A tese de que o Brasil passa por um processo inequívoco de desindustrialização não é ainda um consenso entre especialistas. Levantamento feito pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB) e Conselho Regional de Economia (Corecon-SP) mostra que para 18 (6% de um universo de 250 economistas associados às duas entidades e que se propuseram a responder ao questionário) não é verdade que o parque fabril brasileiro passa por um desmonte.
A pesquisa de opinião, que o Broadcast recebeu com exclusividade mostra ainda 11,7% dos consultados avaliando que a tese da desindustrialização é válida, mas apenas para alguns setores e não para a indústria como um todo. Ainda assim a maioria dos participantes, 69,7% do total de entrevistados, acredita sim que o País passa por um processo de desfazimento de seu parque fabril.
Além disso, 94,7% dos informantes que se dizem favoráveis à adoção de medidas para reativar a indústria no Brasil. Apenas 4 7% dos 250 economistas consultados disseram ser contrários a que se adote medidas de estímulos à indústria. Outros 0,5% disseram ser favoráveis, mas apenas para aqueles setores que eles acreditam estarem de fatos apresentando dificuldades de permanência nos seus nichos de atuação.
A OEB e o Corecon-SP procuraram saber de seus associados quais seriam os principais problemas que emperram o crescimento industrial no Brasil nos padrões esperados diante de seu potencial. Contrariamente ao esperado, o câmbio apareceu na última colocação dentre as 9 alternativas propostas nas questões fechadas.
Por este levantamento, lidera o ranking das questões determinantes para a indústria a falta de infraestrutura, seguido de custo dos impostos, problemas de logísticas e burocracia. Figuram ainda insegurança com a legislação, falta de capacitação profissional, altas taxas de juros, encargo trabalhistas, dificuldade de acesso a crédito e problema cambial.
Infraestrutura
Numa escala de zero a 10 pontos, de péssimo a ótimo, mais de 80% dos pesquisados classificaram o problema da infraestrutura com menos de 3 pontos, numa média de 1,43 pontos. A baixa nota dada à infraestrutura decorre dos problemas ou falta de estradas, ferrovias, portos, silos para armazenagem e excesso de trânsito.
Os custos da indústria com impostos receberam uma média de 1,53 pontos, mesma pontuação dada à logística e burocracia. A segurança na legislação ficou com uma média de 2,33 pontos, a capacitação profissional com 2,59 pontos. Ainda de acordo com a pesquisa, o sexto maior entrave para o crescimento da indústria, a taxa de juros, ficou com uma média de 2,60 pontos na escala de zero a 10 pontos.
O custo com encargos trabalhistas ficou com 2,65 pontos e foi reconhecida pelos economistas como uma questão que extrapola o razoável ao dobrar o custo da mão de obra na produção, parcialmente compensada com salários relativamente inferior ao dado pelos padrões internacionais, exceto ao da China, entre outros países com regimes políticos diferenciados. A disponibilidade de crédito assim com os juros não aparecem na pesquisa como fator impeditivo determinante da melhoria do crescimento industrial. A média conferida a esta questão foi de 3,27 pontos.
A sobrevalorização do real frente ao dólar se, por um tempo, acarretou alguns impedimentos à competitividade da indústria brasileira, mas recentemente deixou de sê-lo porque, mesmo com a recente desvalorização, não produziu resultados muito animadores pelo menos no curto prazo. Embora a grande maioria, mais de 80% ainda classificam esta questão com pontuação inferior a 5 pontos, a média ficou em 3,75 pontos.
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