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O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse nesta sexta-feira (27) que os bancos brasileiros não estão expostos aos problemas de dívida de Dubai, mas usou o episódio para fazer um novo alerta sobre o excesso de euforia.

Segundo ele, a questão de Dubai mostra que a economia mundial está se recuperando, mas que ainda existem incertezas e novos contratempos podem ocorrer. O Brasil, no entanto, pode superá-los e o BC continuará acumulando reservas para garantir a força do país.

"Os bancos brasileiros não estão expostos a este fundo ou a este tipo de problema, inclusive pelas próprias restrições da regulação brasileira", disse Meirelles a jornalistas após palestra em São Paulo, referindo-se aos estatais Dubai World e Nakheel.

Dubai informou na quarta-feira que quer que credores desses conglomerados esperem o pagamento de dívida, em um primeiro passo para uma reestruturação.

Do lado macroeconômico, o crescimento brasileiro está ancorado no aumento da renda, do emprego e do crédito doméstico, o que o torna menos vulnerável à instabilidade externa, acrescentou Meirelles.

Ele ressaltou, no entanto, que a crise financeira mundial ainda não foi totalmente superada e que novas situações como essa podem ocorrer, mas não na mesma escala da turbulência gerada pelo setor imobiliário norte-americano.

"A recuperação global está ocorrendo, mas é lenta, dolorosa e sujeita a incertezas e é isto que está acontecendo. Essa é uma das razões pelas quais temos alertado contra o excesso de euforia", acrescentou.

O presidente do BC destacou, por outro lado, que as autoridades norte-americanas e europeias, que têm mais exposição a investimentos em Dubai, estão mostrando tranquilidade.

Além disso, os bancos internacionais possuem as ferramentas para enfrentar a situação, conforme mostraram os testes de estresse feitos pelo BC dos Estados Unidos neste ano para determinar as necessidades de capitalização das instituições.

No Brasil, Meirelles disse que o Banco Central manterá sua política de acúmulo de reservas internacionais devido à continuidade das incertezas pós-crise.

Meirelles também foi questionado sobre o comentário feito nesta semana pelo diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita, de que a autoridade deveria participar da supervisão dos fundos de investimento.

O presidente do BC respondeu que "isso é algo que será objeto de grande discussão entre o BC e a CVM no mundo inteiro, porque é importante avançarmos na integração de informações, como a crise nos mostrou."

HSBC

O executivo-chefe do HSBC Holdings, Michael Geoghegan, afirmou em um comunicado distribuído por e-mail que o banco está confiante de que Dubai e os Emirados Árabes Unidos (EAU) "vão superar qualquer problema de curto prazo que enfrentarem". No entanto, o banco não forneceu dados sobre sua exposição atual aos EAU e a Dubai.

Em 30 de junho, o HSBC registrava empréstimos brutos de US$ 16,3 bilhões para os EAU, de acordo com o relatório sobre os resultados do banco no primeiro semestre deste ano, que incluíam empréstimos comerciais, residenciais e pessoais. Analistas dizem que a exposição do HSBC está entre as maiores da Europa.

Os bancos europeus enfrentam perdas potenciais estimadas em US$ 40 bilhões com exposição a Dubai depois que o maior conglomerado do emirado, o Dubai World, pediu a credores uma paralisação de seis meses no pagamento de suas dívidas. Dubai é um dos sete emirados que compõem os EAU.

"Embora nosso negócio no Oriente Médio represente apenas 2% do balanço financeiro do grupo, é uma parte importante e de alto potencial do mix de negócios internacionais do HSBC e uma região com a qual estamos completamente comprometidos", afirmou Geoghegan no comunicado.

Após vários anos de crescimento rápido e alimentado por dívidas, a economia de Dubai tem sofrido nos últimos 18 meses com a recessão global e conforme os investimentos estrangeiros em seus ambiciosos projetos de infraestrutura diminuíram. As informações são da Dow Jones.

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