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Fusões e aquisições bateram recorde, em 2017. |
Fusões e aquisições bateram recorde, em 2017.| Foto:

O cenário está bem oportuno para transações empresariais no Brasil. Os negócios envolvendo fusões e aquisições de empresas vão bem e podem melhorar ainda mais, principalmente com a definição da estratégia para a política econômica por parte do futuro superministro Paulo Guedes. Dados da consultoria KPMG mostram que no primeiro semestre os negócios aumentaram quase 20% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram registradas 461 transações em 2018, contra 385, em 2017. 

O apetite das empresas por incorporar outras companhias dá um bom sinal de dinamismo da economia. Isto porque estas operações consomem milhares (muitas vezes milhões) de reais, que muitas vezes servem como investimento para expansão e consolidar as atividades das companhias.

O ano passado registrou o melhor indicador desde que a pesquisa começou a ser feita, em 1994, com 830 operações. É possível que neste ano haja um crescimento entre 10% e 15% no total de operações, segundo Luís Augusto Motta, sócio de fusões e aquisições da KPMG, o que significaria uma nova batida no recorde. No acumulado dos 12 meses encerrados em junho, foram registrados 906 negócios. 

 Especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo apontam que a maior estabilidade na política econômica também deve favorecer uma maior presença de empresas estrangeiras no mercado de fusões e aquisições. “Elas querem regras claras e estáveis e esperam uma maior previsibilidade na taxa de câmbio”, ressalta Rogério Gollo, sócio da PwC Brasil especializado neste tipo de operação.

Tendência de alta

 A expectativa é de que o mercado para fusões e aquisições continue aquecido ao longo de 2019. A consultoria PwC, por exemplo, projeta um crescimento de 15% no número de operações em comparação a este ano. “As expectativas são extremamente favoráveis com um crescimento maior, inflação controlada e juros baixos. Segundo o Relatório Focus, do Banco Central, a previsão para o período de 2019 a 2021 é de um crescimento de 2,5%. 

 O cenário melhorou após a definição de Jair Bolsonaro como novo presidente do Brasil.  Muitas operações foram travadas a partir de agosto por causa da campanha eleitoral extremamente polarizada. “As empresas preferiram aguardar um cenário mais claro diante de um ambiente de incerteza”, afirma Gollo. 

 Ele destaca que a retomada verificada nas últimas semanas tem muito vigor.

Voltaram com firmeza as consultas e os processos de análise de fusão e aquisição. 

 Uma maior estabilidade na política econômica tende a favorecer as operações de fusões e aquisições. “Economia melhor tende a favorecer operações de fusão e aquisição, que são de longo prazo”, explica Motta, da KPMG. 

 O executivo não fala em números, mas enfatiza: “Se tudo correr bem, 2019 será outro ano forte”, destaca ele. O bom desempenho projetado se baseia em transações que já começaram a ser realizadas. Normalmente o processo leva entre seis a oito meses, da identificação da oportunidade à assinatura do contrato. 

 Oportunidades na internet

As maiores oportunidades estão na área de empresas ligadas à internet. “A principal característica destas operações é que envolvem valores menores”, diz Motta. Elas geralmente envolvem o segmento que trabalha com plataformas digitais, inovadoras, disruptivas e que atuem com e-commerce. “E demonstra a força das startups no cenário econômico nacional.” De janeiro a junho de 2018, foram 73 operações, contra 48 no mesmo período de 2017. 

 Outro segmento promissor é o de tecnologia da informação, envolvendo empresas que trabalhem com sistemas de gestão empresarial (ERPs) ou derivados destes. “São empresas de porte menor, que oferecem soluções específicas e atuam em nichos de mercado. Esse segmento é extremamente atraente”, diz Rogério Gollo, sócio de fusões e aquisições da PwC para o Brasil. 

 Motta também destaca o grande número de operações nos segmentos de óleo e gás, motivado pelos leilões de campos petrolíferos; de saúde e varejo, impulsionados pelas expectativas favoráveis para o consumo interno; e do agronegócio; alavancado pela consolidação de segmentos como beneficiadoras de sementes e distribuidor.

Infraestrutura em alta

Outro segmento em que as operações podem ter destaque no próximo ano é o de infraestrutura, devido às necessidades do país. Um dos principais interessados nesta área são as empresas chinesas, que, até o momento, tem pequena participação em operações de fusão e aquisição no Brasil. “Aqui, os negócios serão de maior valor.” 

>> O Brasil nunca precisou tanto da China quanto hoje

No primeiro semestre, de acordo com levantamento da KPMG, 2,6% das operações envolvendo a entrada de capital estrangeiro envolviam recursos chineses, atrás dos EUA, Reino Unido, Alemanha, França, Canadá e Suíça. Geograficamente, as operações estão concentradas em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.

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