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A fintech catarinense Conta Azul  tem  400 funcionários e um volume de transações que chega a R$ 20 bilhões. | Maria Eduarda Fernandes/
A fintech catarinense Conta Azul tem 400 funcionários e um volume de transações que chega a R$ 20 bilhões.| Foto: Maria Eduarda Fernandes/

A fintech Conta Azul, que oferece uma plataforma de gestão de negócios com foco nas pequenas empresas, inaugura nesta terça-feira (16) a era de cloud accounting no Brasil, com o lançamento da Conta Azul Mais, durante o evento de tecnologia e contabilidade Conta Azul [CON], em São Paulo. A plataforma tem a finalidade de conectar em nuvem empreendedores e contadores em tempo real. Entre aquisição, pesquisa e desenvolvimento, a empresa estima um investimento de mais de R$ 60 milhões, o que inclui a compra da startup Wabbi, em junho deste ano, que é a responsável pela criação do sistema de armazenamento virtual.

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Sediada em Joinville (SC), a Conta Azul foi fundada em janeiro de 2012 pelos sócios Vinicius Roveda, José Sardagna e João Zaratine com objetivo de democratizar o acesso de pequenas empresas a uma plataforma de gestão que as ajudasse a ter mais organização e controle do negócio. Nos primeiros cinco anos a empresa realizou diversos investimentos para otimização do produto.

“O desafio foi criar uma equação na qual não precisasse de implantação, treinamento, compra de equipamento e que ainda coubesse no bolso do pequeno empreendedor, que não tem condições de fazer grandes investimentos”, disse o CEO da Conta Azul, Vinicius Roveda, em entrevista à Gazeta do Povo, nesta segunda-feira (15).

As soluções atuais de mercado, comenta o executivo, são as de softwares instalados localmente e os mesmos softwares instalados em servidores na internet, que requerem implantações e não são desenvolvidos para se integrarem com outras aplicações. A Conta Azul entendeu que precisava conectar o dono do negócio com alguém com mais conhecimento, para ajudar a tomar as melhores decisões e a manter a empresa viva ao longo do tempo, devido às altas taxas de mortalidade – um terço das empresas fecham as portas antes de completar dois anos de vida.

O mercado de software contábil, que deveria trazer soluções, não resolveu os problemas e os contadores estão mergulhados em burocracia, retrabalho e digitação, que consomem 85% do tempo deles. Ou seja, não resta nada de tempo, praticamente, para ajudarem seus clientes de verdade, como parceiros estratégicos

A Conta Azul Mais permite que o dono do negócio e o contador trabalhem juntos numa mesma plataforma e em tempo real: toda transação que ocorre dentro da empresa é imediatamente registrada. “É a única do gênero do Brasil, que coloca empresas, contadores, governos, bancos e fintechs em um grande ecossistema digital. Na prática, quando uma pequena empresa gerar uma nota e conciliar algo no banco, o chamado lançamento contábil será realizado de forma automática e vice-versa.”

Ou seja, quando o contador calcular o imposto ou a folha, todas as informações aparecerão para os empreendedores. O contador, no entanto, continua responsável pela validação das informações ao emitir e assinar os relatórios contábeis. “Ele terá muito mais tempo para se dedicar ao cliente, ao invés de coletar e digitar informações. E os contadores vão conseguir com o mesmo número de funcionários atender a uma quantidade maior de clientes e com muito mais qualidade.”

Empresa estima 100% de crescimento a cada ano

Hoje o volume de transações por meio da Conta Azul está na faixa dos R$ 20 bilhões. Em acordo selado com os investidores, por questões estratégicas, a fintech não informa valores de faturamento, mas revela que pretende crescer 100% neste ano de 2018, em relação ao ano passado, e manter igual índice nos anos seguintes.

Segundo Roveda, são três mil novos clientes por mês e cinco mil escritórios parceiros pelo país. “Temos um total de 70 mil escritórios de contabilidade no Brasil, o que significa que há um grande trabalho pela frente. Nos próximos três anos, pretendemos alcançar a marca de 20 mil escritórios fazendo uso da nossa plataforma.”

Até o final do ano, a Conta Azul Mais estará disponível apenas para empresas prestadoras de serviços enquadradas no regime do Simples Nacional, clientes dos principais contadores parceiros da Conta Azul. A partir de 2019, a expectativa é ampliar o escopo de atuação da plataforma, para atender empresas prestadoras de serviços do regime de Lucro Presumido e empresas de comércio do Simples Nacional.

A plataforma não tem custos ao contador. Os donos de pequenas empresas – aquelas com faturamento bruto de R$ 360 mil a R$ 3,6 milhões ao ano, com um a dez funcionários – têm a opção de escolher entre quatro planos, conforme o tamanho e suas demandas. Eles custam de R$ 49 a R$ 279 e estão detalhados no site da Conta Azul.

Cinco rodadas de investimento e crescimento acelerado

Em seu sétimo ano de atuação, a Conta Azul cresce de forma muito acelerada. A fintech chegou ao mercado em meio a um processo de aceleração na 500Startups, para o programa de cinco meses que acontece no Vale de Silício, nos Estados Unidos. A empresa catarinense recebeu o primeiro aporte no valor de US$ 50 mil. De 2012 a 2015, foram quatro rodadas de investimento, a primeira liderada pela Monashees; a segunda e a terceira pela Ribbit Capital; e a quarta pela Tiger Global Management. A empresa ganhou novas funcionalidades, parceiros e reforçou a credibilidade do mercado investidor.

Vinicius Roveda é CEO e co-fundador da Conta Azul. Maria Eduarda Fernandes

Em junho, a Conta Azul comprou a startup Wabbi, criada em 2009, para a automatização da troca de informações entre pequenas empresas e contadores. “Queríamos trazer o contador para trabalhar dentro da plataforma e precisávamos construir as funcionalidades. Tínhamos duas alternativas: uma era desenvolver o próprio sistema e a outra encontrar uma empresa que tivesse o mesmo alinhamento de valores e buscando construir o mesmo que nós. A Wabbi estava em estágio inicial e precisariam de muito investimento, então decidimos unir forças e acelerar a construção da plataforma.”

No mesmo mês, a Conta Azul firmou parceria com a Stone, empresa de tecnologia para pagamentos em diferentes plataformas digitais e a maior adquirente independente do mercado brasileiro. Os usuários da plataforma de contabilidade passaram a ter acesso ao serviço por meio da Conta Azul Receba Fácil, solução que permite que as vendas realizadas via cartão sejam integradas ao sistema de gestão financeira do pequeno negócio. Essa integração ocorre por meio do aplicativo de Vendas da Conta Azul, conectado via bluetooth ao leitor de cartões da Stone.

Em julho, a Conta Azul anunciou a integração com a Tray, unidade de e-commerce da Locaweb, na qual os empreendedores podem conectar suas lojas virtuais à plataforma de gestão, e assinou contrato para ocupar, a partir de janeiro de 2019, uma área de nove mil metros quadrados no parque tecnológico Ágora Tech Park (Inovaparq), em Joinville.

Open banking: Conta Azul integra plataforma a sistema de bancões

Naturalmente, com o crescimento acelerado de serviços inovadores trazidos pela fintechs, as grandes instituições financeiras estão aderindo ao movimento de open banking, de trabalho integrado com as plataformas que seus clientes estão usando. Desde 2017, a Conta Azul integra sua plataforma com o Banco do Brasil, permitindo aos clientes correntistas da instituição importar automaticamente seu extrato da conta corrente para dentro do sistema.

Hoje a Conta Azul agrega outras instituições parceiras, entre as quais Itaú, Santander e Bradesco, além de cooperativas de crédito, como o Sicredi. Há dois anos, é possível que todo o lançamento que cai no extrato bancário do cliente, apareça em tempo real dentro da plataforma da fintech, comenta Roveda. “Criamos uma conciliação na qual a plataforma apreende o que significam os lançamentos e isso faz com que o dono do negócio não tenha que digitar informações.”

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O open banking, diz ele, pode ainda ser muito aprofundado. “Vemos a possibilidade de, de dentro da plataforma Conta Azul, poder apertar um botão e pagar a conta dentro do internet banking. O sistema começa a ficar transparente, porque a empresa pode usar a sua plataforma de gestão e as operações feitas nela refletem dentro do banco.”

O movimento, acredita o executivo, poderá permitir a abertura de conta corrente para empresa e seu funcionário, a contratação de seguro ou ainda ajudar o contador a resolver problemas como de fluxo de caixa, com auxílio da contratação de produtos financeiros àqueles que têm receio por falta de conhecimento, por exemplo.

Muitas vezes é uma solução de capital de giro, de antecipação de recebíveis ou empréstimo. E isso pode ajudar a salvar uma pequena empresa. E melhor, com um simples clique, sem a necessidade de enviar documentos para o banco e com a possibilidade de o dinheiro estar na conta no dia seguinte. É o que vamos entregar nos próximos anos.

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