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Merkel e Dilma conversaram ontem sobre o “tsunami monetário” que estaria valorizando moedas emergentes | Fabian Bimmer/Reuters
Merkel e Dilma conversaram ontem sobre o “tsunami monetário” que estaria valorizando moedas emergentes| Foto: Fabian Bimmer/Reuters

A presidente Dilma Rousseff disparou ontem novas críticas à política monetária de países desenvolvidos, que, segundo números do Banco de Compensações Inter­nacionais (BIS), despejaram US$ 8,8 trilhões em liquidez na economia mundial desde o início da crise. Ela também prometeu a adoção de novas medidas para impedir uma valorização maior do real diante das moedas estrangeiras – só descartou a quarentena de capital externo (uma exigência de permanência mínima do dinheiro vindo do exterior).

De acordo com a presidente, as medidas causam "desvalorização artificial" das moedas, "equivalem a barreiras tarifárias" e geram bolhas e especulação. O assunto, garantiu a chefe de Estado, seria tratado ontem com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. A presidente também ressaltou que o governo vai tomar medidas e citou o recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) como parte da estratégia, mas negou que defenda a quarentena. "Somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger. Vamos ver quais medidas, como essa que tomamos recentemente sobre o IOF", afirmou.

Dilma se mostrou contrariada com os novos números divulgados pelo BIS e disse que não apenas o Brasil, mas todos os países emergentes, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o próprio BIS estão preocupados com a enxurrada de dinheiro novo no sistema financeiro. "O efeito é internacional, não nacional. Como o mundo é globalizado, quando você tem um nível de expansão desses, há dois efeitos: um é a desvalorização artificial da moeda. (...) O outro problema sério é que cria uma massa monetária que não vai para a economia real. O que se produz? Bolha. Bolha, especulação", protestou.

A "desvalorização artificial" da moeda, segundo a presidente, não tem como efeito ganhos de competitividade das economias domésticas. "O que se está fazendo equivale a uma barreira tarifária. Todo mundo se queixa de barreira tarifária, de protecionismo", acusou.

O tom das reclamações do Brasil cresceu desde a última semana, quando o Banco Central Europeu (BCE) ofereceu mais 530 bilhões de euros em linhas de empréstimo subvencionadas – com juros de 1% e prazo de três anos para pagar. Nos últimos três meses, o total acrescentado ao sistema financeiro da zona do euro pela autoridade monetária chega a 1 trilhão de euros.

Protecionismo

Merkel respondeu às críticas dizendo que, se o Brasil está preocupado com o "tsunami monetário" desencadeado na Europa pela crise, os países desenvolvidos estão preocupados com as medidas protecionistas. "Dis­cutiremos a crise e as preocupações que cada um tem. A presidente falou de um ‘tsunami de liquidez’ que a preocupa. Da nossa parte, olhamos para onde estão as medidas protecionistas", afirmou a chanceler. Entre as recentes decisões do governo brasileiro está a de aumentar os impostos aos veículos importados.

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