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Em meio à crise econômica e política, a presidente Dilma Rousseff volta seus olhos para o exterior. Até o final do ano, deve fazer pelo menos oito viagens, incluindo cúpulas como o G20, na Turquia, e visitas de Estado – Colômbia, Japão e Vietnã –, uma média mais alta do que os anos anteriores. A razão para esse interesse fora das fronteiras é a economia. Mais do que tentar vender o Brasil lá fora, Dilma quer convencer os mercados de que a situação não é tão ruim quanto parece e que seu ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é o esteio das mudanças econômicas e veio para ficar, apesar das críticas internas.

Há duas preocupações centrais no Palácio do Planalto. A primeira delas é mostrar que o Brasil está fazendo o que precisa para contornar a crise, o que se tornou mais urgente depois que o governo brasileiro precisou reduzir fortemente a meta do superávit fiscal, dos 1,1% prometidos por Levy ao assumir o Ministério da Fazenda para meros 0,15% do PIB.

Apesar da racionalidade das explicações de economistas – mesmo estrangeiros – de que é mais difícil economizar com uma forte queda da arrecadação, o Planalto reconhece que “pegou muito mal lá fora”, nas palavras de um assessor próximo da presidente, o abandono da meta inicial na metade do primeiro ano de governo.

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Grau de investimento

O abandono da meta ameaça ser a gota dágua que pode tirar o grau de investimento do Brasil. No final de julho, a agência de ratinga Standard & Poors manteve o grau brasileiro, mas com uma tendência negativa – ou seja, em uma próxima revisão, se nada mudar, o País pode perder o selo de “bom pagador”. Se isso acontecer, o país passa a ter mais dificuldade de captar recursos lá fora, tendo de pagar juros mais altos, algo que, na prática, já vem acontecendo, mas num grau menor do que com a oficialização pelas agências de risco.

O périplo da presidente tem como foco mostrar que o Brasil não corre o risco de deixar de pagar suas contas. Apesar da crise, reforçará a presidente, o país ainda recebe investimentos em número razoável e tem mais de US$ 300 milhões em reservas.

A percepção no governo é que os ouvidos no exterior estão mais abertos e são mais racionais do que dentro do país, onde a contaminação pela crise política é maior. A avaliação é que, ao convencer o mercado externo, isso seria aos poucos transferido para o interno.

A segunda preocupação da presidente é tentar atrair mais investidores para o pacote de concessões que o governo planeja para o início do próximo ano. Com a crise no Brasil, o interesse pelas obras de infraestrutura no País fraquejou, mesmo com a desvalorização do real tendo tornado os investimentos aqui mais baratos.

Mas, em pleno ajuste fiscal, o governo brasileiro precisa mais do que nunca mostrar que é seguro investir no País. O pacote de concessões, que inclui portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, prevê investimentos de quase R$ 200 bilhões até 2018.

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