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Dilma, de óculos 3D durante apresentação na CNI: plateia de industriais aplaudiu críticas aos bancos | Ueslei Marcelino/Reuters
Dilma, de óculos 3D durante apresentação na CNI: plateia de industriais aplaudiu críticas aos bancos| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

No BB, crédito para aposentado triplicou após queda da taxa

A redução de juros em linhas de crédito do Banco do Brasil já provocou aumento no volume de empréstimos do banco. Nas linhas de crédito para aposentados e pensionistas do INSS, por exemplo, os desembolsos triplicaram: subiram de uma média de R$ 3,1 milhões diários antes do corte para R$ 9,5 milhões na quinta-feira, primeiro dia de vigência das novas taxas.

A liberação de recursos para o financiamento de veículos cresceu 33% na quinta-feira, na comparação com o período antes do anúncio. O BB liberou R$ 16 milhões nesta linha na quinta-feira, ante uma média diária de R$ 12 milhões antes do corte. Outra linha que registrou aumento no volume liberado de recursos foi o BB crediário, que tinha média diária de R$ 350 mil e na quinta-feira chegou a R$ 805 mil – uma alta de 130%.

O corte de juros do BB foi anunciado no dia 4. O banco cortou juros em segmentos como financiamento de veículos, crédito consignado e crédito direto ao consumidor (CDC). Para a compra de carro, a taxa mínima caiu para 0,99% ao mês.

Ao reduzir os juros dos bancos públicos, o governo quer estimular os privados a também reduzir. Na quinta-feira, o HSBC foi a primeira instituição financeira privada a anunciar redução de juros em algumas linhas para pessoa física.

A queda dos juros cobrados pelos bancos virou ponto de honra para o governo. Ontem, um dia depois de o ministro da Fazenda elevar o tom contra os "spreads" bancários, foi a vez de a presidente Dilma Rousseff atacar a questão. Ela atribuiu às altas taxas o entrave para o crescimento da economia brasileira, e deixou claro que deseja ver as instituições privadas seguirem os bancos oficiais e derrubarem o spread – que, no jargão econômico, é a diferença entre os juros que os bancos pagam para captar recursos e as taxas que eles cobram de seus clientes.

"É muito importante a gente perceber o que está em questão, hoje, no Brasil. Temos de desmontar alguns entraves ao nosso crescimento sustentável e continuado. Esses entraves podem ser assim resumidos na necessidade de colocarmos os nossos juros e spreads incluídos nos padrões internacionais de custo de capital", disse a presidente.

Dilma voltou ao assunto quando discursava de improviso para uma das plateias mais afoitas por crédito barato, a de empresários. A reação foi imediata. Mal a presidente terminou a frase, aplausos ecoaram no auditório da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O bombardeio do governo contra os juros foi intensificado na semana passada, quando Caixa e Banco do Brasil anunciaram redução de suas taxas. Na quinta-feira à noite, o HSBC foi o primeiro banco privado a seguir as instituições públicas. Também na quinta, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, elevou o tom sobre o assunto, dizendo que cabe às instituições, e não ao governo, diminuir suas margens para baratear o crédito. Foi claramente uma reação ao argumento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) de que a "bola estava com o governo" após a entrega de mais de 20 propostas à Fazenda. O ministro, porém, interpretou a lista como cobrança e não gostou de ser colocado na parede.

Logo depois do discurso de Dilma, o presidente da CNI, Robson de Andrade, disse apoiar "integralmente" a estratégia do governo na batalha contra os juros elevados. "Temos certeza de que os spreads podem ser reduzidos."

Segundo Andrade, a expectativa era de que essa diferença já tivesse começado a ser vista com o início das negociações em torno do cadastro positivo, mas que o setor acabou se frustrando. "Se o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, que estão entre as maiores instituições bancárias do país, conseguiram diminuir seus spreads, os bancos privados também têm condições de revisar seus cálculos e fazer o mesmo", acrescentou.

Outros entraves

Dado mais um recado aos bancos, a presidente fez uma mea culpa ao admitir que o país tem hoje estruturas tributárias que se tornam muito pesadas para o processo de crescimento sustentável. "Temos de criar condições para que o país possa de fato ter uma desoneração tributária que não comprometa a situação macroeconômica."

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