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Fachada da Bolsa de Nova York. | Carlos Delgado/Wikimedia Commons
Fachada da Bolsa de Nova York.| Foto: Carlos Delgado/Wikimedia Commons

Diversificar os investimentos em ativos não brasileiros pode ser uma boa alternativa para quem pretende investir no mercado de ações. Entre os motivos para isso, pode-se citar a maior resiliência a crises pelas empresas estrangeiras, minimizando flutuações no patrimônio; exposição a um leque muito maior de opções — o Brasil representa somente 1% da capitalização do mundo; e a diversificação dos riscos, visto que o mercado de países emergentes, como é o caso do Brasil, é mais sensível a questões internas e externas.

Em maio, por exemplo, com a greve dos caminhoneiros, os ativos brasileiros tiveram uma importante queda, enquanto os globais não sofreram depreciação. Dessa forma, de acordo com o especialista em investimentos da Suno Research, Alberto Amparo, criar uma carteira de investimentos com relação de risco e retorno saudável passa pela diversificação.

Além da bolsa brasileira, Amparo recomenda investir na bolsa dos Estados Unidos, maior economia do mundo, com cerca de 20 vezes mais ativos que o Brasil, visto que um investimento protege o outro do risco cambial. “As bolsas brasileiras e americanas são antagônicas. O investimento no exterior feito em dólar ajuda a proteger o patrimônio do investidor”, explica o especialista. “Em crises locais o dólar se valoriza, assim a parcela em dólar da carteira sobe. E mesmo em crises internacionais, a resiliência das empresas fora do Brasil tende a ser alta”, acrescenta.

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O professor André Hayashi, coordenador da pós-graduação em Finanças e Gestão de Mercado Financeiro da FAE, também aconselha o investimento fora do país como forma de proteger o patrimônio contra uma possível queda do valor do real perante as moedas estrangeiras. “Quando se investe em ações norte-americanas, o dinheiro em reais de um investidor brasileiro é primeiro convertido em dólares, para então ser investido em ações de empresas dos Estados Unidos e, caso a cotação do dólar aumente perante o real, o investidor ganhará com toda essa valorização”, esclarece.

Com relação ao atual momento brasileiro, pós-eleições, Amparo avalia que a bolsa brasileira está mais barata, com mais oportunidades, mas são encontrados ativos a preços competitivos nos EUA também. De qualquer forma, o especialista frisa que, quando se fala em investimentos em ações é preciso pensar em longo prazo e isso independe do resultado de uma eleição. “É claro que uma eleição mexe com o mercado, mas não deve ser um ponto a ser levado em conta para quem quer ter sucesso no mercado de investimentos”, reforça.

Existem quatro caminhos possíveis para os brasileiros que desejam investir em ativos norte-americanos, são eles: BDRs (Brazilian Depositary Receipts); investimento direto via abertura de conta em corretora norte-americana; por ETF (Exchange Traded Fund), que são fundos de investimento negociados na bolsa de valores, como é o caso do IVVB11 ; e por meio de gestoras.

O especialista em investimentos Alberto Amparo explica cada um deles:

BDRs

O BDR, a abreviação de “Brazilian Depositary Receipt”, também é citado algumas vezes como Certificado de Depósito de Valores Mobiliários (CDVM). Pode ser definido, resumidamente, como um ativo que o investidor brasileiro pode adquirir quando interessado em investir em empresas de fora do país, sendo comprado na bolsa brasileira. A cotação é em reais e ele é comprado em reais.

Vantagens

- Acesso facilitado aos valores mobiliários de companhias estrangeiras sem ter que pagar os custos relacionados à remessa de recursos para o exterior;

- Possibilidade de elaboração de estratégias, diversificação de investimentos e arbitragem com ativos locais e estrangeiros;

- Apesar de o investidor ficar exposto às variações de preços de um ativo estrangeiro, as operações são realizadas no Brasil e a liquidação é feita em reais;

- Podem ser negociados na bolsa brasileira, por isso são fáceis de serem comprados e vendidos;

- Os trâmites tributários e de aquisição dos BDRs se assemelham aos de ações domésticas;

- Não é necessário abrir conta no exterior. É possível investir em BDRs através da mesma corretora brasileira pela qual você compra ações;

- Não possui procedimentos tributários diferentes;

- Não paga tarifa de envio. Enviar dinheiro para fora do Brasil gera encargos. Negociar ativos no mercado doméstico não gera custos extras dessa origem.

Desvantagens

- É necessário ser um investidor qualificado. Os BDRs patrocinados nível I e não patrocinados só podem ser adquiridos para investimentos financeiros superiores a R$ 1 milhão, tornando-se, assim, inviáveis para a maioria dos pequenos investidores;

- Poucas opções de ativos. Existem 130 BDRs listados em bolsa. Dessa forma, as opções disponíveis ao investidor são um tanto restritas;

- Não detêm cotas da ação diretamente. Ao comprar um BDR, o investidor não está comprando diretamente uma ação de empresa estrangeira. Ele está comprando cotas num papel lastreado em ações americanas e geridos pela instituição emissora.

- Spread de 5% sobre dividendos. Na maioria dos casos, o agente originador do BDR (geralmente bancos estrangeiros) fica com uma comissão média de 5% dos dividendos pagos pela empresa;

- Baixa liquidez, o que pode ser um empecilho na velocidade de conversão do ativo em capital, na hora da venda.

Abertura de conta nos EUA

O investidor abre uma conta em corretora norte-americana e envia seu dinheiro para lá, que é então convertido em dólar pelo mecanismo de escolha (Remessa Online, TransferWise, Transferencia Bancária, Western Union, etc). Com a transferência finalizada, ele compra diretamente da bolsa americana as ações, com cotação em dólar e compradas em dólar.

Vantagens

- Grande variedade de ativos que podem ser adquiridos no mercado dos Estados Unidos. Atualmente, existem mais de oito mil ativos no mercado norte-americano, sendo possível encontrar oportunidades em diversos segmentos;

- Sem spread no dividendo. O dividendo recebido quando você compra ações diretamente nos Estados Unidos não está sujeito a um spread recolhido ao agente administrador;

- O investidor é sócio direto da empresa que ele compra a ação;

- Não existe a necessidade de se declarar investidor qualificado.

Desvantagens

- Há o risco da corretora não ser idônea. Por incrível que pareça, o mercado financeiro brasileiro é bem mais regulado que o mercado financeiro americano;

- É necessário abrir conta nos EUA;

- Tarifa de envio. É necessário arcar com encargos para enviar capital a uma corretora estrangeira.

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ETF (IVVB11)

O IVVB11 é um ETF que rastreia o índice S&P 500, índice das 500 maiores empresas da bolsa americana, incluindo Apple, Microsoft, Google, Coca-Cola e Amazon.

Um Exchange-Traded Fund (ETF) é um título negociável que rastreia um índice, grupo e ações, commodity ou títulos, como um fundo de índice. Ao contrário dos fundos tradicionais, um ETF negocia como uma ação comum em uma bolsa de valores. Essa forma de investimento indexado é interessante para a pessoa que deseja investir, mas não conta com profissionais para auxiliá-la

Os ETFs experimentam mudanças de preço ao longo do dia à medida que são comprados e vendidos. O IVVB11 é cotado em reais, comprado em reais e gerido pela BlackRock Brasil.

Vantagens

- O S&P 500 cresce junto com a economia norte-americana;

- Tem maior liquidez diária e taxas mais baixas do que fundos de investimento tradicionais;

- Essa forma de investimento indexado é interessante para a pessoa que deseja investir, mas não conta com profissionais para auxiliá-la;

- Reduzida necessidade de acompanhar o mercado da bolsa de valores, afinal, o capital é muito diversificado;

- Baixo valor inicial. Para iniciar um investimento em um fundo de índice, não é necessário ter grandes quantias de dinheiro.

Desvantagens

- Apresenta volatilidade de curto prazo;

- Existem inúmeros ETFs diferentes que podem ser comprados, mas eles requerem que o investidor abra conta em corretora nos EUA;

- Menor controle da sua carteira. Esse é um ponto que pode pesar para o investidor que gosta de acompanhar cada informação sobre onde está aplicando seu dinheiro;

- Imposto de renda. O imposto de renda nos ETFs são retidos após a venda do fundo, incidindo 15% sobre o ganho de capital, assim como as outras modalidades do mercado de ações. A diferença é que aqui não há isenção de Imposto de Renda para vendas até R$ 20 mil por mês, como é possível ter nas ações.

Gestoras

O investidor pode procurar uma gestora brasileira, responsável em cuidar de seus investimentos em ações de empresas listadas fora do Brasil. Para investir em gestoras, o indivíduo deve conhecer o time de gestão e estudar o histórico dos profissionais. A aplicação do investimento é feita em reais, no Brasil.

Vantagens

- O investidor pode ter seu dinheiro gerido por um grupo de profissionais que irá modificar o portfólio de maneira cômoda, aproveitando as melhores oportunidades do momento;

- Em gestoras como a GEO Capital, é possível investir no fundo de ações a partir de R$ 25 mil. O investidor pode atuar na própria casa, por meio de plataformas digitais.

Desvantagens

- Gestoras cobram taxa de administração e, às vezes, taxas de performance elevadas;

- Se o time da gestora não conseguir performar acima do mercado, no longo prazo, as taxas irão depreciar o patrimônio do indivíduo que alocou seu capital na gestora.

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