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DICAS

- Pondere se o sentimento que alimenta é algo que possa prejudicá-lo, ou prejudicar a outra pessoa de alguma maneira. Não arrisque-se numa aventura.

- Caso resolva assumir o relacionamento, não deixe que ele interfira em suas decisões. Chefe é chefe, funcionário é funcionário.

- Jamais dê preferências ao seu companheiro. O tratamento deve ser semelhante a todos.

O que você faria se você percebesse que de repente se apaixonou por um de seus funcionários? Ninguém manda nos nossos sentimentos, correto? Então, como resolver essa questão, caso algo do tipo aconteça? Eu já abordei o tema sobre relacionamento no trabalho algumas vezes, mas o foco que quero dar hoje é chefe x funcionário. Até porque, a gente pode até não cogitar muito, mas é muito mais comum do que podemos imaginar o envolvimento entre patrão e funcionário. Aliás, uma curiosidade: outro dia conversando com um amigo comerciante, ele me contou um dado estatístico muito interessante... as três datas que mais vendem joias no ano são Dia das Mães, Dia dos Namorados e, acreditem, Dia da Secretária.

Se tem marmanjo pulando a cerca por aí, nem quero discutir. O ponto que proponho hoje é o relacionamento sério mesmo. Aquele em que o casal se propõe a construir algo, talvez dividir suas vidas mesmo e, quem sabe, constituir família.

Vamos lá... Nossa reputação profissional é algo que devemos preservar, pois uma vez denegrida, dificilmente será recuperada integralmente. Por isso, acredito que antes de colocar em xeque essa reputação, melhor ter muita certeza do que você realmente pretende com esse envolvimento.

Quando um líder percebe um sentimento diferente por determinado funcionário, a veracidade e intensidade desse sentimento devem ser ponderadas. A primeira pergunta que faço é: dá para evitar? Sim, pois nem tudo é inevitável e se for uma paixão volúvel, melhor deixá-la de lado a interferir na tal reputação profissional.

No mundo corporativo o que sempre prevalece é o lado racional. Jamais devemos deixar o emocional nos guiar quando o assunto é relações profissionais. Há muitos interesses em jogo, negociações acirradas, brigas de poder e dinheiro envolvidos. Logo, se o racional deve prevalecer, uma vontade súbita de se relacionar com o funcionário deve, sim, ser evitada. Não quero que me entendam mal... sou a favor do amor e acredito piamente que todos nós devemos ter nosso lado emocional bem desenvolvido, de preferência com um parceiro que seja companheiro de verdade, para suprir nossas necessidades emocionais. Porém, acredito que o melhor lugar para se procurar esse companheiro é bem longe de seu local de trabalho.

Mas, se acontecer, o que deve ser feito? Como chefe (líder), o primeiro grande cuidado a ser tomado é não deixar que esse envolvimento interfira em suas decisões. A minha maior preocupação a esse respeito é que o chefe passe a beneficiar seu "protegido", já que o que sente por ele é algo muito maior do que simplesmente admiração profissional. Se existe, por exemplo, uma oportunidade de promoção, a escolha deve ser baseada (racionalmente) nas capacidades, méritos e competências do funcionário para assumir tais responsabilidades. Essa decisão jamais deve ser tomada através de um sentimento pessoal, amoroso.

Até porque a paixão, quando nos arrebate, faz de nós seres não muito inteligentes. Na verdade, tornamo-nos cegos, mesmo que momentaneamente, e vez ou outra abrimos mão de certa dose de prudência. Na tentativa de agradar o amado, fazemos coisas realmente inacreditáveis e, volto a dizer, no mundo corporativo o que deve prevalecer é a racionalidade. Por mais que o indivíduo seja emocionalmente inteligente, há grande chance de seus interesses se confundirem quando tomados pelo sentimento da paixão.

Por outro lado, chamo atenção para um detalhe que muitas vezes esquecemos de nos ater quando o assunto envolve esse tipo de emoção. No princípio de todo relacionamento tudo é muito legal, mil maravilhas. É o momento de descobertas, de querer agradar ao outro. Com o tempo e com a rotina, porém, os defeitos alheios começam a aparecer, as desavenças ocorrem com maior frequência e, se pensarmos bem, ter que dividir o mesmo local de trabalho com o companheiro pode ampliar o efeito disso exponencialmente. Pior... ter que liderar, ou se subordinar, ao namorado (a) num momento de briga pode ser algo insuportável para ambas as partes. E, pior ainda, se o relacionamento der certo, pode ser que a única alternativa seja o desligamento de uma das partes, provavelmente, aliás, da parte mais fraca na corda. Pergunto: e a responsabilidade profissional nesse momento, onde fica?

Algumas pessoas, quando acometidas pelo fracasso emocional se tornam indivíduos extremamente vingativos. Acontecem muitos casos de pessoas que tornam a vida do outro um verdadeiro inferno, simplesmente por deter o poder e não saber lidar com a rejeição. São nesses momentos que ocorrem os maiores problemas relacionados a esse envolvimento.

Por isso, sugiro: pense muito, mil vezes se for preciso, antes de se envolver emocionalmente com seu funcionário ou seu chefe. As chances de algo dar errado são muito grandes. Porém, se o sentimento for realmente verdadeiro, vá fundo, mas saiba que o seu campo profissional pode ser prejudicado de alguma forma.

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TESTE

Pressupondo que haja a possibilidade de um relacionamento desse tipo na empresa, vamos seguir por uma linha lógica, onde devem ser marcadas as questões com as quais se identifica:

(  ) A sua empresa permite relacionamentos dentro da empresa? E que todos saibam disso?

(  ) A empresa aceita que haja cônjuges no mesmo setor e em relação de chefe/subordinado?

(  ) Houve uma aproximação de ambas as partes? É recíproco?

(  ) O relacionamento foi assumido perante a chefia, para que ela decidisse o que é o melhor a ser feito?

(  ) Caso a chefia tenha aceitado e mantido os dois na condição de chefe/subordinado, o relacionamento está influenciando negativamente seu bom desempenho profissional?

(  ) O relacionamento já influenciou alguma vez em uma decisão? Por exemplo: optou dar um novo trabalho/aumento/bônus ao cônjuge, tudo por causa do vínculo emocional. Não avaliou o lado racional.

(  ) Promoveu o cônjuge, mesmo sabendo que ali há profissionais mais competentes e melhores para o perfil de gestão.

(  ) Houve brigas e o relacionamento atrapalhou seriamente o trabalho. O clima ficou pesado e chato, mesmo com os colegas do escritório.

(  ) Os colegas de mesmo nível hierárquico do subordinado se sentem injustiçados com o tratamento e as preferências que o chefe dá ao parceiro.

(  ) O chefe deixou de dar satisfações/ser sociável com pessoas do sexo oposto devido ao ciúme do parceiro.

(  ) O relacionamento fica "indo e voltando", ou o casal vive brigando, e isso atrapalha o clima da empresa.

(  ) Terminou. Cada um está na sua, mas continuam sendo colegas. Após isso, um não respeita mais as ordens do outro, não fala com o outro ou dá um jeito de faze-lo sofrer (como tarefas excessivas ou desnecessárias).

Este teste serve como uma autoavaliação. No começo do relacionamento, ele deve ser assumido perante os responsáveis diretos dos dois. Quanto mais alternativas foram marcadas (tirando as quatro primeiras, que são pré-requisitos necessários para seguir adiante e sem problemas com colegas e chefia), mais o relacionamento está influenciando no bom desempenho profissional. O resultado, vocês já sabem: pode resultar no desligamento de uma ou ambas as partes. Faça as escolhas sabiamente, todas, sejam positivas ou negativas, tem desdobramentos calculáveis.

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