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Apesar do pessimismo do comércio, indústria está satisfeita com os pedidos de brinquedos | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Apesar do pessimismo do comércio, indústria está satisfeita com os pedidos de brinquedos| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Emprego

Lojas vão reforçar equipes com 138,7 mil funcionários temporários

Época do ano que tradicionalmente mais emprega trabalhadores temporários, o final deste ano deve seguir a atividade do comércio e registrar um crescimento mais modesto nas contratações do que o tradicional. Segundo a estimativa da CNC, a demanda sazonal por emprego no comércio varejista deverá levar o setor a oferecer 138,7 mil vagas de fim de ano em 2014, número que corresponde a uma expansão de 0,8% em relação às vagas temporárias criadas para o Natal do ano passado.

De acordo com o Caged, o comércio varejista já contratou 78,2 mil efetivos ao longo do ano e, a partir deste mês, o maior ritmo de vagas abertas deve ser de empregos temporários – o setor chega a duplicar seu efetivo para as vendas de final de ano, com um ritmo mais intenso de contratações no mês de novembro.

Segundo a pesquisa da CNC, a remuneração média no varejo deverá ser de R$ 1.025, o que significa um crescimento de 1,4% em termos reais do que aquela paga no mesmo período do ano passado, que foi de R$ 950.

Uma das grandes dúvidas fica por conta da contratação efetiva destes trabalhadores. Tradicionalmente, 30% dos temporários acabam sendo contratados após o período de vínculo parcial. "É possível que esta proporção seja ligeiramente menor para o ano que vem, mas ainda é cedo para falar", completa o professor de macroeconomia da Universidade Federal Fluminense, Sérgio Valle.

Brinquedos

Projeção de vendas para o Dia das Crianças também é ruim

A expectativa de vendas para o Dia das Crianças também está bem fraca. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o crescimento de negócios em relação a 2013 deve ficar entre 1,5% e 2%, o pior resultado desde 2001.

Na avaliação do consultor em varejo Clóvis Aguiar, a data, na metade do segundo semestre, será prejudicada pelo ápice do pessimismo de varejistas e consumidores, alcançado em junho e julho deste ano. "As pessoas farão as compras, mas o ticket médio deve baixar", explica. Ao todo, o comércio relacionado exclusivamente à data deve movimentar R$ 3,5 bilhões no país.

Indústria descolada

A indústria, por outro lado, não vê o período como problemático. Com os pedidos das grandes lojas já entregue, o saldo foi positivo, visto que a economia passa por uma recessão e o volume produzido ficou dentro da média dos últimos anos. A avaliação do presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, é de que o Dia das Crianças está descolado da crise. "A família brasileira pode economizar no arroz e no pão de queijo, mas não deixa de comprar um brinquedo para o filho", afirma.

Os pedidos cresceram 16% para o período – um patamar dentro da média histórica. A data representa 38% das vendas anuais do setor de brinquedos.

A falta de confiança de varejistas e consumidores em relação à economia pode fazer deste Natal o pior nos últimos 10 anos. De acordo com a expectativa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o crescimento da atividade para a data deve ser de apenas 3% em relação ao ano passado, o pior aumento de vendas de um ano para o outro desde 2004.

INFOGRÁFICO: Expectativas do comércio e dos consumidores para as vendas de final de ano estão em baixa

Segundo economistas, além da incerteza, o endividamento das famílias em alta, o crédito limitado e a lentidão do comércio desde o início do ano elevam o pessimismo para a data, que é o carro chefe do setor para o ano. O resultado: expectativa em baixa, encomendas de produtos discretas e perspectivas de poucas contratações de temporários.

Para o economista da CNC Fábio Bentes, os empresários do setor ainda estão apreensivos com o momento econômico. "O quadro não é bom. O comércio está muito cauteloso, adiando as encomendas e pedidos para as indústrias. Geralmente, nesta época do ano, o setor já estaria com um planejamento mais claro para o Natal", afirma.

A expectativa de aumento de 3% nas vendas já é conservadora, mas ainda pode ser revisada para baixo. "Com eleições e com todos os fatores que fazem de 2014 um ano atípico, é possível que esta projeção seja otimista para o cenário", completa.

Segundo dados do IBGE, os estoques do comércio se mantêm os mesmos, o que mostra a baixa movimentação do varejo e a escassez de pedidos para a indústria. "A queda nos produtos estocados é uma boa medida do pessimismo. Setembro e outubro seriam meses para as lojas começarem a receber seus produtos para o período do Natal", explica o consultor em varejo Clóvis Aguiar. Entre os segmentos com piores resultados estão as lojas de informática e eletrodomésticos, vestuários e calçados. Segundo Aguiar, este é o exemplo de que muitas lojas sequer conseguiram se desfazer dos estoques acumulados durante os dois meses de baixa nas vendas por causa da Copa do Mundo.

Para tentar recuperar mercado até o Natal, as lojas devem apostar em liquidações. "A arma principal são as promoções mais intensas neste final de ano. Os empresários varejistas devem buscar junto às indústrias, junto a seus fornecedores, condições melhores para repassar e atrair o consumidor, já que ele está represado", afirma o consultor.

Confiança baixa

Com poucos pedidos, a indústria também está em estado de alerta. Os índices de confiança do setor são os mais baixos desde a crise mundial de 2008 e 2009. De acordo com dados da sondagem industrial da Fundação Getúlio Vargas, o nível de utilização da capacidade instalada está em 83%, o pior patamar dos últimos 12 meses. "Este era o momento para a indústria que atende o comércio do Natal estar no seu auge", explica o professor de macroeconomia da Universidade Federal Fluminense, Sérgio Valle.

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