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O diesel foi reajustado em 8% nas refinarias no fim de novembro. Nas bombas, uma semana depois, o aumento médio no país ficou em 4,85%, segundo a ANP | Marco Andre Lima/ Gazeta do Povo
O diesel foi reajustado em 8% nas refinarias no fim de novembro. Nas bombas, uma semana depois, o aumento médio no país ficou em 4,85%, segundo a ANP| Foto: Marco Andre Lima/ Gazeta do Povo

Lógica

Gastos variam de acordo com distância percorrida

O impacto dos dois reajustes nos custos de produção são variados e dependem da distância percorrida e da carga transportada. Segundo um levantamento feito pela Ocepar, uma carga proveniente de Foz do Iguaçu com destino ao porto de Paranaguá pode sofrer impacto de quase 10% no preço recebido pelo produtor de milho, mas pouco mais de 2% quando o produto transportado é a soja – nos dois casos, somente em pedágio, o transportador gastará R$ 697,60. Os gastos com diesel variam de acordo com o veículo usado.

Já o estudo desenvolvido pelo Decope/NTC&Logística (Departamento de Custo Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos), apontam que somente os gastos com diesel podem ficar 2% maiores em trajetos longos (acima de 800 quilômetros) como o apresentado pela Ocepar. Em distâncias mais curtas, a influencia da alta do combustível pode ser relativamente menor: uma viagem de 80 quilômetros, como de Curitiba ao litoral, fica 0,9% mais cara, por exemplo.

R$ 697,60 de Foz a Paranaguá

Segundo cálculos do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), com os reajustes, o produtor paranaense gastará R$ 697,60 somente com pedágios para transportar grãos de Foz do Iguaçu até o porto de Paranaguá, no Litoral do estado. O impacto sobre o preço recebido pelo produtor será de quase 10% no caso do milho e 2% no caso da soja. Os gastos a mais por causa da alta do diesel vão depender do veículo usado para o transporte da carga, mas também deverão ter forte impacto sobre o produtor. Os economistas alertam que todo esse aumento de custo chegará ao fim da cadeia: o bolso do consumidor.

Os reajustes aprovados recentemente pelo Conselho de Administração da Petrobras sobre o diesel e pela Agência Reguladora do Paraná sobre os pedágios do estado terão impacto expressivo no setor produtivo do estado. De acordo com estimativas de consultorias logísticas e cooperativas, as duas altas provocarão pelo menos 8,5% de alta nos custos da produção agrícola e outros 2,3% de aumento nos gastos com transporte de carga em geral.

Os dois reajustes – de 8% no valor do diesel e 5,72% nos pedágios – passaram a valer no início de dezembro. De acordo com um levantamento do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), somente no transporte de grãos, o pedágio é responsável por até 30% dos custos. "O pedágio causa vulnerabilidade aos agricultores, uma vez que as tarifas cobradas representam valores altos, que ao final impactarão nos preços recebidos pelos produtores, que já estão com contratos fechados com base em uma tarifa antiga", afirma o presidente da entidade, João Paulo Koslovski.

O combustível também é responsável pelo custo de uma grande parcela do que é transportado no estado. Segundo a Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado do Paraná (Fetranspar), pouco mais de 40% do valor do frete está ligado ao custo do combustível. "O mais preocupante é que nos últimos doze meses o diesel já aumentou mais de 25%. Quem paga pela incompetência da Petrobras são os consumidores e as transportadoras", afirma o presidente da federação, Sérgio Malucelli.

O aumento dos custos, no entanto, não se restringe aos produtores e transportadores – depois de absorver os aumentos iniciais, os novos preços devem ser repassados aos consumidores assim que os novos contratos forem firmados. "Não temos como segurar o preço. O aumento será considerado nas negociações futuras com os clientes", afirma Malucelli.

Alta generalizada

Com isso, a alta deve ser generalizada. Mesmo que os dois itens impactem diretamente pouco mais de 0,05% no índice oficial de inflação, o aumento nos custos de transporte deve gerar uma reação em cadeia. "O transporte rodoviário representa mais de 80% de toda a logística brasileira. É difícil apontar um produto que não dependa das rodovias para chegar ao consumidor final", afirma o economista especialista em Logística, Adalberto Santini.

Alimentos e outros produtos com baixo valor agregado devem ser os mais afetados, pois suas composições de preço são fortemente impactadas pelos custos operacionais. "Os consumidores irão pagar tarifas mais altas para trafegar nas estradas e sentirão ainda o custo na hora da compra de alimentos nos supermercados", completa Santini.

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