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O secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (MME), Carlos Nogueira, avaliou que a crise do setor de mineração é global e que faz parte do ciclo “de altos e baixos” do segmento. “O setor tem que estar preparado para pegar a curva ascendente que virá depois da depressão”, disse a jornalistas antes da abertura do 16º Congresso Brasileiro de Mineração e Exposição Internacional de Mineração (Exposibram).

Ele lembrou a crise de 2008, quando a China passou a ser o principal consumidor do minério brasileiro no lugar dos Estados Unidos. “Acreditamos que essa depressão que estamos vivendo é cíclica, os preços vão voltar a patamares mais altos”, afirmou.

Para ele, o grande desafio atual das empresas é operar com preços baixos. “Há 15 anos, o preço do minério de ferro era US$ 10 a tonelada e todo mundo sobreviveu. O problema é que quando o preço sobe, os custos operacionais também sobem”, alertou. O secretário falou que voltar aos níveis entre US$ 150 e US$ 140 a tonelada “vai demorar muito”. “Podemos ter um meio termo. O mercado já sinalizou, hoje já está US$ 59. Acredito que quando chegar aos US$ 80 a tonelada, todas as pequenas e médias mineradoras podem voltar à atividade. Porém, vai depender muito do mercado chinês”, ressaltou. Por outro lado, conforme ele, o câmbio atual ajuda nas exportações do setor.

Nogueira também comentou que o MME discute muito a inovação e agregação de valor do setor, inclusive em parceria com os Ministérios de Ciência e Tecnologia e de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. “Temos que deixar de ser um País de monocultura do minério de ferro, que representa hoje 80% do PIB mineral brasileiro. Há a necessidade de diversificar a matriz mineral nacional. E aí um preço no nível atual afeta a balança comercial, a entrada de dólar no País”, falou, completando que na área de geologia, o País já avançou bastante.

“É possível agregar tecnologia nos bens minerais brasileiros. É óbvio que não transformaremos as 400 milhões de toneladas que produzimos hoje, em aço, mas não dá para ficar no mesmo patamar de 20 anos e aumentando exponencialmente a produção de minério de ferro. Estamos no caminho”, disse.

Marco regulatório

Questionado se o País apresenta insegurança jurídica para a avanço de investimentos no setor, principalmente estrangeiro, o secretário foi enfático. “Não. Pelo contrário. Vai mudar o código, mas os direitos serão preservados. O investidor não quer saber de novo marco, mas a partir do momento que ele decide investir é porque ele viu que tem garantia de retorno”, disse.

Conforme ele, o MME apoia o novo Marco Regulatório da Mineração, que substituirá o código em vigor, de 1967, que está em discussão e será enviado ao Congresso Nacional. “Vemos a necessidade sim de um novo marco, até porque o código atual tem 50 anos. Só tecnologicamente falando, ele tem amarras, a burocracia não deixa o setor andar. Outra coisa: o código vai ajudar cada segmento do setor, que tem as suas nuances”, falou.

Nogueira ainda comentou brevemente sobre a cadeia de alumínio. Para ele, o impedimento para que o setor seja competitivo é o valor da energia elétrica, já que é um segmento que tem uma demanda muito grande pelo insumo. “Não é questão de política mineral, é de política energética”, ressaltou.

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