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Combustíveis
| Foto: Pixabay

Cautela em relação ao preço dos combustíveis. É assim que a Petrobras vai agir nos próximos dias diante da forte elevação nos preços internacionais do petróleo, causado pelo ataque de rebeldes iemenitas a uma das maiores instalações petrolíferas sauditas, responsáveis por cerca de 5% da produção mundial.

A avaliação da empresa é que os preços estão oscilando muito no mercado internacional. Somente nesta segunda o barril do petróleo aumentou 13%. “O clima é de forte volatilidade”, diz Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos.

A estatal deve esperar os próximos desdobramentos dos conflitos no Oriente Médio antes de decidir sobre um eventual aumento no preço dos combustíveis. “O mais problemático é o impacto diplomático, porque lá há um equilíbrio instável e violento. Não se sabe o que vai ter de resposta dos países”, afirma Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco Modalmais.

“A gente tem de olhar um pouco do cenário que vai se desenhar daqui para a frente. Vejo muito mais uma crise dos países do Oriente Médio com os Estados Unidos diante desse fato na Arábia Saudita. Se isso provocar uma crise de consequências mundiais, aí sim, podemos ter uma forte pressão altista no petróleo e aí, provavelmente vai ter alguns impactos no Brasil em termos de reajuste”, ressalta Panonko.

Uma eventual decisão de alta nos preços dos combustíveis pode demorar meses, ressalta. Panonko lembra que empresas que atuam no segmento de commodities têm mecanismos de proteção. “Se permanecer uma tendência de alta nos próximos dois, três meses, aí si, você tem realmente consequências para o consumidor.”

O analista aponta que prevalecendo esse cenário pode haver um problema mais político, por causa da forte representatividade que os caminhoneiros ganharam com a greve de maio/junho do ano passado.

“Isto tira o poder de barganha da Petrobras. A gente sabe que até por ela ser estatal e o governo jurando de pés juntos que não interfere nos preços dos combustíveis, antes de tomar qualquer decisão vai pensar em que movimento fará”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, que também não vê espaço para alta nos preços.

Outra questão que inibe uma alta nos preços é a estratégia que a Petrobras vem adotando, que é a de focar na exploração e na produção de petróleo.

“Um aumento de preços dos combustíveis poderia suscitar uma dúvida de mercado se eles vão continuar nessa política que vem dando certo, que é a redução da empresa e de seus custos. Pode levantar dúvida do mercado se a política da empresa vai mudar dos desinvestimentos para a de preços”, destaca Arbetman.

Impacto internacional

Panonko indica que o momento é de forte volatilidade nos preços dos contratos futuros de petróleo. Isso vai impactar principalmente os países que são fortes importadores e dependem muito do petróleo em suas economias. “Países asiáticos, países europeus dependem muito mais do petróleo do que o Brasil.”

Mas essa maior volatilidade não deve afetar a tomada de decisões de política monetária a serem tomadas nesta semana. Os bancos centrais de algumas das maiores economias mundiais – entre elas Estados Unidos, Japão, Reino Unido e Brasil – vão realizar reuniões para avaliar suas taxas básicas de juros.

“O Fed vai reduzir taxa de juros, o Copom vai reduzir taxa de juros, o Japão provavelmente vai flexibilizar política monetária já que os juros por lá já estão negativos, e o banco central inglês tem que lidar com uma outra situação fora de tudo isso que é o Brexit”, diz Bandeira.

Segundo ele, o que já era previsto – corte nos juros – vai acontecer. “Não se sabe até quando essa confusão vai perdurar e por quanto tempo vai perdurar.”

O impacto imediato, para Arbertman, é que o ataque dos rebeldes iemenitas foi mais um capítulo no aumento à aversão ao risco no cenário internacional e se soma à guerra comercial EUA-China e à desaceleração da Europa.

Perdurando esse cenário, apontam os especialistas, o crescimento é afetado. O Fundo Monetário Internacional projeta uma expansão de 3,2% este ano e 3,5% no próximo; uma taxa de 3,3% ou menos seria a mais fraca desde 2009.

“Se você tiver deficiência no suprimento de petróleo, você afeta o crescimento global, a inflação e com isso você desequilibra câmbio e as expectativas com relação à taxa de juros que estava vigorando no mercado. As empresas certamente vão sentir se for possível repassar esses aumentos de custo para o produto final. Em alguns casos será possível repassar e para outros não”, diz Bandeira.

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