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Empresários paranaenses estão aprendendo, na prática, a transformar potencial turístico em atividade econômica. E a lição não está nada fácil. Atentos às belezas regionais e ao acervo natural e cultural de suas regiões, muitos estão investindo em produtos e serviços para atrair público e gerar renda. Mas a falta de investidores para completar a cadeia torna a iniciativa uma ação heroica e, muitas vezes, até com prejuízos nos negócios.

"Esses empresários não temem a concorrência, ao contrário: acreditam que em suas áreas há espaço para mais atores e que isso é que vai fomentar o movimento e estimular a economia", explica Aldo Carvalho, consultor do Sebrae-PR e coordenador do plano estadual de turismo da entidade. Além da iniciativa privada, os investidores se ressentem da falta de parceria do poder público, que precisa prover infraestrutura para atrair mais empreendimentos no setor. "É o tripé que sustenta a atividade turística: atração, serviço e infraestrutura. A bela cachoeira no meio do nada, sem acesso e sem receptivo no local, continua sendo só uma bela cachoeira e não um destino turístico", exemplifica Carvalho.

Na região dos Campos Gerais, uma missão técnica capitaneada pelo Sebrae está avaliando oportunidades de negócios regionais no setor de turismo. Há pistas de que a articulação dos empresários pode gerar lucro e melhorar a rentabilidade das empresas que já estão instaladas na região. Em Ponta Grossa, por exemplo, o Núcleo de Turismo da entidade orienta empresários nas rodadas de negócio e no levantamento de segmentos que podem receber mais atenção tanto da iniciativa privada como do poder público.

Alternativa

Uma das formas para manter a permanência e a rotatividade dos visitantes regionais é a criação de produtos turísticos locais, com apelo cultural e histórico. Em Carambeí, o parque histórico montado em uma antiga fazenda leiteira mantém o acervo imobiliário e cultural dos imigrantes holandeses para visitação. "Mas temos dificuldades com hospedagem. Com poucos leitos aqui, temos que usar a rede da região. Ou atrair um investidor disposto a abrir um empreendimento que corresponda às características da cidade", explica Dick Carlos de Geus, presidente da Cooperativa Paranaense de Turismo, que reúne pequenos empresários da região.

Empresárias buscam envolvimento local

Cinco anos e R$ 400 mil em investimentos depois, a empresária Willemien Stijker quer companhia na atividade econômica que escolheu. Ela é dona da Pousada Oosterhuis, com dez quartos, em Castrolanda, nos Campos Gerais. Com casa cheia nos fins de semana, ela vê no turismo a chance de fomentar a economia local, pautada pela produção leiteira e agropecuária. "Se mais gente acreditasse nas parcerias, seria possível incrementar os nossos produtos, com visitas às fazendas leiteiras, cafés coloniais, restaurantes e até o cicloturismo", diz.

Willlemein acredita que, se a região receber mais investidores, novos produtos e serviços vão atrair mais clientela. "Temos demanda para absorver. Toda semana, a procura é três vezes maior do que a minha capacidade de hospedagem", conta. Caçula de sete irmãos, filha de pecuarista pioneiro, ela foi a única da família que apostou no turismo como profissão. Formou clientela participando de feiras especializadas e com divulgação pela internet. Mas seu maior marketing é o boca a boca. Hóspedes vêm de Minas Gerais e São Paulo para ficar na pousada, a 40 km do cânion do Guartelá e a 80 km de Vila Velha.

Evelyn Janzen Hamm tem tanta fé no potencial turístico da Colônia Witmarsum, a 50 km de Curitiba, onde montou a Pousada Campos Gerais, que assume prejuízos na locação dos quatro quartos aos fins de semana. A diária de R$ 225 não cobre o custo de R$ 255 de um quarto. Mas ela não desiste. "Procuro envolver outros produtores na atividade turística, com a criação de visitas nas propriedades, passeios de trator e compra de matéria-prima para nossa cozinha", diz.

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