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A inflação chinesa ultrapassou as previsões e chegou ao maior nível em 28 meses no acumulado do ano até novembro, mostrando sinais de grande aumento nos preços dos alimentos e colocando pressão no governo para intensificar um aperto monetário.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 5,1 por cento em 2010 até o mês passado, ante leitura de 4,44 por cento em outubro, disse o escritório local de estatísticas (NBS, na sigla em inglês) neste sábado.

Economistas consultados pela Reuters esperavam leitura de 4,7 por cento no índice.

Também o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu 1,4 por cento em novembro, ante elevação de 0,7 por cento em outubro. Ante o mesmo mês do ano passado, a alta foi de 6,1 por cento.

Um dia antes da divulgação dos dados, o banco central chinês elevou o depósito compulsório a bancos pela terceira vez em um mês, para enxugar parte do excesso de liquidez da economia, que está puxando os preços para cima. Com a inflação subindo, analistas dizem que ações mais definitivas são necessárias.

"Pelo menos um aumento na taxa de juros é necessário para este ano, senão as autoridades darão ao público uma mensagem surpreendente, porque se você vê a inflação e eleva o juro, as pessoas duvidarão da determinação de conter o aumento nos preços", afirmou Shen Jianguang, economista da Mizuho Securities, em Hong Kong.

Os dados publicados neste sábado dão ao governo chinês a confiança para intensificar seu aperto monetário, porque todos os sinais apontam para o impressionante crescimento na segunda maior economia do mundo.

A produção industrial saltou 13,3 por cento em novembro na comparação com o mesmo período do ano passado, recuperando-se de uma leve desaceleração em outubro e superando as expectativas do mercado. Os gastos de capital também superaram as previsões, disparando 24,9 por cento nos primeiros 11 meses de 2010 ante o mesmo período do ano passado.

Em um indicativo de que a China está lentamente mantendo sua mudança para uma economia mais puxada pelo consumo, as vendas do varejo subiram 18,7 por cento em novembro frente a um ano antes.

Os dados deste sábado, que vazaram ao mercado chinês previamente, vieram após relatórios divulgados na sexta-feira mostrando fortes altas nas exportações e no crédito bancário.

"Os números mostram que a economia está relativamente aquecida. As exportações estão fortes, superando as expectativas, e os investimentos permanecem altos", disse Liu Yujui, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais. "A força do aperto econômico até agora não foi tão forte quanto as pessoas pensavam."

Temos com inflação

Em meio a todos os sinais de força econômica, as preocupações se concentrarão na dúvida sobre se inflação pode estar começando a sair do controle.

"As atuais medidas administrativas para controlar a inflação podem fazer os preços caírem por um tempo, mas novas altas surgirão assim que as medidas forem amenizadas," afirmou Lin Songli, economista da Guosen Securities, em Pequim.

Várias cidades chinesas implementaram controles diretos para limitar o aumento no preço dos alimentos, enquanto o governo central também prometeu eliminar especulação no mercado de commodities e punir quem manipular os preços alimentícios.

Os alimentos novamente foram o principal fator inflacionário. O custo da comida cresceu 11,7 por cento no acumulado do ano até novembro, enquanto os outros preços tiveram alta de apenas 1,9 por cento. Mas mesmo fora do segmento alimentício, os custos de bens de consumo e imobiliários registraram claros saltos.

Olhando mais à frente

A comissão de desenvolvimento nacional e reforma, uma poderosa agência de planejamento central, está mais confiante em suas previsões.

Em comunicado emitido após a divulgação dos dados, ela disse que a inflação ao consumidor de novembro representa um pico e que a taxa anual cairá abaixo de 5 por cento neste mês. Contudo, alertou que os preços continuarão altos no primeiro trimestre de 2011.

Os líderes chineses estão reunidos neste fim de semana para discutir as diretrizes políticas para o próximo ano.

O Politburo, órgão de comando do Partido Comunista, estabeleceu o tom do encontro na semana passada ao anunciar uma mudança para uma política monetária "prudente" ante a postura "apropriadamente afrouxada" dos últimos dois anos.

Muitos no mercado acreditam que essa mudança pode preparar o caminho para um aumento mais agressivo na taxa básica de juros e em restrições ao crédito. A China elevou os depósitos compulsórios dos bancos por seis vezes neste ano, mas elevou o juro apenas uma vez.

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