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A última vez em que a Petrobras divulgou um balanço auditado foi em agosto do ano passado, quando foram apresentados os dados referentes ao segundo trimestre de 2014 | Antonio Lacerda/EFE
A última vez em que a Petrobras divulgou um balanço auditado foi em agosto do ano passado, quando foram apresentados os dados referentes ao segundo trimestre de 2014| Foto: Antonio Lacerda/EFE

Com impacto do lançamento de perdas de R$ 6,2 bilhões relacionadas à corrupção e outros R$ 44,345 bilhões à reavaliação dos ativos, a Petrobras registrou, em 2014, prejuízo de R$ 21,587 bilhões ante o lucro de R$ 23,4 bilhões registrado em 2014 – este é o primeiro prejuízo desde 1991, quando a estatal reportou prejuízo de R$ 92 mil, segundo dados coletados junto à Economática, que ajustou os números para o real.

“O prejuízo de R$ 21,587 bilhões no exercício de 2014 é devido à perda de R$ 44,636 bilhões por desvalorização de ativos (impairment). O valor da baixa de gastos adicionais capitalizados indevidamente no ativo imobilizado oriundos do esquema de pagamentos indevidos descoberto pelas investigações da Operação Lava Jato (baixa de gastos adicionais capitalizados indevidamente) foi de R$ 6,194 bilhões”, destaca a Petrobras, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras.

A última vez em que a Petrobras divulgou um balanço auditado foi em agosto do ano passado, quando foram apresentados os dados referentes ao segundo trimestre de 2014. O lançamento das perdas de corrupção foi exigência da PwC, empresa que audita as demonstrações financeiras da estatal. Foi decorrente da revelação, pela Operação Lava Jato, do funcionamento de um cartel de empresas que, com a participação de diretores da Petrobras, combinava resultados de licitações da companhia, a partir de 2004, e cobrava percentuais entre 1% 3% para abastecer o esquema, segundo depoimentos.

O esquema veio à tona em outubro, o que levou a PwC a mandar a Petrobras aprofundar as investigações sobre corrupção, atrasando o balanço do terceiro trimestre. Com as evidências do desvio, a empresa teve de calcular o que foi lançado indevidamente como investimento mas que, na verdade, foi desviado em propina.

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Metodologia

A Petrobras havia informado três meses atrás que, além do ajuste por valor justo dos ativos, uma segunda metodologia poderia ser utilizada para dimensionar as perdas com práticas fraudulentas. O número seria calculado a partir de um número médio de 3% sobre o valor de contratos alvo de investigação, conforme sugerido por pessoas investigadas na Lava Jato. Foi justamente esse o modelo adotado pela estatal no balanço divulgado nesta quarta-feira.

A companhia considerou o número de 3% para estimar os gastos adicionais impostos sobre o montante total dos contratos identificados. Além disso, a Petrobras colocou em prática um trabalho de identificação da contraparte do contrato, dos contratos assinados com as contrapartes mencionadas no cartel de empresas que adotaram práticas fraudulentas e do período em análise, de 2004 a abril de 2012. A companhia também considerou o valor total dos contratos alvo de análise.

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Resultados

O documento divulgado nesta quarta-feira aponta que o resultado de 2014 foi afetado por desvalorização de ativos (impairment). Tais fatores também pressionaram o Ebitda ajustado anual da Petrobras, que totalizou R$ 59,140 bilhões, uma retração de 6% em relação a 2013.

A receita líquida, por outro lado, apresentou salto de 11%, para R$ 337,260 bilhões ante cifra de R$ 304,890 bilhões em 2013, influenciada pelo aumento da produção e pelo dólar mais favorável à exportação, além do preço mais elevado dos combustíveis vendidos no mercado doméstico.

Quando considerado apenas o quarto trimestre, a Petrobras reportou prejuízo líquido de R$ 26,600 bilhões, ocasionado pela contabilização de perdas oriundas de operações fraudulentas envolvendo ex-diretores da estatal. A estatal também informou prejuízo de R$ 5,339 bilhões no terceiro trimestre ante lucro de R$ 3,087 bilhões divulgado em janeiro.

Além disso, a companhia realiza, sempre no fechamento do ano, um ajuste contábil sobre o valor recuperável dos ativos, prática conhecida como impairment. No quarto trimestre de 2014, o ajuste levou em consideração a forte desvalorização do petróleo e de derivados do petróleo no mercado internacional, além de ajustes internos realizados pela estatal.

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Número descartado

Em janeiro, duas consultorias contratadas por Graça Foster chegaram a uma conta que mostrava ativos superavaliados em R$ 88,6 bilhões. Conselheiros e diretores concluíram, porém, que o número incorporava outras perdas além da corrupção, como variação do câmbio e do barril, além de ineficiência dos projetos.

Mesmo assim, o número foi revelado ao mercado, deixando a presidente Dilma Rousseff irritada. O episódio gerou uma crise que resultou na saída de Graça e de cinco diretores, no início de fevereiro.

Em 2014, a produção de petróleo da Petrobras no Brasil cresceu 5,3%, abaixo da meta inicial – de 7,5% com um ponto percentual de tolerância para menos.

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