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São décadas de trabalho, pilhas de relatórios e incontáveis noites mal dormidas. Várias promoções, algumas demissões, anos de estudos e cursos, e apenas um par de folhas para resumir tudo isso. Estamos falando de um documento vital (além do nome) para a entrada de um indivíduo em uma nova oportunidade profissional: o currículo.

A elaboração de um currículo não tem grandes segredos. Entretanto, há dois perfis específicos de profissional em que se observa maior dificuldade nessa tarefa: nos profissionais que depois de anos, ou até décadas, no mesmo emprego, precisam recolocar-se e os ingressantes do mercado de trabalho, que nunca elaboraram o documento até então.

Apesar de esses perfis estarem mais suscetíveis a alguns erros devido às suas condições naquele momento (recolocação e início no mercado), deslizes também são cometidos pelos demais profissionais. Por isso, explicarei abaixo algumas características ideais e básicas para a construção do currículo e alguns tópicos que podem ser seguidos ao construí-lo.

Identificação: Estes dados são, geralmente, os primeiros do documento. Visam informar de maneira direta e prática os principais contatos do candidato, como telefones, endereço e e-mail, além de dispor outras informações básicas, como, por exemplo, a idade, o estado civil e se possui filhos (informações importantes geralmente averiguadas por recrutadores e que podem influenciar na contratação).

Um erro comum é deixar essas informações desatualizadas. Isso dificulta um eventual contato dos recrutadores, geralmente eliminando o candidato do processo. Ainda nesse ponto, faço uma observação para os profissionais que incluem nesse tópico o número de documentos pessoais (CPF, RG, entre outros). Essas informações não fazem sentido algum para o recrutador. Caso necessite, ele mesmo solicitará, mas na maioria das empresas esse ponto é tratado somente na hora da contratação.

Objetivo: Saber a área em que pretende atuar é de extrema relevância para o recrutador. Além disso, o ideal é que esse objetivo seja apenas um. Como exemplo: "Direção de recrutamento e seleção", ou "Gerência em engenharia de manufatura". Além disso, o objetivo deve estar sempre alinhado com as suas qualificações.

É comum almejar uma posição de nível semelhante ou um nível acima das atividades até então desempenhadas. Ser coordenador e desejar tornar-se diretor, sem ter passado pela supervisão e gerência soará estranho e, muitas vezes, incoerente.

Histórico profissional: Aqui deve constar um resumo das atividades profissionais desempenhadas até então. É importante colocá-las de maneira cronológica (do mais recente para o mais antigo), informar o tempo do vínculo de trabalho (preferencialmente colocando mês e ano de entrada e mês e ano da saída), informar o segmento e porte da empresa e as funções desempenhadas.

Embora o conteúdo dependa muito do nível hierárquico de cada um, o ideal é não estender o texto das experiências anteriores. No caso de um cargo de gestão, o texto será mais completo e pode possuir, inclusive, os principais resultados obtidos.

Uma falha dos profissionais é incluir suas competências comportamentais, como: dinâmico, proativo, bom relacionamento interpessoal etc. Essa questão caberá aos próprios recrutadores, que tirarão conclusões nas entrevistas.

Formação acadêmica: Nesse quesito não há segredo. A formação acadêmica deve ser breve e objetiva, constando o ano e a instituição em que se formou. Em alguns casos, profissionais bastante graduados, com graduações, pós-graduações e até MBAs, acrescentam também a formação do primeiro e segundo grau. Caro leitor, se tal profissional possui graduação, certamente passou pelos outros ensinos. Essa informação, além de deixar o currículo extenso, é completamente irrelevante para o recrutador. Nesse quesito, coloque também as informações em ordem cronológica.

Idiomas: Procure separar da formação acadêmica. Caso possua um ou mais idiomas, este deve vir após a formação acadêmica. É explícito que, se não possui conhecimento nenhum em outro idioma, em hipótese alguma acrescente essa informação. Uma gafe comum é inserir o idioma do país onde nasceu. São raríssimas as exceções em que a naturalidade do candidato difere de sua língua materna. Quase sempre, se o indivíduo é brasileiro, por exemplo, ele terá português fluente. Portanto, não é necessário acrescentar "português fluente", uma informação irrelevante, portanto.

Além disso, lembramo-nos de que tudo que é colocado no currículo será avaliado. Por isso, qualificações que o indivíduo não possui jamais devem ser inseridas. Em "idiomas", sobretudo, é comum profissionais mentirem o nível de fluência. É preciso ser sincero e tomar muito cuidado com isso.

Cursos e certificações: Algumas funções específicas exigem provas e certificações. Caso seja uma lista extensa, coloque-a no fim do currículo, de maneira bastante objetiva.

Vivência internacional: Apenas os cursos e vivências internacionais relevantes devem ser citados. Palestras, workshops e viagens a passeio não vão aumentar suas chances de ser contratado. Em contrapartida, cursos, módulos acadêmicos, intercâmbios, congressos e viagens internacionais a trabalho falam positivamente sobre o profissional.

Com todos esses campos preenchidos, o currículo estará completo e eficaz, certo? Nem sempre. Alguns métodos ainda precisam ser observados. Um deles é o que os profissionais menos praticam: a atualização permanente do currículo. Um levantamento feito pelo Vagas.com revela que 54,7% dos profissionais de 21 a 30 anos passam mais de seis meses sem incluir novas informações no currículo. Já na faixa etária de 31 a 40 anos a porcentagem é de 57,7%, e na faixa de 41 a 50 anos o índice  chega a 58,6%. Este documento deve ser atualizado sempre que houver modificações. Deixá-lo desatualizado pode levar o profissional a esquecer alguma qualificação ou experiência importante. 

Por fim, um currículo ideal é aquele que informa sem deixar buracos na cronologia do candidato, sem erros de gramática, sem exagerar no contexto e com conteúdos relevantes e objetivos.

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