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Fórum Mundial

O Brasil se prepara para receber um evento que deve mudar a visão do mundo sobre a América Sul e destacar a região não apenas como player de produção, mas também influenciador de políticas agrícolas e do comércio internacional. O 1.º Fórum de Agricultura da América do Sul, que ocorre dias 21 e 22 de novembro, em Foz do Iguaçu, vai discutir as tendências do agronegócio mundial a partir da realidade e potencial dos países sul-americanos.

Em debate, temas transversais e também as principais cadeias produtivas, da produção de soja e carnes aos lácteos e bioenergia. A realização representa um esforço público e privado no sentido de posicionar o bloco no ambiente globalizado do agronegócio. A promoção é do Agronegócio Gazeta do Povo, plataforma focada em soluções de mídia e comunicação, e do Conselho Agropecuário do Sul (CAS), um conselho de ministros da agricultura que representam seis países: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia.

Para detalhes da programação, da relevância do evento e dos fatores que motivam e justificam a discussão, acesse www.agrooutlook.com

Produtores, moinhos e governo federal mais uma vez não conseguem se entender nas demandas da cadeia produtiva do trigo. Enquanto isso, a triticultura nacional, concentrada ao Sul do país, definha ano a ano e coloca em risco o abastecimento interno, a segurança alimentar e a soberania nacional. Ter de importar mais de 60% da sua necessidade de consumo é, no mínimo, uma irresponsabilidade, pois trata-se de um produto essencial à dieta alimentar. E um descaso que só tende a aumentar se o país não acordar e estruturar uma política nacional de incentivo e resgate da cultura.

Com uma safra menor, resultado das geadas que castigaram os campos do cereal, neste ano o Brasil precisa importar ainda mais trigo, superando o volume dos últimos anos. Para facilitar a entrada do produto importado, a estratégia está na redução da TEC, a Tarifa Externa Comum para o trigo de fora do Mercosul. A isenção, que zera uma tarifa de 10% e desonera o trigo que vem dos Estados Unidos, por exemplo, tem efeito devastador sobre o produto e o produtor nacional. Sem a TEC, o trigo importado ganha competitividade e rebaixa os preços do cereal no mercado interno.

Que o Brasil precisa trazer trigo de fora, não resta dúvida. A questão é como trazer e para onde levar. As federações da agricultura do Paraná e do Rio Grande do Sul (Faep e Farsul) defendem que o trigo com tarifa zero seja destinado exclusivamente ao Nordeste. A justificativa é simples: garantir mercado e rentabilidade ao trigo da Região Sul. Nada mais justo, coerente e de bom senso, político, econômico e social, garantir o abastecimento da região que demanda sem prejuízo à região que produz e que precisa de liberdade para regular e garantir seu próprio mercado.

A importação, pura e simples, livre de impostos, provoca um efeito inverso e pode decretar o fim da produção de trigo no Brasil. Ao invés de estimular, gera decepção e tira cada vez mais produtores da atividade. É preciso garantir o abastecimento e a disponibilidade do produto, seja ele nacional ou importado, evitar inflação e especulação. Mas dentro de um equilíbrio, que não penalize a outra ponta da cadeia, a base da produção, que está no campo e é tão importante quanto a indústria e o consumidor final.

O governo precisa fazer algo e fazer logo. Porque a situação tem tudo para ficar pior. As mesmas geadas que reduziram a produção em 2013 eliminaram muitos campos de semente e colocam em risco a safra em 2014. É grande a probabilidade de faltar semente certificada à próxima temporada, com reflexo em área, que pode encolher novamente, qualidade e produtividade. De janeiro a setembro o país importou 5,2 milhões de toneladas. A produção nacional está estimada em 4,7 milhões de toneladas. Desse total, mais de 3,5 milhões estão no Paraná e Rio Grande do Sul.

Na semana passada, quando a Camex (Câmara de Comércio Exterior) autorizou a importação de mais 600 mil toneladas com tarifa zero, a cotação do trigo no mercado interno despencou de R$ 900 para R$ 730 a tonelada. Na relação direta, a isenção de 10% da TEC representa uma redução de quase 20% no preço e na rentabilidade do produto nacional. Ou seja, louvável a preocupação do governo federal com o abastecimento e o controle da inflação e deplorável o descaso para com o produtor, a triticultura e o agronegócio nacional. Neste caso, em especial com o Paraná e o Rio Grande do Sul, responsáveis por 80% da produção nacional de trigo.

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