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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Depois de um ano de resultados fracos, 2014 começa com a expectativa de melhora de cenário para alguns segmentos. A Copa do Mundo e o pacote de concessões na área de transportes do governo federal devem estimular projetos de construção civil, de infraestrutura e de turismo. A agricultura, por sua vez, deve se beneficiar da boa safra e dos bons preços internacionais.

Embora as estimativas sejam de um ano com crescimento próximo de 2013 – em torno de 2% – alguns segmentos acreditam que o nível de atividade será impulsionado pela recuperação econômica da Europa e dos Estados Unidos. A melhora ainda que sensível da economia mundial deve favorecer exportadores, mas o aumento dos custos de produção, da taxa de juros e da inflação e o crédito mais seletivo permanecem como desafios para empresas e consumidores.

Para a maioria dos economistas, no entanto, 2014 não deve trazer grandes novidades. "Será um ano morno, porque em ano eleitoral não costuma haver muita mudança", diz o economista Rodrigo Pinheiro. A deterioração da situação fiscal do governo também não deve ser revertida em 2014. O próximo ano será de "espera" para o que virá em 2015, segundo Pinheiro. "Será um ano atípico, por conta do evento esportivo. Mas o que vemos é que a economia brasileira está sem fôlego para crescer", diz Lucas Dezordi, professor de economia da Universidade Positivo (UP). Para a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), será um ano sensivelmente melhor do que 2013 por conta da boa safra, do câmbio mais elevado e das eleições. Nos textos abaixo, veja o que esperar para a economia em 2014.

Construção Civil

O setor espera um ano melhor do que em 2013. O Produto Interno Bruto (PIB) da construção deve avançar 4%, o dobro do que em 2013, impulsionado pelo pacote de concessões do governo federal na área de infraestrutura, pela continuidade do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida, e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As obras da Copa também terão que ser finalizadas, o que ajudará a impulsionar o setor, segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Paraná, Normando Baú. Os lançamento s imobiliários de apartamentos também devem retomar o ritmo. A previsão é que somente em Curitiba sejam lançados cerca de 8 mil imóveis verticais, 30% mais do que em 2013.

Serviços

Embalado pela demanda principalmente da classe C, o setor de serviços deve seguir com crescimento em 2014, ainda que em ritmo ligeiramente menor do que o visto nos últimos anos. O turismo é um destaque para 2014, por conta da realização da Copa do Mundo. A Embratur estima que turistas brasileiros e estrangeiros irão gastar juntos R$ 25,2 bilhões no mundial em 2014.

Comércio

O desemprego baixo é um fator positivo, porque dá confiança para o consumidor continuar a comprar. Mas a massa salarial cresce em ritmo mais moderado e a inflação e os juros pesam no orçamento das famílias, que em 2013 se esforçaram para pagar suas dívidas. Com esse cenário, salvo a implantação de programas de estímulos, dificilmente o comércio terá um ano muito diferente do que foi 2013. A maioria dos analistas prevê um crescimento próximo de 4%. Para Lucas Dezordi, professor de economia da Universidade Positivo, o resultado do Natal e das vendas de janeiro serão um indicador de como o comércio deve se comportar em 2014. "E o comércio deve ditar também o ritmo do emprego", diz.

Exportações

Os bons preços das commodities e o dólar mais alto devem favorecer o saldo da balança comercial, que deve avançar para US$ 7,2 bilhões em 2014, segundo projeção da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). A previsão é que em 2013 o resultado seja de US$ 704 milhões, o pior saldo desde 2001 ( US$ 2,684 bilhões). O resultado deve ser alcançado graças a um recuo nas importações, sob impacto do dólar mais alto, e a um aumento de 49,6% nas exportações de petróleo.

Indústria

Depois de encerrar 2013 com o menor crescimento de vendas desde a crise de 2009, de apenas 1%, a indústria paranaense prevê um crescimento entre 2% e 2,5% em 2014. Segundo Roberto Zürcher, economista do departamento econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), a boa safra, o dólar mais alto e as eleições devem favorecer o setor industrial. Os setores de alimentos, transporte, madeira, papel e celulose e de combustíveis devem ser destaques. "A safra agrícola tem um efeito multiplicador também sobre a indústria, que se beneficiar da venda de implementos agrícolas e transporte por exemplo", diz Zürcher.

Câmbio

Apesar das intervenções do Banco Central brasileiro, a tendência é que a moeda americana permaneça próximo de R$ 2,4 em 2014. O anúncio da retirada dos incentivos pelo Banco Central americano deve colocar ainda mais pressão para elevar a cotação do dólar. O movimento ajuda exportadores, mas prejudica as empresas que têm dívidas atreladas à moeda americana e pressiona custos de quem importa componentes e matéria-prima. Segundo os economistas, o câmbio mais elevado eleva o risco das empresas e também prejudica o acesso ao crédito, que já vinha piorando nos últimos meses, com a elevação das taxas de juros. A tendência é de crédito mais caro e escasso pelo menos nos primeiros meses do ano.

Agronegócio

Para 2014, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) projeta mais uma safra recorde, que deve beirar 200 milhões de toneladas. A previsão é que o Valor Bruto da Produção (VBP) alcance R$ 438 bilhões, 3% mais do que nesse ano. Para Flávio Turra, gerente técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), será um ano de preços favoráveis, mas não no mesmo patamar de 2013, em que a quebra da safra nos Estados Unidos contribuiu para elevar as cotações. "As margens do agricultor devem ser menores", afirma. Depois de um crescimento de 18% nas receitas, para R$ 45 bilhões, as cooperativas paranaenses devem registrar um avanço de cerca de 10% em 2014. Os investimentos, que somaram R$ 1,3 bilhão entre 2011 e 2012, devem somar R$ 2,1 bilhões entre 2013 e 2014. Industrialização da produção com a inaguração de novas ou ampliação de fábricas e projetos de armazenagem são os principais destinos dos recursos.

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