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Há mais dúvidas do que certezas no que diz respeito a inclusão da ferrovia paranaense entre os investimentos em infra-estrutura previstos no PAC. Pelo documento do governo federal, divulgado na segunda-feira, parte dos R$ 3,9 bilhões que devem ser investidos nos três estados do Sul para a área de transporte serão destinados a "ampliação da capacidade do corredor ferroviário do Oeste do Paraná". Trata-se de um dos gargalos logísticos do estado – o trecho entre Guarapuava e Ponta Grossa –, e alvo de divergências no que diz respeito a melhor solução. Mas a explicação do governo termina aí.

Ontem a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, recebeu a imprensa para explicar detalhes do PAC, mas, sobre a ferrovia paranaense, disse que ainda não é possível detalhar como será feita a obra e de onde virão os recursos para viabilizá-la. "Seguramente isso vai ser discutido com o governo do estado. O governo quer fazer aquele trecho, mas tem de haver uma parceria para reduzir o nosso custo."

"O que nos preocupa no programa é justamente a viabilidade financeira da obra", diz o coordenador de logística da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Mário Stamm. "Essa é uma questão fundamental porque recuperação e construção de ferrovias exigem uma grande alocação de recursos da união."

A parte da ferrovia em questão é muito antiga e, por isso, os trens são obrigados a trafegar mais lentamente e com menos vagões. "A velocidade é muito pequena e o gasto de combustível muito alto neste trecho, o que encarece o percurso", explica o gerente financeiro da América Latina Logística (ALL), Carlos Augusto Moreira, empresa que tem a concessão do trecho.

Há alguns anos a ALL estuda um projeto de melhoria do trecho e esperava viabilizá-lo com recursos de uma Parceria Público Privada (PPP). "Com o anúncio do PAC o projeto fica mais perto da realidade", comemora Moreira. A empresa deve concluir em 60 dias o estudo de viabilidade técnica e financeira do projeto. A proposta da ALL é construir de um novo trecho ligando Guarapuava à Ipiranga (conforme mapa). "Hoje o movimento no trecho não ultrapassa os 2 milhões de toneladas (principalmente de soja). Mas a movimentação pode crescer brutalmente com a melhoria e ultrapassar os 10 milhões de toneladas."

A própria Fiep, no entanto, contesta a solução e apresenta outra alternativa para o trecho: os trens sairiam de Guarapuava pela ferrovia já existente (porém retificada) até Irati. A partir de lá, seguiriam em um novo trecho, a ser construído, até a Estação Engenheiro Bley (na região da Lapa). "Estamos abertos para discutir a melhor saída", diz Stamm. Discussão que deve passar também pela concessão do trecho. "Pode haver um entendimento jurídico de que trata-se de uma substituição do que já foi concedido. Neste caso, continuaria com a ALL."

A Ferroeste, sociedade de economia mista que administra o trecho entre Cascavel e Guarapuava, no entanto, também tem interesse no trecho, diz o presidente da empresa, Samuel Gomes. Gomes também defende a ligação via Irati. "Se concentrarmos em um ponto, a partir de Ipiranga, poderemos ter problemas operacionais e sobrecarregar a linha porque o potencial de crescimento do modal é enorme", diz. "Além disso, vai aumentar ainda mais a nossa dependência da ALL."

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