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Fortalecido, Campos Neto deixa legado de autonomia do Banco Central
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.| Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (31) manter em 10,50% ao ano a taxa básica de juros da economia, a Selic. A manutenção era esperada pelo mercado financeiro. A decisão foi por unanimidade.

Em nota, o comitê não apresentou indicativos de uma retomada de cortes. O Copom alertou que "se manterá vigilante" e relembrou que "eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".

O Copom disse que "monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros". Desde agosto do ano passado, o Copom mantinha o patamar de corte em 0,5 ponto percentual.

Em maio, o colegiado desacelerou as reduções e diminuiu a taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual, fixando 10,50% ao ano. Na reunião de 16 de junho, o comitê interrompeu o ritmo de corte e manteve a Selic em 10,50% ao ano.

O governo federal pressiona pela redução da taxa básica de juros. Além disso, o presidente Lula (PT) intensificou as críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“Hoje, temos o menor nível de desemprego, a inflação está controlada, só falta a gente reduzir a taxa de juros, que não depende só do governo, mas que a gente vai conseguir também”, disse Lula durante o anúncio de obras em Mato Grosso, nesta quarta (31), antes da decisão do Copom ser divulgada.

No comunicado, o autoridade monetária destacou que levou em conta "o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade" para manter a Selic.

E considerou também que a "elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela".

Meta fiscal

Assim como aconteceu nas reuniões mais recentes, o Copom voltou a reforçar a necessidade de perseguir a meta fiscal. Neste mês, o governo federal anunciou o congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 para cumprir a meta.

O colegiado defendeu que "uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária".

"A política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno da meta", ressaltou o Copom.

Impacto da inflação nos Estados Unidos

Mais cedo, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, manteve sua taxa de juros de referência no intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano. A instituição não descarta a possibilidade de reduzir a taxa na próxima reunião, marcada para 17 e 18 de setembro.

O Copom considera que o "ambiente externo mantém-se adverso, em função da incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e sobre as dinâmicas de atividade e de inflação em diversos países".

Para o Banco Central brasileiro, o "cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes".

Em nota, o Comitê de Mercado Aberto (Fomc) disse que não prevê cortar as taxas “até que esteja mais confiante de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%”. No entanto, o Fed destacou que a economia está progredindo em direção à meta de 2%, assim como para atingir o nível máximo de emprego. Com informações da Agência EFE.

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