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A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira que a economia brasileira está fazendo um "pouso suave" e não aceita a dicotomia entre controle da inflação e crescimento. Em conversa com jornalistas, no terceiro andar do Palácio do Planalto, Dilma foi taxativa: disse que uma política de curto prazo, nessa seara seria "o pior dos mundos", pois teria efeito danoso para a economia.

"Não queremos inflação sob controle com crescimento zero", insistiu a presidente, quando questionada se trabalharia para levar a inflação a 4,5%, em 2012, a qualquer preço. "Estamos fazendo o chamado pouso suave, com uma taxa de crescimento adequada para o País. Não vamos derrubar o crescimento da economia a ponto de não termos o mecanismo da estabilização."

Com uma ponta de preocupação em relação ao cenário internacional Dilma afirmou que o Banco Central "está correto" ao usar a política de taxa de juros para domar a inflação. Na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a taxa Selic para 12,50% ao ano, a quinta alta consecutiva da taxa básica de juros.

Descontraída, a presidente observou que monitora diariamente todos os percalços no front internacional e admitiu a possibilidade de tomar "medidas duras", caso seja necessário. "Chova ou faça sol, estamos olhando os efeitos da crise na Europa e a questão do teto da dívida pública (dos Estados Unidos) sobre nossa economia, porque isso é da nossa responsabilidade", comentou. "Quando percebermos qualquer ameaça tomaremos medidas duras." Os jornalistas quiseram saber quais medidas poderiam ser tomadas, e ela abriu um sorriso. "Vocês acham que vou dizer?"

Dilma destacou que o governo continuará o processo de "consolidação fiscal" - eufemismo para se referir ao ajuste das contas - e disse que, por isso mesmo, a inflação está sob controle. Lembrou, ainda, que em cinco meses de governo, de janeiro a maio, o chamado governo central (Tesouro Nacional, BC e Previdência Social) já cumpriu mais da metade da meta fiscal fixada para o ano todo. A meta de superávit primário é de R$ 81 7 bilhões e já foi atingido o patamar de R$ 45,5 bilhões.

Política industrial

A presidente concorda que a defasagem na política industrial é um dos gargalos do País. Batizado como "Programa de Inovação do Brasil", o texto referente à política de desenvolvimento da competitividade está pronto e será agora apresentado no dia 2 de agosto. Haverá incentivo para incrementar a exportação de produtos manufaturados.

Na prática, a política industrial será fatiada. A ideia é contornar resistências e impedir que medidas que precisam passar pelo crivo do Congresso fiquem indefinidamente à espera de aprovação.

Além da valorização das exportações, os pilares da política industrial serão aumento do conteúdo local, agregação de valor, compras governamentais e política de defesa comercial.

A desoneração da folha de pagamentos não está incluída nesse pacote e "sai na sequência", de acordo com Dilma. Antes disso, no dia 9, a presidente disse que anunciará "uma boa melhorada" no programa popularmente conhecido como Super Simples, que prevê a unificação de oito tributos, seis federais, um estadual e um municipal.

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