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O João – leitor antigo e fiel da coluna – escreveu pedindo uma abordagem sobre as tabelas matemáticas usadas nas compras financiadas. As mais comuns são a Price e a Sac, nomes que devem ser velhos conhecidos de quem já contratou financiamento habitacional.

Para entender como isso funciona é preciso lembrar que toda compra parcelada tem dois componentes: o preço do bem financiado e os juros. Essas duas partes são como fatias de pão no sanduíche que é o financiamento. Na tabela Price, a fatia do preço do bem (chamada em financês de “amortização”) é menor no início e vai aumentando ao longo do tempo. Já os juros correspondem à maior parte dos pagamentos no início, e vão caindo ao longo do tempo. Com isso, a parcela se mantém igual.

Já no Sac, a fatia da amortização é sempre igual (Sac, aliás, quer dizer Sistema de Amortização Constante). Os juros são maiores no começo e caem ao longo do financiamento. Com isso, o valor da parcela é mais alto no começo do financiamento, mas vai caindo à medida que o prazo vai acabando.

O leitor está inconformado com o uso da Tabela Price. Uma “armadilha incrível”, diz ele. De fato, em geral os financiamentos feitos por esse sistema resultam em um valor final mais alto, somando-se todas as parcelas pagas.

A comparação entre os dois sistemas é tema constante da Educação Financeira e da Matemática Financeira. No ano passado, a questão foi tema de dissertação de mestrado na UTFPR. A aluna Keila Maria Borges dos Santos defendeu um trabalho com o título “A Matemática do Financiamento Habitacional”.

Sua conclusão: “No comparativo entre o SAC e a Tabela Price pudemos concluir que independentemente do valor financiado e do prazo, mantida as mesmas condições, o montante a ser pago é sempre menor no SAC”.

Por que então a Tabela Price continua vivinha no mercado?

A resposta está no bolso do comprador. Um dos fatores que os bancos analisam para conceder crédito é quanto da renda familiar será comprometida com as parcelas. Como a parcela inicial dos financiamentos feitos via Tabela Price é mais baixa, muitas vezes é ela quem se encaixa melhor no orçamento das famílias.

Por outro lado, as famílias podem se planejar usando a tabela Sac, fazendo o esforço inicial de pagar uma parcela mais alta, de forma a liberar recursos futuros para outras finalidades. Filhos, por exemplo.

Vale lembrar que sempre é possível fazer pagamentos adicionais – usando o FGTS, por exemplo – para abater o valor do financiamento. Isso pode, virtualmente, eliminar a vantagem de uma ou outra tabela.

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