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Construção de casas populares em Curitiba: financiamento de imóveis “econômicos” será o mais afetado. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Construção de casas populares em Curitiba: financiamento de imóveis “econômicos” será o mais afetado.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Fique de olho

Veja algumas dicas na hora de parcelar uma compra ou tomar um empréstimo.

Bens de consumo

Além dos segmentos de automóveis e imóveis, a venda de bens de consumo – como eletrodomésticos e eletroeletrônicos – e os empréstimos devem ficar mais caros, segundo o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Storfer.

Paciência

Para quem tem dinheiro no bolso, a recomendação é esperar um pouco para ver quais os desdobramentos da crise. Há uma expectativa de desaceleração econômica, o que pode contribuir para queda de preços de alguns itens de consumo nos próximos meses.

Cautela

Os analistas recomendam cautela principalmente para o consumidor que precisa financiar a compra em prazos longos para que a parcela caiba no orçamento. A principal sugestão é adiar a aquisição e economizar.

Antecipação

Para quem não abre mão do longo prazo, os analistas afirmam que é melhor antecipar a aquisição, já que os planos de financiamento vão ficar mais curtos.

O crédito mais farto e fácil – uma das molas propulsoras do crescimento econômico brasileiro – será justamente o primeiro mecanismo financeiro a sofrer com a crise que tem golpeado o mercado global. Com isso, o consumidor vai enfrentar maior rigor dos bancos na concessão de empréstimos. Apesar de o crédito continuar em alta, a previsão é que o tomador passe a enfrentar, daqui para frente, prazos mais curtos e custos mais altos. O cenário de pessimismo deve afetar pelo menos dois grandes setores que vinham no embalo do crédito farto: a venda de imóveis e de carros.

Segundo o vice-presidente de lançamentos do Sindicato da Habitação e dos Condomínios (Secovi) no Paraná, Paulo Celles, já há uma expectativa de redução dos prazos de financiamento, sobretudo na categoria econômica, de imóveis até R$ 130 mil. "Esse é o setor que mais deve ser afetado, já que implicaria, em tese, risco maior para os bancos", diz. "Mas vale lembrar que são setores onde a Caixa Econômica tem um papel de destaque nos financiamentos e que passam também pela política de governo", afirma.

Segundo ele, é provável que os prazos atuais, – hoje de até 300 meses – caiam para patamares da década de 1990, de 240 meses. "Não vamos ter redução de crédito, mas ele vai ficar mais difícil. Os bancos vão exigir mais solidez creditícia de quem quer comprar um imóvel", afirma.

O setor de vendas de veículos vem, há 60 dias, sentindo algumas limitações na concessão do crédito, segundo Luis Antonio Sebben, diretor regional da Federação Nacional de Veículos Automotores (Fenabrave). O prazo máximo de financiamento de um carro novo caiu de 84 para 48 meses e os juros subiram para 1,5% ao mês – contra 1,2% no início do ano. As vendas sem entrada – que se tornaram comuns nos últimos anos – praticamente desapareceram do mercado.

"Além na análise cadastral, os bancos estão cruzando as informações e avaliando os riscos conforme a atividade profissional do comprador. Um professor do Estado, por exemplo, que tem estabilidade no emprego, tem muito mais chance de conseguir financiamento do que um transportador autônomo", compara Sebben.

A crise coloca um freio no mercado justamente em um momento de alargamento dos prazos de financiamento. Dados mais recentes do Banco Central, de julho deste ano, mostram que o prazo médio de financiamento para a compra de veículos caiu de 595 dias para 590 dias entre junho e julho de 2008, mas subiu em relação ao mesmo período do ano passado, quando estava em 567 dias.

O prazo de aquisição de imóveis, no entanto, aumentou de 2.501 dias em junho para 2.551 dias em julho. No mesmo período do ano passado, o prazo era de 1.822 dias.

Esse fenômeno ocorreu porque, com a alta dos juros, muitos consumidores esticaram os prazos e mantiveram as vendas em alta. "Esse movimento agora acabou e o consumidor não poderá usar mais essa estratégia. Varejo e bancos vão reduzir os prazos até o fim do ano", diz Dirceu Bezerra Júnior, um dos fundadores da Rosenberg Consultores Associados.

Os bancos dizem que não há problema para encontrar recursos no mercado, mas eles vão ter um custo de captação mais elevado, o que deve encarecer o crédito. Para o vice-presidente de estudos e análises da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Storfer, "o sinal amarelo está aceso" e, quanto maior o risco da operação, maior será a restrição.

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