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Em seis meses, dólar subiu de R$ 2,57 para R$ 3,10, passando por um pico de R$ 3,26 em março. | Sukree Sukplang/Reuters
Em seis meses, dólar subiu de R$ 2,57 para R$ 3,10, passando por um pico de R$ 3,26 em março.| Foto: Sukree Sukplang/Reuters

Turistas interessados em comprar dólar e investidores com aplicações atreladas à divisa americana enfrentam um desafio complicado neste ano: projetar com algum grau de precisão o comportamento da moeda, bastante instável . Há expectativa de que novos fatos internos e externos acentuem essa tendência, dificultando a prefixação dos valores.

INFOGRÁFICO: Veja a oscilação do dólar ao longo deste ano

A volatilidade está muito alta. Uma moeda oscilar 2% em um mesmo dia não tem sentido.

Sidnei Moura Nehme economista e diretor da corretora NGO.

Operações de câmbio ficam mais arriscadas

O brasileiro interessado em comprar dólar para fazer turismo tem pouca opção. Como a perspectiva é de que, a despeito das oscilações, a moeda siga se acelerando, há pouca chance de encontrá-la à venda a preços inferiores aos atuais – as casas de câmbio de Curitiba praticavam o dólar a R$ 3,25 nesta terça-feira (16).

A maior recomendação para a compra de divisas estrangeiras é fazer diversas aquisições, distribuídas ao longo de tempo, de forma a minimizar eventuais perdas que uma única negociação pode gerar. No cenário atual, porém, a estratégia nem sempre é eficiente. “Esperar muito pode não ser um bom negócio. Não vejo o dólar abaixo do preço atual”, aponta o economista e diretor executivo da corretora de câmbio NGO, Sidnei Moura Nehme.

Gerente de operações de câmbio da B&T Corretora, Marcos Trabbold reforça essa convicção e diz que tem sido comum o movimento de clientes que, na expectativa de ver o preço baixar, retardam a compra até o instante final, obrigando-se a pagar o preço de momento, quando a data da viagem chega.

A instabilidade cambial também prejudica empresas que atuam no mercado internacional, já que a fixação de uma determinada taxa para balizar o negócio pode, conforme a flutuação da moeda, ser negativa.

Ao longo deste ano, o dólar teve oscilação de quase R$ 0,70 – diferença entre as cotações médias de 22 de janeiro (a menor do ano, a R$ 2,57) e 17 de março (a maior, a R$ 3,26), conforme dados do Banco Central. Em um único dia, a moeda variou 3,50%, com valorização de quase R$ 0,11 em relação ao real. “A volatilidade está muito alta. Uma moeda oscilar 2% em um mesmo dia não tem sentido”, diz o economista e diretor executivo da corretora de câmbio NGO, Sidnei Moura Nehme.

A mudança de patamar da moeda, que vinha em um período razoável cotada abaixo de R$ 2,30, começou no segundo semestre do ano passado, em razão das incertezas eleitorais. Como a disputa pela presidência da república foi acirrada, com três candidatos se alternando na liderança das pesquisas de intenção de voto, a futura gestão econômica ficou sob dúvida, gerando instabilidade no mercado.

O conturbado início de segundo mandato de Dilma Rousseff (PT), com dificuldades econômicas e sucessivas derrotas políticas, acentuou a oscilação, levando a moeda ao pico recente, de R$ 3,26, cerca de R$ 1 acima do verificado no período de estabilidade.

O contrapeso tem sido justamente o sucesso parcial das ações saneadoras aplicadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. “Nos meses de abril e maio, o mercado restabeleceu confiança nas medidas do Levy. Tivemos entrada de quase US$ 15 bilhões – não víamos entrada desse porte desde 2012 e 2013”, pontua o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

Especulação

A oscilação do câmbio estimula o movimento especulativo, que acaba por gerar um ciclo em que a instabilidade é cada vez maior. “Essa variação da moeda abre leque para especulação, porque muita gente no mercado ganha dinheiro com isso”, aponta o gerente de operações de câmbio da B&T Corretora, Marcos Trabbold.

Sidnei Nehme percebe o mesmo movimento e destaca o acentuado volume de operações de day-trade, em que a compra e a venda da divisa são feitas no mesmo dia.

Fatores externos, como o desempenho da economia chinesa e a difícil negociação para debelar a crise grega, também interferem na cotação. A principal influência, no entanto, vem da economia americana, cuja performance atrai ou espele investimentos que podem ser destinados ao mercado brasileiro.

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