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A Região Nordeste não precisará mais construir usinas nucleares pelo menos nos próximos 20 anos. O assessor da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, disse há pouco que a estatal suspendeu os estudos para a construção de novas centrais no país - além de Angra 1, 2 e a 3 em construção - aguardando novo Plano Nacional de Energia para 2035. O plano anterior, lançado em 2007, previa a necessidade de mais quatro novas usinas nucleares no país até 2030, das quais duas seriam no Nordeste e duas no Sudeste.

Leonan que participou nesta segunda-feira (18) no Rio de Janeiro da conferência sobre energia nuclear e realizada pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), um evento paralelo à Rio+20, disse que os cenários mudaram e tudo indica que não haverá necessidade de energia nuclear no Nordeste nos próximos anos. "De lá para cá (2007) mudaram muito os cenários. Hoje tem um quadro de que terá muito mais excedente de energia no Nordeste, do que se tinha naquela época. E por outro lado tem uma carência no Sudeste e no sul. O plano vai ser atualizado para 2035, e tudo indica que o Nordeste hoje é exportador de energia. Me parece que do ponto de vista do planejamento energético talvez o nordeste não será prioridade, talvez a prioridade possa vir a ser o Sudeste ou o Sul", destacou Leonam.

A Eletronuclear suspendeu os estudos que realizava para a localização das quatro próximas usinas nucleares desde que o governo federal anunciou que pelo menos até 2021 o Brasil não precisará de novas usinas nucleares. Mas a Eletronuclear espera que já nos planos de 2022 ou 2023 o governo volte a incluir a necessidade de novas usinas nucleares no país. Como o prazo médio de construção de uma nuclear é da ordem de cinco anos, a construção da quarta usina teria que ser por volta de 2017, e os seus estudos de localização devem ser feitos antes. Por isso é que a Eletronuclear aguarda a nova sinalização do governo quanto ao futuro de usinas nucleares.

Leonam Guimarães destacou no debate que a energia nuclear é fundamental para manter a sustentabilidade do planeta nos próximos anos, por ser uma energia limpa e ter menor impacto ao meio ambiente. O especialista e engenheiro nuclear Joaquim Francisco de Carvalho é mais radical e acha que o Brasil não necessita de novas usinas em qualquer parte e deveria até mesmo desativar as atuais em operação.

Segundo Joaquim de Carvalho, se por questões sociais e ambientais o país aproveitar apenas 70% da capacidade hidráulica ainda por explorar na Amazônia, 80% da capacidade das demais regiões e 50% da capacidade eólica, se poderia ter um sistema interligado inteligente ("smart grid") capaz de oferecer anualmente cerca de 1,4 bilhão de megawatts/hora (MWh) a partir de fontes inteiramente renováveis. Isso, segundo Joaquim de Carvalho, será suficiente para atender a uma demanda per capita da ordem de 6.600 quilowatts/hora ( kWh) - semelhante ao padrão atual da Alemanha - na década de 2040, quando, segundo o IBGE, a população estará estabilizada em 215 milhões de habitantes.

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