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A construção civil deve ter, em 2021, o maior crescimento em um década, segundo a CBIC. Emprego no setor tem segundo maior taxa de crescimento, atrás apenas da agropecuária.| Foto: Antônio More/Arquivo/Gazeta do Povo

A construção civil é um dos setores que mais crescem em 2021. Dados do IBGE mostram que o PIB setorial aumentou 5,8% nos 12 meses encerrados em junho. E, segundo levantamento divulgado nesta segunda-feira (25) pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a expansão no acumulado de 2021 deve ser de 5%, a maior em dez anos.

Os empresários, de acordo com a sondagem da CBIC, permanecem confiantes e têm expectativas positivas para atividade, novos empreendimentos, compra de insumos e contratações. O que sugere que o mercado de trabalho no setor continuará em expansão nos próximos meses.

Desde o começo do ano, a construção civil criou 238 mil oportunidades de trabalho com carteira assinada, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), o que elevou em 10,5% o número de empregados formais no setor. Esse é o segundo maior crescimento proporcional entre os setores de atividade econômica, atrás apenas da agropecuária.

Dois segmentos têm se destacado na geração de empregos formais: a construção de edifícios e os serviços especializados para construção – como demolição, preparação de terreno, obras de acabamento e instalações elétricas e hidráulicas. Juntos, eles respondem por três em cada quatro novos empregos do setor em 2021.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc), Luiz França, o mercado imobiliário residencial está bem aquecido. “O programa Casa Verde Amarela, que é focado na população de baixa renda, vem se mostrado resiliente à crise. E para as outras faixas, há um desejo de imóveis maiores com configurações diferenciadas.”

Um dos fatores que está estimulando o bom momento na construção civil, segundo a CBIC, é o bom desempenho do financiamento imobiliário. Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), nos oito primeiros meses do ano foram financiados, com recursos da poupança do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), 589,4 mil imóveis, um aumento de 148,2% em relação a igual período de 2020. O valor financiado atingiu R$ 136,84 bilhões, uma alta de 107,7%.

A economista Ieda Vasconcellos, da CBIC, avalia que a demanda por crédito imobiliário deverá continuar forte, mesmo diante dos aumentos na taxa básica de juros, a Selic, que serve de referência. “As famílias, desde o início da pandemia, ressignificaram o valor da moradia, valorizando ainda mais o seu espaço.”

Ieda acredita que as taxas de crédito imobiliário continuarão atrativas e melhores que as observadas em um passado recente. “Assim, a demanda por imóveis deverá continuar aquecida.”

A construção civil também tem ajudado a impulsionar o investimento produtivo. Nos sete primeiros meses do ano, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ela cresceu 18,2%, comparativamente a igual período anterior.

Sondagem realizada em setembro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) sinaliza que as expectativas dos empresários do setor para o nível de atividade, novos empreendimentos, compra de insumos e matérias-primas e número de empregados continuaram positivas em setembro, apesar de terem recuado em relação a agosto.

“Isto significa que os empresários da construção esperam crescimento para essas variáveis nos próximos seis meses”, diz a economista do CBIC.

Números poderiam ser melhores

Mas a Câmara acredita que os resultados poderiam ser melhores, caso o setor não enfrentasse desafios como a elevação de custos com insumos básicos. Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que, em 12 meses, os materiais, equipamentos e serviços tiveram um reajuste médio de 26,97%. Desde o início do ano, a alta foi de 17,82%.

Segundo o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil do IBGE (Sinapi/IBGE), o custo médio do metro quadrado aumentou 22,06% nos 12 meses encerrados em setembro. É mais que o dobro da inflação geral do período.

As maiores altas estão no Sul do país, onde o aumento de custos chegou a 24,74%. A elevação também foi forte no Nordeste (22,89%).

França, da Abrainc, diz que é complicado não repassar pelo menos parte desta alta. “Estamos tentando segurar ao máximo, investindo em novas tecnologias para garantir mais eficiência.”

Saneamento é oportunidade

Um segmento que pode se expandir nos próximos anos é o de obras de infraestrutura, apoiado pelo marco legal do saneamento.

Um estudo realizado pela KPMG e Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) aponta que, para atingir a universalização do saneamento até 2033, serão necessários quase R$ 500 bilhões em investimentos, não contando o valor necessário para recuperação da depreciação.

Segundo o estudo, 36% desses recursos terão de ser aplicados no Norte e no Nordeste, duas regiões consideradas como desafiadoras para a universalização do saneamento. Os investimentos mais expressivos estão relacionados às redes de distribuição e adutoras. Segundo o IBGE, 83,7% da população brasileira tem acesso à água e 54,1% tem rede de esgoto. As perdas na distribuição chegam a 39,2%.

No ano, as obras para construção de redes de abastecimento de água, coleta de esgoto e construções correlatas criaram 1.388 oportunidades de trabalho com carteira assinada. O segmento emprega, no Brasil, 37,3 mil pessoas, de acordo com dados do Novo Caged.

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