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Posto de Umuarama, com litro do álcool a R$ 0,97: proprietário diz que faz  “sacrifício” | Osmar Nunes/ Gazeta do Povo
Posto de Umuarama, com litro do álcool a R$ 0,97: proprietário diz que faz “sacrifício”| Foto: Osmar Nunes/ Gazeta do Povo

Guerra de preços

No Noroeste, litro sai por menos de R$ 1

Osmar Nunes, correspondente

Uma "guerra de preços" entre postos grandes e pequenos derrubou o preço do álcool para menos de R$ 1 por litro em Umuarama, no Noroeste do estado. O valor é bem inferior ao menor preço encontrado pela pesquisa da ANP na semana passada, de R$ 1,28 por litro. Para o Sindicombustíveis, quem vende muito barato ou está sonegando impostos ou vendendo produto sem qualidade.

Quem começou a puxar o preço para baixo foram 13 postos pequenos, construídos nos últimos dois anos em bairros da cidade. Ontem vários estabelecimentos ofereciam o litro do etanol por R$ 0,99 ou até R$ 0,97. O preço da gasolina também recuou, de R$ 2,60 para menos de R$ 2,30.

No Posto Tupã, o álcool era vendido ontem a R$ 0,97 por litro e a gasolina, a R$ 2,29. O gerente do posto, Heitor G. Júnior, classifica a situação de "desesperadora", porque, segundo ele, esse preço não cobre os custos. "Fiz esse sacrifício para não perder clientes. Mas não dá para segurar esse preço por muito tempo."

O dono do Posto Abel, Júlio Abel, manteve o litro do etanol acima de R$ 1,30 até a manhã de ontem, quando reduziu o preço para R$ 1,16. "É o meu preço de custo. Tenho que vender sem ganhar nada", diz o empresário. Ele avisa que, se a situação perdurar, os estabelecimentos maiores serão obrigados a reduzir sua estrutura e demitir funcionários.

Em Campo Mourão (Centro-Oeste), mudanças súbitas de preço também levantam suspeitas. "Uma das hipóteses para a oscilação é a quantidade de produto sem identificação que está despejando no mercado", afirma o dono de um posto, que pediu para não ser identificado. Segundo o empresário, usinas estariam vendendo álcool diretamente aos postos, o que é proibido pela lei – que determina que as usinas só podem entregar o produto às distribuidoras – e, portanto, sem o pagamento de tributos.

Colaborou Dirceu Portugal

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Em queda há mais de um mês, os preços do álcool atingiram o menor patamar do ano em Curitiba. Na semana passada, o combustível era vendido a uma média de R$ 1,32 por litro, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), e já é comum encontrar postos da capital cobrando menos de R$ 1,20. Na comparação com os valores de maio, o recuo nas cotações chega a 10%. A gasolina também ficou mais barata nesse período – caiu cerca de 4%, para R$ 2,36 –, mas segue como opção menos vantajosa para os veículos bicombustíveis.O movimento do mercado reflete o avanço da safra da cana-de-açúcar. Iniciada em março, a colheita vai até dezembro, com pico entre julho e setembro – razão para que os preços do etanol fiquem, no mínimo, estáveis nos próximos meses.

Dos 31 municípios pesquisados pela ANP no Paraná, 25 registraram queda nas cotações nas últimas quatro semanas, fazendo com que o preço médio dos 560 postos consultados no estado baixasse a R$ 1,39 por litro, 7% abaixo do nível de maio. A média estadual, no entanto, esconde uma série de discrepâncias. Conforme a mesma pesquisa, a variação dos preços dentro do estado passa de 70% – até sábado, era possível encontrar álcool a R$ 1,15 por litro em Paranavaí, no Noroeste, ou a quase R$ 2 em Paranaguá, no Litoral. Ontem, alguns postos de Umuarama, também no Noroeste, cobravam menos de R$ 1 pelo combustível.

Norte mais caro

Os menores preços costumam ser encontrados em municípios do Norte Pioneiro e do Noroeste, os principais polos produtores do estado, ou nas proximidades. Mas essa regra não parece valer para cidades como Londrina e Maringá, cujos postos cobravam em média R$ 1,65 e R$ 1,57 por litro, respectivamente, na semana passada. Para o Sindicombustíveis (representante dos postos), o preço depende da concorrência de cada cidade e da ocorrência ou não de sonegação de impostos.

"Uma coisa é ter o mercado regular e outra é tê-lo irregular, o que derruba os preços por falta de pagamento de impostos", diz Roberto Fregonese, presidente do sindicato. Segundo o dirigente, a proximidade de polos usineiros não interfere nos preços. "Não é por estar perto da fonte produtora que os preços são mais baixos do que um local mais distante. Esse suprimento é sempre feito pela distribuidora e não via usina."

Margens

Também chama atenção, na pesquisa da ANP, a grande diferença das margens de lucro dos postos. Em Guarapuava (Centro-Sul), os 14 postos consultados na semana passada declararam pagar às distribuidoras uma média de R$ 1,10 por litro de álcool; o preço de venda ao consumidor final, por sua vez, chegou à média de R$ 1,58. A margem média de lucro, portanto, era de R$ 0,48 por litro, ou 44%. Bem mais que as margens verificadas em 151 postos de Curitiba e quatro cidades da região metropolitana, que oscilam entre 13% e 19%. Mesmo em cidades vizinhas a diferença pode impressionar: o lucro médio em Londrina, de 32%, supera com folga o de Cambé (21%).

Em Ponta Grossa, uma das seis cidades onde os preços do álcool não caíram nas últimas quatro semanas – eles ficaram praticamente estáveis, com leve alta de 0,7% –, o que mais mudou foi justamente a margem de lucro dos postos, que, em meio à queda do valor cobrado pelas distribuidoras, subiu de 21% para 27% no período. De acordo com o vice-presidente regional do Sindicombustíveis, Djanuzi Fontini Reis, a manutenção dos preços se deve ao momento de incerteza que o setor vive.

"Estamos esperando o mercado se estabilizar para repassar o desconto. Como não estamos em regiões alcooleiras, a tendência é que os preços não oscilem com tanta rapidez", diz Reis. "Além do mais, sofremos com a sonegação de impostos por parte de alguns postos, que assim podem oferecer um preço muito mais baixo. E também existe a compra direta das usinas [proibida por lei] que alguns estabelecimentos praticam."

Litoral

Os preços cobrados nas praias estão entre os mais altos do estado. Em doze postos consultados ontem nos municípios de Guaratuba, Matinhos, Pontal do Paraná e Paranaguá, o preço do álcool oscila de R$ 1,58 a R$ 1,95 por litro e o da gasolina, de R$ 2,58 a R$ 2,85. Empresários do setor atribuem tais valores aos custos de frete e pedágio e também à redução das vendas fora da temporada. "Isso faz com que a gente precise aumentar o preço para compensar. Além disso, a distância do litoral em relação aos principais produtores é maior se comparada com Curitiba", diz o presidente da Associação Comercial e Industrial de Matinhos (Acima), Adalto Mendes Luders, que tem três postos na cidade.

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Colaboraram Fápio Luporini, Ismael de Freitas e Vanessa Prateano

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