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Copel Distribuição é uma das mais interessadas no leilão de energia que acontece hoje | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Copel Distribuição é uma das mais interessadas no leilão de energia que acontece hoje| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Corte

O Operador Nacional do Sistema Elétrico negou ontem, em nota, que sugeriu corte na oferta de energia ao governo brasileiro, mas admitiu que, caso ocorra o agravamento das condições hidrológicas no período de maio a novembro, "poderá propor medidas adicionais às autoridades setoriais, de forma que fique garantido o fornecimento de energia". Foi uma resposta à reportagem do jornal Valor Econômico que dizia que o ONS defendeu nos bastidores que a carga de energia disponível para o país seja reduzida de 4% a 6% para poupar a água dos reservatórios.

Segurança

Produtores independentes estão de olho em contratos mais longos

Agência Estado

Os produtores independentes de energia elétrica irão participar do leilão em busca de contratos que lhes deem segurança para os próximos cinco anos. Com isso, o setor dará uma certa ajuda para que Eletrobras e Petrobras consigam oferecer ao mercado os 3,2 mil megawatts médios (MWm) necessários para zerar o rombo do setor de distribuição de luz.

"O preço do leilão é bastante atrativo, considerando que são até cinco anos de contrato. O preço da energia no curto prazo hoje está alto e lucrativo para os geradores, mas a tendência é cair no próximo período. Um contrato longo dá mais segurança para a atividade", avaliou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine), Luiz Fernando Vianna.

De acordo com ele, muitos associados da entidade pretendem ingressar no leilão oferecendo potências razoáveis, de até 100 MWm. "É um leilão ultra mega importante para dar estabilidade para o setor. Qualquer contratação já será lucro. Acredito que pelo menos 50% da demanda será garantida, mas há sim boas chances de se chegar a 100% de contratação."

Situação oposta

Subsidiária lucra com a venda de energia no mercado à vista

A gestão problemática do setor elétrico somada a um período de seca prolongada que reduziu o nível dos reservatórios hidrelétricos colocou as duas principais subsidiárias da Copel em situação totalmente oposta. Enquanto o braço de distribuição acumula prejuízos causados pela exposição involuntária no mercado de curto prazo, a Copel Geração e Transmissão ri à toa com a venda de parte da energia produzida no mercado à vista a R$ 822,83 o MWh, o chamado Preço de Liquidação das Diferenças (PLD).

Em 2013, a subsidiária de geração terminou o ano com resultado positivo nos principais indicadores do balanço. O lucro líquido avançou quase 43% em relação ao resultado do ano anterior.

Graças ao bom desempenho da área de geração e transmissão, a Copel reverteu o prejuízo de 2012 e encerrou 2013 com lucro de R$ 1,1 bilhão, crescimento de 51,6%. O resultado poderia ter sido melhor, não fosse o prejuízo de R$ 78,5 milhões da área de distribuição, que aumentou 80% em relação ao resultado de 2012.

Uma das empresas mais impactadas pela crise do setor elétrico, a Copel Distribuição recebeu o terceiro maior volume de recursos emprestados por meio da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), atrás somente da Light (RJ) e da Eletropaulo (SP). Os bancos financiaram R$ 11,2 bilhões, dos quais R$ 4,7 bilhões foram repassados em uma primeira parcela a 39 distribuidoras.

INFOGRÁFICO: Confira as 10 distribuidoras que mais receberam recursos do empréstimo

A Copel obteve R$ 447,3 milhões para cobrir a exposição involuntária no mercado de energia de curto prazo apenas em fevereiro. A empresa ainda vai receber mais dois repasses em maio e junho para bancar os prejuízos de março e abril, mas depois não existem mais recursos previstos. Todo esse valor será repassado na tarifa de energia dos paranaenses a partir de 2015. Por isso, a Copel Distribuição é uma das maiores interessadas no leilão que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) promove hoje.

Além de pagar caro pela energia térmica que está entrando no sistema (R$ 822 o megawatt/hora), a empresa tem um grande volume de energia descontratada. Isso significa que ela é obrigada a comprar energia mais cara no mercado de curto prazo, cujo preço é impactado pelo uso das térmicas. Em entrevista à Gazeta do Povo no dia 18 de março, o diretor-presidente da Copel Distribuição, Vlademir Santo Daleffe, confirmou em 12% o porcentual de energia que a empresa precisa comprar para honrar seus contratos. Procurada nos últimos dias, a estatal não concedeu entrevista.

Exposição

Em 2013, mesmo com um aporte de R$ 827,3 milhões da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), a Copel ficou exposta em R$ 250 milhões, segundo informações da empresa. Em janeiro, a companhia recebeu um aporte de R$ 114,6 milhões do governo que zerou a exposição do mês. Agora, o empréstimo via CCEE deve sanar o custo da exposição e do gasto extra com a compra de energia térmica dos meses de fevereiro, março e abril. O empréstimo tem como garantia as receitas futuras das distribuidoras, ou seja, terá de ser repassado na tarifa de energia a partir de 2015.

Segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), a exposição total das distribuidoras é de 3,2 mil megawatts médios (MWm), volume que as empresas vão tentar comprar no leilão. "Embora o preço da energia no curto prazo esteja alto, ele não vai durar por cinco anos. O leilão deve atrair um bom número de vendedores", afirma Ricardo Savoia, diretor de Regulação e Gestão em Energia da consultoria Thymos.

Contudo, apesar do preço mais atrativo [R$ 271 o MWh, o teto definido pela Aneel], o leilão de hoje não deve suprir todo o volume de energia descontratada das distribuidoras, mas vai reduzir parte da pressão sobre o governo e o caixa das empresas, avalia Savoia.

Governo diz que leilão pode não atender toda a demanda

Folhapress

O secretário de Planejamento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, disse ontem que a contratação de energia que será ofertada no leilão de hoje pode não chegar aos 3,2 mil MWm necessários para as distribuidoras deixarem de contratar energia mais cara no mercado de curto prazo. Em geral, as distribuidoras fazem contratos longos com as geradoras, o que permite preços mais baratos. No curto prazo, a energia é mais cara.

"Temos esperança que seja contratado tudo o que as distribuidoras estão esperando. Mas o valor do descontratado é elevado e é possível que a oferta não atinja plenamente toda a disponibilidade do que está descontratado", disse o secretário, sem deixar de enfatizar que, apesar disso, a expectativa do governo é boa em relação ao leilão.

Ventura Filho afirmou ainda que a realização da disputa será favorável para as tarifas.

Oportunidade

O leilão é para contratos de energias para os próximos cinco anos. O secretário não revelou quantas usinas se mostraram interessadas. "Nessa situação os preços sinalizaram oportunidades favoráveis tanto para os consumidores quanto para os geradores, que poderão disponibilizar sua energia pelos próximos cinco anos."

"Na realidade, esse contrato vai fazer com que essas térmicas que estavam liquidando [vendendo] no chamado PLD [Preço de Liquidação de Diferenças, que é o mercado de curto prazo] pelo valor teto, vão vender energia por um preço menor. Com esse preço menor, é mais vantagem para os consumidores", afirmou.

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