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A perspectiva de um aperto monetário na China, a contínua preocupação fiscal na Europa e uma derrota política do governo Obama pressionaram o dólar para cima em todo o mundo nesta quarta-feira, empurrando a moeda para o maior patamar em quase quatro meses no Brasil.

Dados do Banco Central também confirmaram internamente a deterioração das transações correntes do país, motivo que tem ajudado a sustentar a cotação do dólar em alta.

A moeda fechou a 1,793 real, em alta de 1,07 por cento. É a maior cotação de encerramento desde 29 de setembro.

Enquanto o mercado local encerrava as operações, o dólar subia 1,1 por cento ante uma cesta com as principais moedas, com destaque para o desempenho sobre o euro, que caía 1,3 por cento, a 1,41 dólar, após romper um suporte.

A principal notícia a pressionar o dólar veio da China, com informações de que o governo instruiu alguns dos maiores bancos do país, como o Citic e o Everbright Bank, a reduzirem os empréstimos ao longo de janeiro.

A nova indicação de um aperto monetário colocou as commodities e as bolsas em terreno negativo, com queda de mais de 2 por cento do Ibovespa.

"Já pensou se eles começam a subir juro lá para conter o consumo? Eles são importadores de commodities, daí pega aqui", disse Moacir Marcos Júnior, operador da corretora Finabank.

Operadores no exterior também citaram como motivos para a alta do dólar a preocupação com a situação fiscal da Grécia, que vem derrubando o euro, e a derrota do governo Obama em uma eleição fora de época ao Senado dos Estados Unidos.

A vitória de um republicano para representar o Estado de Massachussets pode abrir caminho para um compromisso maior em termos de redução do déficit norte-americano, avaliam.

Contas externas

Internamente, o Banco Central anunciou um déficit maior que o esperado para as transações correntes do país em dezembro. O saldo negativo no mês foi de 5,947 bilhões, levando o déficit total do ano a 24,334 bilhões de dólares.

"Essa dinâmica salienta a dependência cada vez maior da conta de capital para financiar o balanço de pagamentos, o que limita o espaço para a apreciação do real", afirmou o banco francês BNP Paribas, em relatório.

Por enquanto, o interesse dos estrangeiros em investir no Brasil tem contrabalançado com folga o crescente déficit em transações correntes, provocado pelo aumento das importações e das remessas de lucros.

Em 2009, o resultado global do balanço de pagamentos ficou positivo em 46,651 bilhões de dólares, com direito a recorde no investimento estrangeiro em carteira e superávit de 70,551 bilhões de dólares na conta de capital e financeira.

Além disso, nos 18 primeiros dias do mês, o fluxo de câmbio para o país ficou positivo em 816 milhões de dólares, revertendo um déficit na primeira semana principalmente por causa de operações financeiras.

O mercado assistiu nas duas primeiras semanas do ano a diversas emissões de bônus --BNDES, Banco do Brasil, Votorantim e BicBanco, por exemplo.

O gerente de câmbio de um banco nacional, no entanto, questiona a manutenção das condições favoráveis de financiamento do déficit em transações correntes, que por enquanto tem aliviado a pressão sobre o balanço de pagamentos e, consequentemente, sobre a taxa de câmbio.

"Esse ano é ano de eleição, então é possível que a expectativa de investimento direto dos economistas decepcione, pois os investidores podem prorrogar os investimentos até ter mais claro o cenário eleitoral e qual vai ser a politica econômica a ser adotada pelo novo governo", disse.

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