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| Foto: Lucas Pontes/Gazeta do Povo

Lançada há quatro anos no Brasil para a Copa do Mundo, a tecnologia 4G da telefonia móvel deve ultrapassar o número de linhas 3G até o fim deste ano ainda concentrada nas maiores cidades do país e com pouca competição.

De acordo com dados da consultoria Teleco, a expectativa é chegar em dezembro com mais de 90 milhões de chips trafegando na rede que permite ver vídeos em alta velocidade. O número de linhas vai praticamente dobrar, já que hoje há 56 milhões de usuários 4G. Por outro lado, a rede 3G vai perder força, caindo dos atuais 124 milhões para menos de 90 milhões.

Cobertura

Mas, mesmo com avanço no número de usuários 4G no Brasil — impulsionado ainda pelo fato de que a maioria das empresas vende apenas chip 4G na hora da renovação do plano ou troca do aparelho —, 4.093 dos 5.570 municípios não contam com a tecnologia. Dos 1.477 municípios que já oferecem celulares habilitados em 4G, 65% (963 cidades) têm apenas uma das cinco operadoras, de acordo com dados compilados pela Teleco.

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“Todas as cidades com mais de cem mil habitantes têm as quatro operadoras, que é onde está a maior parte da população. E quando se vai para municípios menores, cada operadora montou sua estratégia. A tendência é que a cobertura aumente neste ano”, diz Eduardo Tude, sócio da Teleco.

Mas a qualidade do serviço também é criticada, sobretudo com a crise econômica, que fez as empresas cortarem investimentos. Um analista, que prefere não se identificar, lembra que uma das maiores operadoras do país instalou hotspot (equipamento que oferece serviço Wi-Fi, com cobertura geográfica restrita) em mais de 60 cidades e falou que tinha rede 4G:

“Ou seja, só tinha 4G em alguns quarteirões das cidades. Mas na propaganda tudo funciona bem. A crise fez muitas empresas adiarem os investimentos.”

Assim, Vivo, Oi, Claro, Tim e Nextel só competem juntas em 4G em apenas 11 cidades — todas do Rio de Janeiro. As quatro maiores empresas só estão juntas em 262 cidades — 17,7% dos locais com 4G. Em geral, são as capitais e cidades das regiões Sudeste e Sul.

Segundo o analista Virgilio Freire, a demanda por 4G cresce num momento em que os investimentos estão em queda. Isso, disse, vai exigir maior atenção dos órgãos reguladores.

“Os investimentos do setor caíram no ano passado mais de 20%. O 3G já tem uma série de problemas, e o 4G está indo para o mesmo caminho, focado em cidades de maior renda. Por enquanto, a inclusão deve ocorrer só em alguns anos”, destacou o especialista.

Estratégia

Onde está implantado, a procura por 4G só cresce. Na Vivo, por exemplo, o tráfego da rede 4G ultrapassou a de 3G em dezembro do ano passado. A companhia, líder na tecnologia no país, pretende aumentar o número de cidades neste ano. Rodrigo Dienstmann, diretor de Operações da Telefônica Vivo, destaca que a escolha das cidades para receber 4G ocorre onde a empresa percebe que há aparelhos 4G trafegando em rede 3G:

“Com base nisso, levamos a rede 4G. Existe uma correlação da rede 4G com a renda. Queremos em 2017 ampliar o número de cidades menores, com população abaixo de cem mil habitantes. A rede 4G representará mais da metade dos nossos investimentos.”

De olho na melhoria da qualidade e no aumento do volume de dados 4G — só o Rio teve avanço de 140% entre janeiro de 2016 e 2017 — , a Vivo está reaproveitando a frequência da antiga rede 2G e direcionando para a 4G. Dienstmann destacou que a rede 2G, por estar em frequência mais baixa, tem raio de cobertura maior que a 4G.

Estratégia semelhante tem a Oi. Roberto Guenzburger, diretor de Produtos de Mobilidade e Conteúdo, destaca que a tele quer aumentar em três vezes o número de cidades com 4G até o fim do ano. E mais de 50% desses novos municípios que passarão a contar com 4G vão operar na frequência da rede 2G.

“É um ganha-ganha. Vamos, com isso, melhorar a cobertura pois o alcance é melhor. Isso permite uma economia, pois não precisamos colocar a mesma quantidade de antenas, já que na 4G, por ter frequência alta, o alcance é menor. A migração de 3G para 4G poderia ser maior não fosse a crise, que aumentou os preços dos aparelhos”, afirmou Guenzburger.

A Nextel, que oferece 4G em 11 cidades do Rio com rede própria, vai lançar seu serviço em São Paulo. O número de antenas instaladas, diz Jorge Braga, vice-presidente de Operações da Nextel, chega a 300 unidades. Segundo ele, a rede está sendo instalada onde há maior consumo de dados:

“Nossa estratégia é focar em Rio e São Paulo. Estamos colocando 4G onde há mais renda.”

A Claro também vem concentrando os investimentos de rede em 4G. Márcio Carvalho, diretor de Marketing da América Móvil para o Mercado Pessoal, diz que a intensidade dos investimentos vai depender da economia e do volume de clientes.

“Mas estamos otimistas, com foco em ampliação de cobertura. O perfil de consumo de 4G se assemelha a uma pessoa com internet banda larga fixa.”

De olho na economia, a TIM também passou a fazer mais por menos. Leonardo Capdeville, diretor de Tecnologia da tele, quer praticamente dobrar o número de cidades 4G até o fim deste ano dentro de um plano de investimento trianual (R$ 12,5 bilhões), que apresentou redução em relação ao plano anterior (R$ 14 bilhões):

“Passamos a racionalizar os nossos investimentos. O desafio é ampliar a capacidade da rede de transporte nas cidades. O volume de dados 4G já é maior que o de 3G.”

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