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Pandemia acelerou processo de digitalização no Brasil, que pode impulsionar competitividade do país
Pandemia acelerou processo de digitalização no Brasil, que pode impulsionar a competitividade do país.| Foto: Leonardo Sá/Agência Senado

Vários rankings de produtividade e competividade apontam que o Brasil tem uma série de entraves que atrapalham seu crescimento, da burocracia excessiva à precariedade da infraestrutura. Questões relacionadas à tecnologia e à inovação também estão nesta lista. Mas, curiosamente, o país pode se beneficiar de um fenômeno que em vários aspectos foi devastador: a pandemia de Covid-19. É que ela acabou provocando um processo de digitalização “na marra”, que tem chances de impulsionar e acelerar o desenvolvimento do país.

Algumas pistas desse movimento estão no estudo “Digitalização, Resiliência e Continuidade dos Negócios: o que aprendemos com a pandemia da Covid-19”, divulgado pela Cisco e a Deloitte na semana passada. O levantamento avaliou quatro setores – educação, saúde, justiça e governo –, analisando o nível de resiliência em relação à pandemia, fatores que aceleraram a digitalização de cada um e também aqueles que inibiram o processo.

As conclusões gerais dessa pesquisa são de que a pandemia se tornou um marco relevante para a aceleração da adoção digital em diferentes setores, o que abre caminho para implementação de novas iniciativas, já que a digitalização se tornou o caminho possível para a continuidade da vida em diferentes esferas.

Os desafios impostos pela crise sanitária exigiram criatividade e rápida adoção de planos emergenciais, e o momento em que o “novo normal” começa a avançar permite o aprimoramento das ações de digitalização, tanto para a continuidade de negócios e serviços quanto para ampliar a inclusão.

Crise impulsiona busca por soluções

A aceleração da digitalização durante a pandemia é considerada a “luz no fim do túnel” de que o Brasil precisava para impulsionar esse setor, na avaliação de Rodrigo Uchoa, head de novos negócios e digitalização na Cisco Brasil. Para ele, há muito tempo se discutia as razões da baixa velocidade da execução da digitalização no país.

Para ele, com a pandemia ficou claro que não adianta optar pela replicação de modelos e processos que já não funcionam no mundo físico ao transpô-los para o virtual – isso não resolve, e sim amplifica os problemas. Embora o país não estimule tanto o setor de inovação, já vinha avançando na área e a crise se tornou a oportunidade para traçar novos planos e acelerar as mudanças.

“A pandemia é a oportunidade de se traçar planos, até para refazer e construir propostas de novas maneiras”, aponta. Ele cita o apoio à inovação e a desburocratização do governo e serviços como fatores que são capazes de permitir uma universalização de acessos por meio da tecnologia.

Para Uchoa, o Brasil enfrentará um momento de dois a três anos de recuperação, de retomada após a pandemia. “Temos muitas discussões positivas e interessantes de como a gente poderá dar alguns saltos e quebrar um pouco o lado histórico de a falta de digitalização ser uma das barreiras que falta superar para o desenvolvimento econômico do país”, pondera.

A avaliação de Heloisa Montes, sócia-líder de consultoria em estratégia e inovação da Deloitte, responsável técnica pelo estudo, é nessa linha: a pandemia trouxe necessidades de novos modelos de negócio e operação.

“Quando falamos de competitividade, a gente fala de país, políticas públicas, economia como um todo, regulamentação de normas, mas fala principalmente do movimento de empresas. E elas também tiveram de passar por uma transformação na marra”, avalia.

Esse movimento ocorreu não só pela necessidade de avanços tecnológicos, mas também pela mudança de comportamento do consumidor. Nesse sentido, Heloísa analisa que houve uma movimentação intensa, de pequenas a grandes empresas.

Como exemplos, ela lembra a adesão de pequenos negócios a market places, a reorganização de cooperativas e o suporte que grandes empresas prestaram aos pequenos. “É uma onda ruim quando muitas empresas saem do mercado ao mesmo tempo, não melhora a competitividade de ninguém”, avalia.

Para ela, o movimento de digitalização, especialmente nas quatro esferas avaliadas pelo estudo, continuará ocorrendo em nova velocidade. Quem tinha planos de longo prazo, precisou acelerar. Aqueles que não tinham pensado no tema, precisaram entrar. “Nós teremos reflexos nas grandes dimensões de mudanças e modernização do país, e muito será fruto desse processo de digitalização ‘na marra’”, pondera.

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