Brasília A atuação do Banco Central (BC) foi decisiva para segurar a cotação do dólar e reverter o movimento cujo destino parecia fazer o dólar cair para baixo dos R$ 2. Esse é um consenso dos especialistas sobre o comportamento do câmbio. Eles, porém, se dividem quando analisam se a alta registrada nesta semana é algo que veio para ficar. Do dia 1º de dezembro até segunda-feira, o dólar subiu 6,39%. Ontem, ele já voltou a cair.
Neste mês, a autoridade monetária, além de prosseguir comprando dólares à vista, passou a fazer diariamente vendas do chamado swap cambial reverso, operação que tem efeito semelhante à compra de dólares no mercado à vista, mas que não envolve dinheiro físico. No swap reverso existem duas pontas: em uma, o BC fica como se tivesse comprado dólares, e, na outra, como se tivesse feito um empréstimo cuja taxa de juros é o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), taxa que remunera os empréstimos entre os bancos.
Quando o BC vende um swap reverso, é como se a procura por dólares aumentasse e, pela lei da oferta e da procura, o preço da moeda tende a aumentar. Foi isso que aconteceu neste mês. O BC vendeu US$ 6,6 bilhões desses contratos. Desde então, o dólar saltou da casa de R$ 2,20 para chegar a ser vendido a R$ 2,346 ontem.
Para o estrategista da ARX Capital e ex-chefe do Departamento de Mercado Aberto (Demab) do BC, Sérgio Goldenstein, a autoridade monetária fez certo em agir com mais força no mercado de câmbio. Segundo ele, havia uma "bolha especulativa" que poderia levar o dólar a R$ 1,90. "O BC mostrou para o mercado que o dólar pode ir para os dois lados e não só para baixo", afirmou. Ele espera que o dólar encerre este ano na faixa que encontrou na semana passada, cotado entre R$ 2,30 e R$ 2,40.
O economista Caio Meghali, da Mauá Investimentos, vê de forma diferente e acha que o BC tende aos poucos a reduzir sua atuação no mercado, após ter entrado fortemente para romper o processo especulativo. "A impressão que tenho é de que o BC vai deixar o câmbio seguir de acordo com os fundamentos da economia."
Já o professor da PUC de São Paulo, Antônio Corrêa de Lacerda, considera que a valorização do dólar diante da moeda brasileira será um movimento natural no médio prazo com os cortes na taxa básica de juros. Para ele, um dos grandes desafios do BC será reduzir a volatilidade variações bruscas de alta e baixa do câmbio, tão prejudicial para o setor produtivo, segundo ele, quanto uma valorização excessiva do real.
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