.

Não é verdade. Esta época também nos lembra que houve alguém que veio ao mundo pregando o arrependimento como algo necessário – “Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto!”, dizia ele, Jesus Cristo. Ele provou, mediante seu nascimento, vida, morte e ressurreição, que todos têm direito uma segunda chance.

Feliz Natal.

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