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A alta de 20% do dólar no primeiro trimestre deste ano pode afetar a demanda para investimentos no exterior a poucos meses da entrada em vigor de mudanças na legislação para fundos de investimentos de brasileiros para alocação no mercado externo. A avaliação é do gestor Eduardo Levy, responsável pelas estratégias de diversificação da Rio Bravo Investimentos, em entrevista à Reuters.

“Eles (investidores) deram um passo para trás e estão avaliando se não vale a pena esperar um pouco a taxa de câmbio voltar a ficar mais perto e até de repente abaixo de R$ 3”, afirmou o gestor. Ele destacou que se a cotação da moeda estivesse no mesmo nível de dezembro, haveria uma saída muito mais significativa relacionada às alterações nas regras para investimentos além mar.

Segundo Levy, apesar da maior volatilidade no cenário doméstico desde o ano passado, esse tipo de investimento continua na pauta de quem olha para o longo prazo, particularmente o investidor institucional, mas ele ponderou que “é muito difícil o investidor não fazer conta” com o dólar ultrapassando a casa dos R$ 3,20.

Em dezembro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editou duas instruções que afetam as regras de fundos que aplicam recursos no exterior, elas passam a valer no início do segundo semestre.

A instrução 554 passou a considerar investidor qualificado quem tiver R$ 1 milhão em aplicações financeiras, contra R$ 300 mil pelo modelo em vigor; e superqualificado – que agora passa a ser chamado de profissional – aquele com patrimônio de R$ 10 milhões, ante R$ 1 milhão atualmente.

A instrução 555, por sua vez, excluiu a exigibilidade de aplicação mínima de R$ 1 milhão por investidores em fundos que alocam 67% dos recursos no exterior, embora tenha restringido o acesso aos mesmos aos chamados agentes qualificados. A regra também elevou de 20 para 40% do patrimônio o limite que pode ser investido no exterior no caso de fundos para investidores qualificados, enquanto definiu em 20% o teto para os fundos de varejo.

Na visão de Levy, números fiscais mais fortes nos próximos dois meses e o desenrolar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura denúncias de corrupção na Petrobras são os fatores que definirão a demanda de investidores para alocar recursos no exterior.

“Boa parte da precificação nas diversas classes de ativos vem de risco, vem de medo, de especulação. E se houver uma piora significativa e se outros novos atores forem envolvidos nessa CPI, pode gerar um medo maior e piora significativa não só em taxa de câmbio, mas em taxa de juros e em bolsa”, disse.

E mesmo em um momento mínimo de estabilização, sem alívio ainda, Levy destacou que os elevados juros domésticos motivam brasileiros a manterem os recursos no país, enquanto os estrangeiros começam a olhar para o Brasil e para os rendimentos elevados. “Que ativos hoje projetam ganho de 13 a 14 % (ao ano) lá fora”, questionou.

A Rio Bravo tem três fundos engatilhados para serem lançados em julho, quando as novas regras entrarem em vigor. O objetivo dos fundos é oferecer alocação e diversificação aos clientes em diversas classes de ativos no Brasil e dependendo do grau de agressividade desse cliente, também no exterior.

Levy afirmou que há interesses firmes de investidores para participarem desses fundos, que devem começar com patrimônio da ordem de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões, com as vendas tendo início no segundo trimestre.

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