Curitiba A queda do dólar e a quebra na safra de grãos em conseqüência da estiagem do início do ano já têm reflexos negativos na indústria do Paraná, que interrompeu em julho uma trajetória de 31 meses consecutivos de crescimento. Setores como o de máquinas e equipamentos e madeira são os mais afetados, conforme revela pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em julho, a produção industrial paranaense apresentou retração de 1% quando comparada a igual mês de 2004. Dos 14 segmentos industriais pesquisados pelo IBGE, 10 tiveram desempenho negativo. A produção de madeira, por exemplo, teve redução de 16,2%, enquanto a indústria de máquinas e implementos agrícolas experimentou queda de 14,2% no período. O setor de alimentos caiu quase 7% diante da redução na produção de tortas, bagaços e outros resíduos da extração do óleo de soja. Até a produção de veículos, que vinha apresentando resultados positivos há vários meses, caiu 2,03% em julho.
O setor que teve o melhor resultado foi o refino de petróleo e produção de álcool, pressionado pelo óleo diesel e outros óleos combustíveis. Vale lembrar, que em julho do ano passado a Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, esteve paralisada para manutenção técnica de equipamentos. Com isso, a base de comparação fica comprometida.
Segundo informou o presidente da Montana Indústria de Máquinas, Gilberto Zancopé, a empresa, localizada em São José dos Pinhais e que produz implementos agrícolas e pulverizadores, registrou este ano uma queda de 50% na produção. De acordo com Zancopé, trata-se de uma conseqüência diante da perda de renda dos agricultures. Produzindo e vendendo menos, a Montana reduziu em 30% seu quadro de funcionários, que caiu de 500 para 300 colaboradores.
"A queda na renda do produtor está inibindo os investimentos. Os agricultores pararam de comprar e o ânimo de investir em novas máquinas é zero, o que torna o quadro dramático", lamenta Zancopé. Ele não acredita em recuperação nos próximos meses, considerando 2005 um ano de perdas.
A Case New Holland (CNH), com fábrica na Cidade Industrial de Curitiba, teve suas vendas de tratores reduzidas, em julho, em 74,6% quando comparadas a igual mês do ano passado. No mês, a CNH vendeu 191 tratores, contra 752 em 2004. No caso de colheitadeiras, a queda foi ainda maior e chega a 87%. Apenas 21 colheitadeiras foram vendidas pela CNH contra 164 em igual mês do ano passado.
Queda na cotação do dólar e das principais commodities, aliada ao aumento dos insumos são os principais motivos atribuídos para a retração nas venda da Case New Holland. A indústria prevê fechar o ano com redução de 35% nas vendas.
Madeira
Além da queda do dólar em relação ao real, a indústria madeireira enfrentou outro problema: com o mercado internacional retraído, os preços da madeira (principalmente compensado de pinus) caíram 35%. Segundo o presidente da Indústria João José Zattar, Miguel Zattar Filho, o setor florestal brasileiro ,que é essencialmente exportador, vem trabalhando praticamente sem lucro desde o último trimestre de 2004. "Corremos o risco de perder clientes definitivamente", destaca Zattar.
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