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Atraso do governo federal em pagamento de indenização de linhas de transmissão afetou o caixa, segundo a Copel. | Divulgação/Copel
Atraso do governo federal em pagamento de indenização de linhas de transmissão afetou o caixa, segundo a Copel.| Foto: Divulgação/Copel

A Copel tenta reverter, na Justiça, uma multa de quase R$ 41 milhões que a Receita Federal aplicou no ano passado ao aceitar o pagamento parcelado de dois tributos que somavam R$ 204 milhões. Por enquanto, as decisões judiciais deram razão ao Fisco.

Em meados de março de 2015, a subsidiária Copel Geração e Transmissão, prevendo dificuldades no fluxo de caixa, decidiu que não pagaria o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) relativos a 2014 na data do vencimento – dia 31 daquele mês – e que em seguida pediria o pagamento parcelado de ambos. A decisão foi ratificada pela diretoria da holding da Copel.

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A companhia solicitou o parcelamento, em 60 vezes, no dia 1.º de abril. Isso porque, pelas regras da Receita, uma empresa só pode fazer esse pedido após o vencimento do débito. Ao aceitar a solicitação da Copel e consolidar o débito, no dia 6 de abril, a Receita aplicou juros de R$ 5,8 milhões mais uma multa de quase R$ 41 milhões, equivalente a 20% do valor dos impostos, porcentual máximo previsto em lei. Com isso, o débito total ficou pouco acima de R$ 250 milhões.

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A Copel vem pagando as prestações em dia desde então, mas questiona na Justiça o tamanho da multa. Em ação movida em agosto na 2.ª Vara Federal de Curitiba, a companhia alega que a lei 9.430, de 1996, prevê multa de 0,33% por dia de atraso no pagamento de tributos federais. Considerando os seis dias decorridos entre a data do vencimento e a homologação do parcelamento, a estatal afirma que a multa acumulada deveria ser de 1,98%, e não de 20%.

A Receita argumenta que a portaria 15/1999, editada em conjunto com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), estabelece que, nos casos de parcelamento, a multa de mora “será aplicada no valor máximo fixado pela legislação”. Em sua defesa no processo, o Fisco afirma que a Copel só quitará o débito após 60 meses, o que justificaria a aplicação da multa máxima de 20%.

O juiz federal substituto Claudio Roberto da Silva concordou com a Receita e deu sentença contrária à Copel em 22 de outubro de 2015. No início do mês passado, ele rejeitou os embargos de declaração interpostos pela companhia, que entrou com apelação na última segunda-feira (29). Este último pedido ainda não foi julgado.

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Ao decidir parcelar tributos devidos por sua subsidiária de geração e transmissão, a Copel buscava evitar que seu caixa livre ficasse negativo, o que levaria a empresa a atrasar pagamentos nos meses seguintes.

A Gazeta do Povo apurou que, em 17 de março de 2015, quando a diretoria aprovou o parcelamento, a companhia tinha R$ 211 milhões em caixa, mas apenas R$ 137 milhões estavam livres para movimentação; o restante servia de garantia de financiamentos.

A companhia calculava que, se pagasse os tributos no vencimento, terminaria o mês com um caixa livre negativo em R$ 13 milhões. E provavelmente continuaria faltando dinheiro nos meses seguintes.

Seis dias depois da reunião da diretoria, a Copel levantou R$ 450 milhões em notas promissórias com vencimento em setembro, pagando juros de 106,5% da taxa DI. Quando decidiu pelo parcelamento dos tributos, no entanto, a companhia ainda não tinha certeza da entrada desses recursos.

Déficit e indenização

Em nota, a Copel assegurou que “não apresenta problemas de caixa atualmente”. Segundo a empresa, o pagamento parcelado do IRPJ e da CSLL foi proposto como “estratégia administrativa e financeira” e que levou em conta o cenário de incertezas na economia brasileira e no setor elétrico “e outros fatos relevantes”.

Um deles era o atraso no pagamento de indenização de ativos de transmissão. O governo federal deixou de pagar as parcelas em outubro de 2014 e, em março de 2015, devia R$ 220 milhões à estatal.

Outro fato era o déficit hídrico. Com a seca, as hidrelétricas da Copel estavam gerando menos que o previsto em contrato, o que obrigava a empresa a pagar valores mensais no mercado de curto prazo. “A liquidação desse débito estava paralisada por liminar judicial, mas já representava para a Copel um compromisso de cerca de R$ 260 milhões”, disse a empresa.

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