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O secretário do Tesouro, Henry Paulson, anunciou medida que classificou de “condenável mas necessária”. | Hyungwon Kang/Reuters
O secretário do Tesouro, Henry Paulson, anunciou medida que classificou de “condenável mas necessária”.| Foto: Hyungwon Kang/Reuters

Nove bancos terão governo como sócio

Autoridades do governo dos Estados Unidos anunciaram que vão utilizar até US$ 250 bilhões do pacote de US$ 700 bilhões aprovado recentemente pelo Congresso para adquirir participação em nove grandes instituições financeiras, numa tentativa de dar novo fôlego ao setor bancário e combater a crise de restrição ao crédito. De acordo com o Wall Street Journal, os nove bancos que concordaram em participar do programa são: Goldman Sachs, Morgan Stanley, JP Morgan Chase, Bank of America, Merrill Lynch, Citigroup, Wells Fargo, Bank of New York Mellon e State Street. Os bancos têm até 14 de novembro para confirmar se de fato integrarão o plano. "O fato de o governo possuir uma participação em qualquer companhia privada dos EUA é condenável para a maior parte dos norte-americanos – inclusive para mim", afirmou o secretário do Tesouro do país, Henry Paulson. "Mas a alternativa de deixar as empresas e os consumidores sem acesso a financiamentos é totalmente inaceitável." De acordo com o Tesouro, as instituições financeiras que participarem do programa estarão sujeitas a regras que restringem as compensações oferecidas aos executivos enquanto o governo for proprietário de ações. As regras devem ser divulgadas posteriormente.

Durante um breve discurso no jardim da Casa Branca, o presidente George W. Bush afirmou que as novas medidas "não têm intenção de tomar o controle dos mercados livres, mas de preservá-los".

Agência Estado

O anúncio de que o governo dos Estados Unidos usará US$ 250 bilhões para comprar ações de instituições bancárias, somado ao socorro trilionário aos bancos anunciado na segunda-feira pelas nações européias, melhorou consideravelmente o clima no mercado financeiro neste início de semana. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que emendava 7 baixas consecutivas até a sexta-feira passada, terminou ontem o segundo pregão seguido de alta, fechando com avanço de 1,81%.

Para completar, o Banco Central voltou a atuar no mercado de câmbio ontem, o que ajudou a derrubar a cotação da moeda norte-americana. O dólar terminou o dia cotado a R$ 2,093 na venda, em decréscimo de 2,42%. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi negociado a R$ 2,220, em decréscimo de 3,05%. A taxa de risco-país teve queda de 14%, para os 443 pontos, numa forte sinalização de que o ambiente de negócios melhorou.

O BC entrou no mercado com dois leilões de venda de dólares, no mercado à vista (com queima de reservas) e no mercado futuro (leilão de "swap" cambial).

Na primeira operação, por volta do meio-dia, o BC aceitou ofertas por R$ 2,090 (taxa de corte). O BC não revela o montante de dólares negociados nos leilões de compra ou venda à vista. Anteontem, a autoridade monetária comunicou que já vendeu mais de US$ 3 bilhões das reservas para fornecer moeda para o mercado.

Já na segunda operação, realizada a partir das 12h45, o BC conseguiu colocar na íntegra o total de contratos oferecidos para os agentes financeiros: 2.060 contratos com vencimento para janeiro de 2009 e 23.150 contratos com vencimento para fevereiro de 2009.

Já a bolsa paulista conseguiu ontem se descolar de sua principal referência, a Bolsa de Nova Iorque, que terminou o dia em baixa de 0,82%.

Embora analistas e investidores tenham recebido com alívio as medidas de resgate financeiro, a economia real continua a preocupar, com a perspectiva de uma recessão nas economias centrais. Para profissionais de corretoras, a bolsa não saiu do "olho do furacão" e pode sofrer oscilações bruscas nos próximos dias.

As bolsas européias concluíram os negócios de ontem sem mostrar o mesmo "entusiasmo" visto pela manhã, quando os maiores mercados do continente avançaram mais de 5%. Em Londres, o índice FTSE subiu 3,22%; em Frankfurt, o índice Dax avançou 2,74%.

"O mercado ainda está muito volátil. Essas medidas [na Europa e nos EUA] ainda têm que ganhar maturidade para realmente fazer efeito sobre os negócios", comenta José Carlos Oliveira, operador da corretora Senso. "A percepção que nós temos por aqui é que ainda estamos no olho do furacão. Realmente, a tendência é que o mercado comece a se acalmar, mas em outubro ainda devemos ter muitas oscilações, para entrar em novembro e dezembro bem mais calmos", acrescenta.

"Aumentou a confiança dos investidores, mas a superação da crise só virá quando as medidas se concretizarem", reforça Alcides Leite, economista da Trevisan Escola de Negócios.

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