Muitos anos atrás li uma história interessante. Com certeza deve ser falsa porque, mesmo procurando muito, nunca achei outra referência a ela. Dizia que uma dessas casas de leilões famosas havia colocado à venda um livro lacrado, cuja autoria era atribuída a um daqueles obscuros alquimistas da Idade Média. O título gravado na capa era algo como "O maior segredo da Medicina", ou coisa parecida. O volume teria sido vendido e seu comprador, ávido para descobrir uma fórmula mágica oculta por séculos, chamou logo os seus especialistas para abri-lo e decifrá-lo. Feito isso, descobriram um punhado de páginas em branco e, na última folha, uma única sentença: "mantenha os pés quentes e a cabeça fria, e não precisarás de nenhum médico".Decepcionante? É possível. Mas a maior parte dos "segredos" de outras áreas do conhecimento é tão simples quanto esse. Depois de escrever 65 colunas desde a estreia deste espaço, em abril do ano passado (esta é a 66ª, se eu fosse supersticioso isso renderia um ou dois parágrafos), resolvi entregar aos leitores o maior segredo das finanças pessoais. Prepare-se. Pronto? Então aí vai: gaste menos do que ganha e invista com inteligência.Pois é, na verdade tudo se resume a isso. O problema começa quando a fantasia sobrepuja a economia. Ouvi dias atrás a história (verdadeira) de um rapaz que pretendia vender um carro e, com o dinheiro obtido, comprar um automóvel de menor preço, dar entrada num apartamento e abrir uma empresa para prestação de serviços. Não é difícil imaginar que o dinheiro não vai "esticar-se" o suficiente para que tantos planos se realizem. As pessoas erram por não saber exatamente o quanto ganham e isso vale especialmente para autônomos, de vendedores dependentes de comissões a profissionais como advogados e dentistas. Erram por não saber o quanto gastam, acumulando despesas em cartões de crédito e débito sem fazer contas. Erram por não definirem objetivos para os recursos (quanto vai custar a reforma dos armários da cozinha? De quanto vou precisar para a viagem de férias?) e por não estabelecerem prazos para os seus investimentos. Erram quando se deixam levar pela moda ou por palpites de amigos e parentes na hora de investir: a aplicação que rendeu bastante para o seu cunhado provavelmente não será a melhor para você.Em maior ou menor grau, com um pouco mais ou um pouco menos de teoria econômica envolvida, é sobre isso que eu tenho escrito desde o início. Se fui repetitivo, peço desculpas. Mas nada melhor do que repetições para decorar uma mensagem.É papelQuem já visitou com crianças o Museu do Dinheiro do Banco Central, em Brasília, ganhou uma "lembrancinha" que faz pensar. Cada um dos pequenos recebe no final do passeio um livreto que ensina a cuidar bem das notas e um saquinho plástico com cédulas velhas, destruídas em trituradores de papel. Se estivessem inteiras, valeriam R$ 500,00. Do jeito que estão, não valem um chiclete mascado.E a gente se esforça tanto por isso...Menores e melhoresAlguns especialistas vêm alertando há algumas semanas para o bom desempenho das ações de empresas menores, daquelas que não entram no índice Ibovespa. Essas companhias são chamadas genericamente de Small Caps (ou seja, empresas de pequena capitalização). Os fundos de investimento que apostaram nelas têm se dado bem neste ano, conforme se vê na tabela.Depois de 66 semanas, o colunista precisa de férias. Voltamos a conversar em agosto.
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