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O painel das Nações Unidas que avalia Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDLs) aprovou a inclusão de projetos de biocombustíveis líquidos, que incluiria o etanol, informou à Reuters o subsecretário-geral de Energia e Alta Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores, embaixador André Amado.

"...As Nações Uidas acabaram de aprovar uma metodologia de biocombustíveis líquidos como base para os MDL. Poderão ser utilizados projetos que incluem biocombustíveis líquidos para transporte, o que é nosso pulo do gato", disse o embaixador, acrescentando que esse seria mais um dos temas que o Brasil levará para a conferência do clima de Copenhague.

Os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo foram criados para permitir investimentos em projetos de energia em países em desenvolvimento que signifiquem reduções de emissões de carbono na comparação com sistemas tradicionais.

Essas reduções, posteriormente, são certificadas por um painel da ONU, o que permite que os investidores nesses projetos mais limpos de energia possam gerar créditos de carbono e vendê-los no mercado.

Usinas de açúcar e álcool no Brasil, por exemplo, até o momento geram créditos apenas com projetos sobre unidades de produção de energia elétrica com queima do bagaço. Projetos de transporte utilizando biocombustíveis não entravam no escopo dos MDLs.

Integrante do painel paralelo à Conferência de Clima da ONU, sobre biocombustíveis, Amado considera que a decisão fortalece a política do Brasil de tentar aumentar o número de produtores de etanol no mundo, para fortalecer o mercado para esse produto e viabilizar exportações brasileiras em larga escala.

"Foi a certificação da nossa política de etanol e com isso chegaremos mais fortes a Copenhague", afirma.

O Brasil vem tentando atrair países para produzir etanol e aumentar a segurança de potenciais consumidores. Segundo Amado, que assumiu o cargo no final do ano passado depois de três anos no Japão, onde defendia a entrada no etanol brasileiro, os consumidores precisam ter certeza de que não ficarão sem o produto.

"Quando conversava no Japão sobre isso recebia de volta a pergunta: vocês querem que a gente saia da dependência da refinaria para ficar dependente da Petrobras", deu como exemplo Amado, referindo-se aos planos da estatal brasileira de vender etanol em larga escala para aquele país.

Para formar um mercado sustentável, equipes do governo vem procurando países com potencial para produzir etanol de cana-de-açúcar desde 2007, tanto na América Central como mais recentemente na África.

"Partimos para o esquema de triangulação com os Estados Unidos e com a União Europeia, financiando estudos de viabilidade nesses países (América Central e África) que depois fazem estudos econômicos para implantar o projeto", explica.

Segundo o embaixador cada estudo de viabilidade custa de 350 mil a 400 mil dólares e até o momento apenas El Salvador, entre os sete países da América Central pesquisados, entrou com pedido no Banco Interamericano de Desenvolvimento para financiamento do plano econômico, o segundo passo do processo.

O Itamaraty está patrocinando um estudo de viabilidade no Senegal, um dos candidatos africanos junto com Guiné-Bissau a entrar nos planos de diversificação da produção de etanol no mundo.

Para Amado, os biocombustíveis líquidos como etanol e biodiesel são a melhor forma dos países emissores de gás carbônico cumprirem as metas que serão prometidas na reunião de Copenhague.

"A tendência está do nosso lado, o etanol é o (combustível) que tem mais argumentos a favor", afirma, reclamando da oposição que tem enfrentado dos "inimigos" do etanol.

"Temos sempre que demonstrar nesses países que etanol não toma o lugar do alimento, que não polui, que não morde perna de criancinha", brinca Amado, se dizendo otimista com a participação do Brasil em Copenhague.

"A grande preocupação dos países desenvolvidos é com o CO2, e nossos dados são muito objetivos...de 2004 a 2008 só o uso de carro flex fuel em São Paulo economizou 36 milhões de toneladas de CO2, isso equivale a 113 mil árvores. Não há comparação no mundo em termos econômicos, é o que vamos levar à Copenhague", informou.

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