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A semana em que o dólar caiu abaixo de R$ 2 pela primeira vez em seis anos terminou com um pequeno ajuste. Nesta sexta-feira (18), a moeda norte-americana subiu 0,46%, fechando para R$ 1,961. Entretanto, na semana a queda da moeda americana foi de 2,87% na semana e acumula 3,68% no mês de maio.

Segundo Carlos Castellotti, da operadora de câmbio Flow, hoje foi um dia de embolso de lucros por causa da queda forte da moeda - que saiu de R$ 2,02 para R$ 1,95 entre segunda-feira (14) e quinta-feira (17). Profissionais do mercado de câmbio, porém, ressaltam que o movimento desta sexta-feira foi apenas um ajuste, uma vez que a tendência do dólar é de queda.

Sem perspectiva de alta

A perspectiva é de que a entrada de dólares manterá a moeda norte-americana perto ou abaixo de R$ 2 até dezembro. "A tendência do dólar de depreciação não é passageira, é decorrência direta de um fenômeno internacional que tem beneficiado o Brasil com saldos elevados de balança comercial", explicou Joel Bogdanski, economista do Itaú.

O Bradesco mantém a expectativa de que o dólar encerre 2007 a R$ 1,95, mas a equipe trabalha com a hipótese de uma cotação mais baixa. O banco ING reduziu na quinta-feira sua projeção para o dólar de encerramento do ano, de R$ 2 para R$ 1,85. "Os fluxos via investimento estrangeiro, para ações e renda fixa, se aproximam de novas máximas, ao mesmo tempo em que os fluxos comerciais se mantêm elevados", justificou o ING em relatório.

A avaliação de analistas de câmbio é de que o Banco Central foi discreto durante essa semana, deixando o mercado agir por conta própria. Nesta semana, o BC fez apenas um leilão de "swap cambial reverso" - que funciona como uma compra futura de dólares -, além dos leilões diários de compra de dólar no mercado à vista.

Atuação do Copom

Para que o dólar não fique abaixo de R$ 2 até o fim de 2007, a impressão geral é de que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, terá de ser mais ousado. Por isso, muitos analistas já esperam uma queda de 0,5 ponto percentual na taxa Selic - referência para a economia -, que passaria para 12% já a partir de junho.

Apostando em juros mais baixos, o Unibanco mantém estimativa de R$ 2,10 para o dólar no fim do ano. O BNP Paribas também projeta dólar a R$ 2,10 no fim do ano, levando em conta um cenário em que o juro sofre cortes maiores. "A gente acha que agora o R$ 1,95 vai permitir que o Banco Central seja mais agressivo no processo de afrouxamento monetário", disse Alexandre Lintz, estrategista-chefe do BNP no Brasil.

Risco-Brasil tem mínima histórica

Na esteira da queda do dólar abaixo de R$ 2 e dos recordes na Bolsa de Valores de São Paulo, o risco Brasil, considerado um dos principais termômetros da confiança dos investidores na economia brasileira e calculado pelo Banco JP Morgan Chase, indicava 141 pontos por volta das 17h desta sexta-feira, o que representa uma nova mínima histórica para o indicador.

O risco Brasil reflete o comportamento dos títulos da dívida externa brasileira. Corresponde à média ponderada dos prêmios pagos por esses títulos em relação a papéis de prazo equivalente do Tesouro dos Estados Unidos, tido como o país mais solvente do mundo, de risco praticamente nulo.

Nota de investimento

Na quarta-feira (16), o fluxo de entrada de dólares somou-se à notícia de que a agência de classificação de risco Standard & Poor's colocou a nota do Brasil a um degrau abaixo do grau de investimento (classificação dos países que são mais confiáveis para se investir). A nota do país subiu de "BB" para "BB+"; na semana passada, a Fitch já havia colocado o Brasil na mesma posição.

No dia seguinte, a agência elevou a nota de oito bancos brasileiros, tendo elevado o Bradesco e o Itaú à recomendação de investimento.

Foi a segunda vez, em duas semanas, que uma agência internacional colocou o Brasil perto da nota de investimento - antes da Standard & Poor's, a Fitch havia feito o mesmo movimento. Se outras agências de risco acompanharem a decisão, a tendência é de entrada de mais dólares no país, o que conseqüentemente levará à uma depreciação da moeda americana.

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