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Alexandre LIndenbojm é fundador da multi-family offices Wright Capital | Divulgação/Festival de Impacto
Alexandre LIndenbojm é fundador da multi-family offices Wright Capital| Foto: Divulgação/Festival de Impacto

Não raro, o termo “um por cento” é sinônimo de algo escasso. Virou até hit, na música dos sertanejos Marcos e Belutti. Mas, na mão de Alexandre Lindenbojm e Fernanda de Arruda Camargo, 1% vira milagre. Responsáveis por gerir a fortuna de algumas das famílias mais ricas do Brasil, eles sempre pedem que seus clientes reservem a porcentagem para investir em negócios de impacto social e ambiental. Nada mal para quem tem embaixo do braço R$ 2,5 bilhões para investir.

O valor direcionado para impacto é um pouco menor do que R$ 25 milhões (seria o equivalente a 1% de R$ 2,5 bilhões), já que a regra vale para o valor dos investimentos feitos no Brasil (parte deles vai para fundos estrangeiros). Hoje a Wright Capital gerencia o capital de 34 famílias, e todas direcionam uma porção para o impacto.

Os impacto social fica no meio do caminho entre os negócios tradicionais, que objetivam o lucro de seus acionistas; e o trabalho do 3.º setor, como de ONGs e voluntários. Não à toa ganhou a alcunha de “setor 2,5”. A meta é tornar o mundo social e ambientalmente melhor e também ter lucro, tudo ao mesmo tempo.

“Retribuir para a sociedade o que a gente tinha recebido”, este era o objetivo de Alexandre e Fernando quanto fundaram o escritório, em meados de 2014, e instituiram a régua do impacto — o que os obrigou a abrir mão de procurar muitos clientes em potencial.

Os sócios, que também são casados entre si, sempre se envolveram com ações de filantropia, por gosto pessoal. Antes de fundar a Wright, eles trabalhavam com gestão de patrimônio na Vinci Partners — gestora que recentemente adquiriu a operação brasileira da rede 45de pizzarias Domino’s.

Pirâmide de investimentos

Fernando Simões Filho, Claudio Maes e Alexandre LindenbojmDivulgação/Festival Impacto

O dinheiro disponível para investimento em impacto segue uma lógica de pirâmide: no topo da cadeia, onde há muito dinheiro disponível, estão empresas consolidadas, mais maduras, com estrutura grande o suficiente para acessar estes capitais.

É nessa ponta que fica o dinheiro das famílias administrado pela Wright. “É um número limitado de oportunidades. Dado o dever fiduciário que nós temos, investimos em fundos que tenham processos adequados, estruturados, equipes, boa governança”, explica Alexandre.

No extremo oposto fica a Bemtevi, fundada por Fernando Simões Filho, com o propósito de realizar empréstimos para os chamados “negócios sociais”. Criado pelo Prêmio Nobel Muhammad Yunus, o conceito se aplica a negócios que buscam uma sustentabilidade econômica (sem depender de doações), mas em que todo o lucro é reinvestido na própria empresa. O objetivo é melhorar a vida de um número ainda maior de pessoas.

Não é bem um investimento. Os sócios da BemTeVi injetam a partir de R$ 50 mil reais na empresa, para receber depois de quatro anos, sem necessariamente ter lucro. O dinheiro é emprestado para os negócios sociais, que têm um período de carência e, depois, devolvem o dinheiro para a empresa, em parcelas mais suaves do que as praticadas pelo mercado.

Não tem juros para quem prova impacto

Quem empresta da BemTeVi tem a possibilidade de trocar juros por impacto. Conforme comprovam que estão atingindo seus objetivos sociais e ambientais, as empresas geram créditos, o que é abatido do juros na hora de pagar o empréstimo.

Além de aliviar o bolso, é uma medida que fomenta a criação de métricas para o negócio. “A gente brinca que não adianta ele tocar o social e não fazer o negócio, e as métricas ajudam neste sentido. No início pode parecer um pouco mais burocrático, mas as métricas ajudam ele a mensurar se está causando o impacto com o qual ele sonhava”, explica Fernando.

Fernando e Alexandre conversaram com exclusividade com a Gazeta do Povo durante o Festival de Impacto, promovido pelo Instituto Legado e pelo Projeto Libria, em Curitiba, no mês de novembro.

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