• Carregando...
 |
| Foto:

Poliana é uma jovem profissional, em início de carreira. Ganha R$ 1.100 por mês – "tirando os extras, que vêm quase todo mês" – e acha que, como mora com os pais e tem poucos gastos pessoais, deveria estar conseguindo economizar. Esse é o problema: não está, e ela está preocupada, porque vai ser madrinha em um casamento daqui a alguns meses e não quer fazer feio. Por isso ela escreveu para a coluna, com um pedido: "Me dá uma luz! Como guardar dinheiro?!?"

Ela conta que, recentemente, alguns consertos no carro custaram R$ 3.500, que foram parcelados em seis vezes no cartão de crédito. Essa conta, sozinha, corresponde a metade dos vencimentos de Poliana. É fácil constatar, portanto, que enquanto essa conta estiver sendo paga vai ser difícil poupar alguma coisa. Mesmo assim, é possível tomar algumas providências que podem facilitar as coisas quando as entradas estiverem regularizadas. E a mais essencial de todas é confeccionar um orçamento.

O orçamento doméstico é o instrumento mais simples para "ajeitar" as contas. É uma ferramenta com pelo menos três funções: diagnóstico, definição de metas e controle. Tudo depende de onde você está na sua trajetória de vida.

Para Poliana, a hora é de fazer um diagnóstico e descobrir para onde está indo o seu dinheiro. Isso pode dar um pouco de trabalho – o ideal é tomar nota de todas as suas despesas para identificar os seus padrões de gastos. Você pode controlar isso num caderno, mas uma planilha eletrônica, tipo Excel, ajuda bastante: quem entende um pouco do assunto consegue fazer gráficos mostrando a composição dos gastos (quanto vai, por exemplo, para o posto de gasolina, para o lazer, para a farmácia) ou a evolução de cada tipo de despesa.

Esse levantamento pode ser surpreendente para alguns. Despesas pequenas, mas frequentes, podem resultar em um rombo grande nas contas. Certa vez entrevistei um economista que se submeteu a esse teste e acabou descobrindo que gastava mais do que gostaria quando saía para caminhar, nos fins de tarde. Quando viu os resultados do levantamento, deu-se conta que quase sempre parava para tomar um caldo de cana ou um cafezinho – atitudes que não colaboravam nem com seu bolso, nem com sua forma física. Ele tomou uma atitude radical: quando ia se exercitar, deixava a carteira em casa.

Se tudo fosse tão fácil assim, não haveria tanta gente endividada por aí. Com o diagnóstico pronto, é hora de definir metas. Aí o levantamento de despesas se transforma num orçamento de verdade, para o futuro. Nessa fase, a pessoa define no que vai gastar e quanto ela quer que sobre no fim do mês. Se estiver faltando dinheiro, vai ser preciso cortar gastos. Deve fazer isso sem contar com eventuais ganhos extras (eles são um risco: se não vierem, estragam o esforço de montar o orçamento). E o truque para cortar sem remorsos está em definir de forma clara um objetivo – no caso de Poliana, pode ser a compra de um belo vestido para o casamento.

Isso é importante: muitas vezes um objetivo bem claro diferencia uma estratégia que dá certo de outra, que não funciona. No caso da leitora, é um objetivo bem imediato. Em outros, o prazo pode ser mais elástico. E quanto mais longo ele for, maior a chance de acumular mais recursos. Quando se trata de economizar, o tempo sempre está a seu favor.

A fase 3 e a poupança

A última fase é a do controle. Se não houver nenhuma pedra no caminho (e, claro, se a pessoa for disciplinada), em alguns meses as contas vão se ajeitar no orçamento. Aí o importante passa a ser garantir que elas vão continuar assim. Nessa fase, os controles não costumam mais ser tão estreitos: dá, por exemplo, para definir um valor mínimo para as despesas que vão para a planilha ou fazer o controle com base no extrato da conta corrente ou do cartão de crédito.

Voltando ao caso da leitora, uma última providência precisa ser tomada: guardar as sobras e fazê-las render. Como o prazo é curto e os valores são baixos, a poupança é a aplicação mais indicada.

Currículos

É bom não esquecer que há duas formas de ter um dinheirinho sobrando no fim do mês. Até aqui falamos de uma delas – gastar menos. Mas é bom não esquecer que existe outra possibilidade: ganhar mais. O mercado de trabalho está aquecido e há oportunidades em diversas áreas. Talvez a leitora deva considerar seriamente a possibilidade de distribuir alguns currículos.

Na torcida

Envie suas dúvidas, comentários e sugestões para financaspessoais@gazetadopovo.com.br. E torça bastante para o Brasil!

Veja também
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]