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Quem acompanha o noticiário econômico deve estar por dentro da alta dos preços administrados. Quem não está acompanhando deveria, porque essa é uma questão que trará consequências importantes para o país, em geral, e para os seus investimentos também. Para quem não sabe do que se trata, segue um breve resumo:

1) Preços administrados são aqueles cuja variação depende de alguma instância de governo. As tarifas de energia e telefonia, por exemplo, são preços administrados. A passagem de ônibus também. Não são serviços ofertados pelos governos, mas por empresas autorizadas ou concessionárias. Os aumentos de tarifas dependem de autorização do poder público. O combustível também é um preço administrado, porque depende basicamente de uma empresa estatal (a Petrobras) e o governo costuma “operar” no preço, elevando e baixando alíquotas de imposto para manter mais ou menos estável o valor pago pelo consumidor, mesmo com a flutuação do petróleo no mercado internacional;

2) Concessionária nenhuma quer perder dinheiro em sua operação. Por isso, seus contratos com os governos costumam prever reajustes anuais iguais à inflação ou algum índice setorial equivalente. Além disso, os contratos incluem compensação por custos específicos de operação. Há influência também do câmbio, em especial na energia e nos combustíveis;

3) Só neste ano (de janeiro a maio), os preços administrados já subiram 10,66%, em média. O que mais pesa é a energia elétrica, cuja alta acumula 41,94% neste ano no país, de acordo com os dados levantados pelo IBGE para o IPCA. Curitiba, lidera essa alta, com 49,81% neste ano e 85,5% nos últimos 12 meses;

4) O relatório Focus, do Banco Central, apontou na segunda-feira que as áreas de pesquisa econômica de bancos e consultorias esperam que 2015 feche com alta de 14% nos preços administrados.

Em consequência disso, já se sabe que a inflação deste ano será maior do que se esperava. Isso é mau. É mau porque a inflação corrói a renda dos mais pobres, arrasando com o aumento da renda disponível que foi o combustível para o crescimento econômico da década passada. Com menos renda disponível, a retomada do crescimento vai ficar mais difícil e mais lenta. Mais ainda: o remédio usado pelo Banco Central para conter a inflação é o aumento de juros, e os juros altos matam a inflação asfixiada justamente porque contêm o crescimento econômico.

De 2015, em termos econômicos, já não se esperava muito. Este ano seria uma ponte, um período ruim que teríamos de atravessar para chegar a um 2016 melhor. É esse 2016 melhor que está em jogo agora. Já não será mais tão melhor.

Nesse ambiente, é importante manter uma reserva para emergências. Quem é profissional liberal ou depende de comissões (vendedores, representantes comerciais), ou ainda trabalha no comércio, precisa dela mais do que nunca.

Vem mais

Semana que vem (dia 24) deve entrar em vigor um novo aumento de preço na tarifa de energia. Para a Copel, será 14,6%. Não há alternativa para escapar a esse tipo de reajuste. Nos supermercados, quando algum produto sobe demais, você sempre pode trocar de marca ou adotar um produto substituto. Mas não dá para trocar de fornecedor de energia ou de água. Raramente é possível migrar para uma fonte de energia alternativa.

Como se faz

Quer saber uma maneira simples de fazer subir um preço administrado? Obrigue a empresa concessionária ou permissionária a fazer algo que não estava previsto no contrato original. Como vai custar mais, alguém vai ter de pagar por isso: o consumidor, claro.

Quer um exemplo? O projeto do vereador Aldemir Mandron (PP) que pretende fazer com que as empresas de ônibus urbano de Curitiba coloquem internet wi-fi nos veículos e estações-tubo. Colocar roteadores, estabelecer uma infraestrutura de rede e de autenticação, fazer a manutenção dos equipamentos… Tudo custa dinheiro. O nobre edil vai ajudar a pagar? Vai pegar um ônibus de vez em quando, pelo menos?

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