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Quase xará, o leitor Franklin escreve perguntando se é recomendável investir em títulos do Tesouro Direto “nesta fase econômica que passamos”. É uma boa questão, já que há tanta conversa sobre o ajuste fiscal, a possibilidade de perda do grau de investimento, entre outros assuntos.

Franklin, uma boa notícia: os títulos do Tesouro são o tipo de papel que tem menor risco disponível. A chance de o governo dar calote nesses papéis é baixíssima, o que faz deles uma aplicação bastante segura para tempos inseguros.

Mas há também uma má notícia. Não é para ser agourento, mas é muito possível que o Brasil perca o grau de investimento de uma ou mais agências de classificação de risco, nos próximos meses. As consequências disso chegarão ao mercado de títulos. É de se esperar que os juros pagos por esses papéis subam. Com isso, os papéis comprados antes das altas de juros serão desvalorizados no mercado. Isso fere principalmente quem não pretende carregar os papéis até o vencimento – caso isso ocorra, é possível até que estes percam dinheiro.

Mas há, sim, boas opções de papéis para investir agora no Tesouro Direto. Os papéis que pagam inflação mais juros (chamados de Tesouro IPCA) são interessantes, porque têm garantia de um bom ganho real. Mas não encha a sua carteira de papéis agora. Talvez seja o caso de comprar aos poucos, acompanhando o comportamento do mercado. Assim você sempre pode reavaliar sua estratégia, sem arriscar tudo de uma vez só.

Para as montadoras, tudo?

Por acaso o leitor consegue lembrar de alguma empresa que não seja da cadeia automobilística que tenha colocado seus empregados em regime de layoff (a suspensão temporária do contrato de trabalho, pela qual o trabalhador é dispensado por um prazo de dois a cinco meses)?

Eu demorei um pouco, mas o Google me mostrou um caso, de uma empresa de tubos para o setor de óleo e gás. E mais nenhum achei.

O sistema parece ter sido desenhado para as características do setor. E é um sistema que é sustentado por contribuições do sistema produtivo, por meio do PIS – ou seja, empresas de todos os setores ajudam a sustentar os layoffs da indústria de carros e caminhões. Isso porque, durante o período em que os contratos estão suspensos, quem paga os salários é o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o mesmo que paga o seguro-desemprego.

Agora, o governo acena com um Programa de Proteção ao Emprego em que as empresas podem reduzir a carga horária dos trabalhadores, pelo qual o FAT assume parte do pagamento das horas cortadas. Quem são os primeiros candidatos? Volkswagen e Mercedes. Tudo indica que se trata de outro programa que irá favorecer prioritariamente esse segmento.

Veja, não tenho nada contra a indústria de automóveis. Mas o Brasil é grande, e não é visível o mesmo empenho governamental em proteger os empregados das padarias, dos supermercados, das locadoras de vídeo (alguém já parou para pensar em quantas pessoas perderam o emprego nesse segmento nos últimos dez anos?). Vale lembrar que esse segmento já foi premiado com reduções de impostos.

O desemprego no país está crescendo e não é só nas montadoras e nos seus fornecedores. Não está na hora de pensar no resto do país?

Risco americano, risco brasileiro

Um relatório do FMI sobre o ambiente financeiro dos Estados Unidos (sim, até eles têm de se submeter a isso) mostra que as medidas tomadas durante a crise iniciada em 2008 deixaram o sistema bancário mais seguro, mas alguns problemas continuam existindo e apenas mudaram de lugar, migrando para empresas não-financeiras. O relatório cita, especificamente, que algumas seguradoras ampliaram sua exposição a riscos de crédito e não têm apresentado essas informações com clareza.

Já aqui, um levantamento da Serasa Experian mostrou um aumento de 39,5% na inadimplência no segmento de telecomunicação (basicamente, contas de telefone não pagas) e de 38,2% no varejo. Mau sinal.

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