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Após ser demitido, Luiz Carlos focou no negócio de festas infantis. | Antônio More/Gazeta do Povo
Após ser demitido, Luiz Carlos focou no negócio de festas infantis.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Quando Luiz Carlos da Silva começou a alugar brinquedos para festas infantis, há sete meses, não imaginava que a atividade se tornaria a sua principal fonte de renda. Até o início deste ano, ele trabalhava como motoboy em uma autopeças de Curitiba e, nos fins de semana, alugava cama elástica e piscina de bolinhas para complementar a renda.

Com a demissão em março, decidiu transformar o “bico” na sua principal fonte de receita. Pegou o dinheiro da rescisão, formalizou a empresa e comprou novos brinquedos para alugar. Também trocou um carro velho que tinha por uma caminhonete para conseguir entregar os produtos em Curitiba e região metropolitana.

Há menos de quatro meses no mercado, a Lugui-Lugui Festa e Alegria vem superando as expectativas. Em média, faz de seis a oito eventos por fim de semana.

Em meses mais movimentados, como junho, por causa das festas juninas, Luiz chegou a recusar encomendas por falta de equipamento. “Como o negócio está deslanchando, não pretendo voltar para o mercado de trabalho”, diz.

Luiz está entre as pessoas que puxam para cima os números de abertura de novas empresas. De acordo com a Serasa Experian, o país registrou 674.975 novas empresas nos primeiros quatro meses do ano, o maior número para o período desde 2010.

Segundo dados da Receita Federal, entre janeiro e maio deste ano, 429,8 mil pessoas se tornaram microempreendedores individuais (MEIs), volume 7,09% maior se comparado ao mesmo período do ano passado.

As causas

Os números, de acordo com os especialistas, são um reflexo do desemprego e da dificuldade em conseguir uma colocação no mercado formal. Esses fatores motivam o chamado empreendedorismo por necessidade, que é quando uma pessoa abre um negócio próprio para complementar renda ou porque perdeu o emprego.

Fique atento para não errar

Ao empreender, é importante tomar alguns cuidados. Veja os principais erros cometidos, segundo o Sebrae:

- Endividar-se excessivamente para abrir o negócio;

- Imobilização de capital, quando o aluguel era a melhor opção;

- Não fazer análise de viabilidade do modelo de negócio;

- Desconhecer restrições legais para produção ou comercialização de um produto;

- Desconhecer o público-alvo;

- Misturar despesas pessoais com as da empresa.

“Já no ano passado a pesquisa do GEM [Global Entrepreneurship Monitor] mostrou uma tendência do crescimento do empreendedorismo por necessidade”, diz César Rissete, consultor do Sebrae-PR. “A pessoa acaba tirando do papel uma ideia de negócio que ela já tinha.”

O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo, Claudio Felisoni de Angelo, avalia que a abertura de empresas por causa da crise não é um número a se comemorar. “Em princípio, quando se vê o crescimento do número de pessoas que pretendem empreender poderia sugerir algo positivo. Mas, na verdade, o que esses números estão mostrando é uma realidade mais perversa da recessão que estamos vivendo.”

Abrir um novo negócio requer planejamento

O número recorde de novas empresas, puxado principalmente pelo desemprego e queda na renda, reacende o alerta sobre a necessidade de planejamento para o negócio dar certo. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) aponta que 26,2% das micro e pequenas empresas fecham antes de completar dois anos. Entre os motivos está a falta de conhecimento do mercado e das regras para manutenção do empreendimento.

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Para fazer a empresa dar certo, a principal dica é planejamento. O consultor do Sebrae-PR César Rissete afirma que, mesmo que a pessoa opte por não fazer um plano de negócios formal, ela deve colocar no papel os principais aspectos da sua ideia. “Quais são as estimativas de custo do negócio ao longo de um ano? Quem são os meus clientes? Qual será o meu produto ou serviço? Vou atuar em casa ou alugar uma loja?”, orienta.

Outra dica é não investir todo o dinheiro que possui ou buscar linhas de financiamento com juros altos para abrir a empresa. “Em um primeiro momento, eu não vou ter muitos clientes. Isso faz com que eu precise de dinheiro para manter o negócio nos primeiros meses”, diz Rissete.

Para ele, a fórmula do sucesso está em conciliar conhecimento técnico com o de gestão. “Dominar o conhecimento técnico é importante quando o empreendedor é quem toca o negócio. Já sobre gestão é preciso ter, pelo menos, conhecimento dos principais conceitos”, diz o consultor do Sebrae-PR.

O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Claudio Felisoni de Angelo, orienta o empreendedor a apostar em um nível de atendimento diferenciado, principalmente se for atuar em setores como de comércio e serviços, que possuem muita concorrência. “E atenção ao processo, fazendo mais com menos”, conclui.

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