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Economia global em alerta: nove países estão à beira da recessão
| Foto: BigStock

O poeta John Donne escreveu: “Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente””. A quarta-feira de pânico nas bolsas de todo o mundo mostrou que a máxima vale também para os países, restando saber quanto tempo a economia americana poderá se manter sólida enquanto as outras nações se batem num mar revolto.

O péssimo dia nas bolsas começou depois da circulação de notícias ruins envolvendo as duas maiores economias globais. A China reportou o pior desempenho industrial em 17 anos, enquanto a Alemanha informou que a economia encolheu nos últimos meses. Não são problemas isolados. Além da desaceleração da China, outras nove grandes economias estão em recessão ou à beira da recessão.

Muitos desses países têm um problema em comum: são extremamente dependentes das vendas ao exterior. E os tempos não estão bons para as economias voltadas ao ultramar. O tombo da China e a guerra comercial de Trump estão solapando a troca de bens que foi o motor da economia global por décadas, e vários países se deparam com forte declínio nas exportações.

Em outras nações, notadamente na Argentina e na Rússia, velhos problemas domésticos voltaram a entrar em erupção num momento em que os investidores internacionais estão nervosos e prontos para bater em retirada, o que acaba exacerbando os problemas.

Na medida em que as dificuldades se avolumam, não há muitas opções de botes salva-vidas por perto, o que explica a fuga dos investidores para os costumeiros refúgios: ouro e títulos do governo.

China vai tentar estimular economia

“Vejo fogueiras por toda parte, mas não muitos bombeiros”, diz Sung Won Sohn, professor de economia da Loyola Marymount University e presidente da SS Economics.

A China adotará, provavelmente, novas medidas para tentar estimular a economia, tendo em vista que em outubro comemorará o 70º aniversário da fundação de sua República Popular por Mao Tsé-Tung. Vários bancos centrais, incluindo o Federal Reserve (americano), estão cortando as taxas de juros – alguns países têm inclusive taxas negativas – numa tentativa de estimular as pessoas a gastar e a fazer empréstimos. Mas os economistas veem um efeito limitado, porque já há muita oferta de dinheiro barato no mercado internacional.

Por ora, os consumidores americanos são os que mais ajudam a segurar as pontas da economia global. Mas Trump vem aplicando mais tarifas em itens que os americanos gostam de comprar da China: roupas, celulares, TVs e brinquedos. Ele adiou algumas dessas sobretaxas para não interferir com as compras de Natal, mas preços mais caros estão a caminho, aumentando o desconforto e as incertezas globais.

“Na lista de maneiras de ajudar a economia, mais previsibilidade e estabilidade no comércio, por parte de Trump, estão em primeiro, segundo e terceiro lugares”, aponta Vincent Reinhart, economista-chefe da BNY Mellon Asset Management.

Leia também: Trump aliviou tarifas contra a China para não ser o "grinch que roubou o Natal"

Trump está certo quando diz que outras nações dependem mais do comércio do que os Estados Unidos – as exportações representam apenas 13% da economia americana, enquanto o consumo interno alcança 70%. Mas Trump está próximo de testar os limites de quanto os EUA podem resistir sozinhos, na medida em que os problemas se agravam em outras partes do mundo.

Confira, abaixo, uma lista das principais economias enfrentando risco de recessão.

Limites para o "colchão" dos EUA

No momento, a economia dos EUA se fundamenta no setor de serviços e na demanda interna, que provê alguma proteção contra as agitações além-mar. Mas há limites para este colchão protetor. Na medida em que os outros países enfraquecem, os investidores globais compram títulos do tesouro americano, podendo inverter a curva de juros, o que é um sinal de recessão e um alerta de que o pânico costuma cruzar fronteiras.

“Há possibilidade de uma recessão nos EUA, não por causa da curva de juros em si, mas devido às políticas comerciais lunáticas e aos danos que elas causam”, afirma Ian Shepherdson, economista-chefe da Pantheon Macroeconomics.

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