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Nos últimos dias, várias pessoas andaram repetindo esta frase do título. Ela reflete a indignação dos poupadores brasileiros com a mudança nas regras de remuneração da caderneta. Antes de tomar qualquer decisão, entretanto, sugiro pensar bem.

A regulamentação que prevê rendimentos menores para a caderneta vale apenas para depósitos novos – ou seja, feitos depois do dia 4 de maio. Todos os depósitos anteriores a essa data continuam sendo remunerados pela regra antiga. Isso quer dizer que, se você não fizer mais nenhum depósito e mantiver a caderneta por mais, digamos, 80 anos, o banco terá de continuar lhe pagando 0,5% ao mês mais TR – mesmo que os juros básicos caiam para patamares japoneses, de 0,5% ao ano. Assim, manter uma caderneta de poupança já existente passa a ser um excelente negócio. Em vez de sacar tudo, num rompante, é bem melhor manter o dinheirinho lá, intocado.

Compartilho da indignação dos leitores que observam que a caderneta sempre rendeu pouco e, quando ela começa a dar um retorno melhor para os poupadores, o governo aparece para estragar tudo. Fica aquela sensação de que a festa acabou justamente quando chegou a nossa vez de entrar no salão. Por isso é importante destacar que há casos em que nada muda. Há poupadores, em especial aqueles que passaram pelo Plano Collor, que tendem a não acreditar que nenhuma mudança na caderneta pode ser benéfica. Aqui sou obrigado a discordar.

A queda nos juros básicos do Brasil não deve ser encarada como algo ocasional. Para ser um país normal, o Brasil precisa de juros mais baixos. E isso não é possível se o cara que quer comprar um carro tiver de pagar juros de 30% ao ano – e olha que essa não está entre as taxas mais altas do mercado. Nos Estados Unidos, um financiamento de automóvel custa, em média, 4,52% ao ano. Juros como esses são padrão mundial, o Brasil é que é o esquisitão, com suas taxas superaltas. E o governo federal parece hoje disposto a tomar atitudes impopulares para levar as taxas brasileiras a níveis comparáveis a esses.

Você pode perguntar: e o que isso tem a ver com a poupança? Há diversas maneiras de explicar isso, mas talvez seja mais simples comparar os números. Se nós almejamos pagar juros de 4,5% no financiamento para compra de um bem, não faz sentido algum ter uma aplicação financeira capaz de render mais do que isso.

Ainda mais se for uma aplicação seguríssima como a caderneta (sem impostos nem taxas de administração, com rendimento garantido por lei e cobertura do Fundo Garantidor de Créditos). Uma situação como essa levaria à falta de crescimento. Dá para dizer que as pessoas reduziriam o consumo ao básico e passariam a viver das rendas da caderneta. Sem contar que a hora é de acabar com as distorções na economia, não ampliá-las.

E agora?

Dinheiro velho fica na poupança. E o dinheiro novo, vai para onde? Para os mais conservadores, o Tesouro Direto é o rei. Mas há opções diferentes no campo dos títulos privados de renda fixa, e elas tendem a se tornar mais populares nos próximos anos, porque tendem a pagar mais. O leitor Carlos pergunta sobre os produtos financeiros ligados à cadeia imobiliária, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Por serem isentos de Imposto de Renda, é bem possível que eles ganhem bastante espaço no futuro. Esses papéis são conservadores, e seu risco é o da instituição emissora. Talvez por isso os emissores puramente privados estejam pagando, em média, juros maiores do que a Caixa Econômica Federal – o mercado parece ter entendido que o risco da Caixa é menor.

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